Paulo Coelho - Veronika decide morrer

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Odiava tudo. A biblioteca com seu monte de livros cheios de explicações sobre a vida, o colégio onde fora obrigada a gastar noites inteiras aprendendo álgebra, embora não conhecesse nenhuma pessoa — exceto os professores e matemáticos — que precisassem de álgebra para serem mais felizes. Por que lhe tinham feito estudar tanto álgebra, ou geometria, ou aquela montanha de coisas absolutamente inúteis?

Veronika empurrou a porta da sala de estar, chegou diante do piano, abriu sua tampa, e — com toda a força — bateu com as mãos no teclado. Um acorde louco, sem nexo, irritante, ecoando pelo ambiente vazio, batendo nas paredes, voltando aos seus ouvidos sob a forma de um ruido agudo, que parecia arranhar sua alma. Mas isso era o melhor retrato de sua alma naquele momento.

Tornou a bater com as mãos, e mais uma vez as notas dissonantes reverberaram por toda parte.

«Sou louca. Posso fazer isso. Posso odiar, e posso espancar o piano. Desde quando os doentes mentais sabem colocar as notas em ordem?»

Bateu no piano uma, duas, dez, vinte vezes — e a cada vez que fazia isso, seu ódio parecia diminuir, até que passou por completo .

Então, novamente, uma profunda paz inundou-a, e Veronika tornou a olhar o céu estelado, com a lua em quarto crescente — sua favorita — enchendo de luz suave o lugar onde se encontrava. Veio de novo a sensação de que Infinito e Eternidade andavam de mãos dadas, e bastava contemplar um deles — como o Universo sem limites para notar a presença do outro, o Tempo que não termina nunca, que não passa, que permanece no Presente, onde estão todos os segredos da vida. Entre a enfermaria e a sala ela fora capaz de odiar, tão forte e tão intensamente, que não lhe sobrara nenhum rancor no coração. Deixara que seus sentimentos negativos, represados durante anos em sua alma, viessem finalmente a tona. Ela os tinha sentido, e agora não eram mais necessários — podiam partir.

Ficou em silêncio, vivendo seu momento Presente, deixando que o amor ocupasse o espaço vazio que o ódio deixara. Quando sentiu que chegara o momento, virou-se para a lua e tocou uma sonata em sua homenagem — sabendo que ela a escutava, ficava orgulhosa, e isto provocava ciúmes nas estrelas. Tocou então uma música para as estrelas, outra para o jardim, e uma terceira para as montanhas que não podia ver de noite, mas sabia que estavam lá.

No meio da música para o jardim, outro louco apareceu -Eduard, um esquizofrênico que estava além da possibilidade de cura. Ela não se assustou com sua presença: ao contrário, sorriu, e para sua surpresa ele sorriu de volta.

Também no seu mundo distante, mais distante do que a lua, a música era capaz de penetrar e fazer milagres.

«Tenho que comprar um novo chaveiro»pensava o Dr. Igor, enquanto abria a porta do seu pequeno consultório no Sanatório de Villete. O antigo estava caindo aos pedaços, e o pequeno escudo de metal que o enfeitava acabara de cair no chão.

Dr. Igor abaixou-se e pegou-o. O que iria fazer com este escudo, mostrando o brasão de Lubljana? Melhor jogar fora. Mas podia mandar conserta-lo, pedindo que refizessem uma nova alça de couro — ou podia da-lo a seu neto, para brincar. Ambas as alternativas lhe pareceram absurdas; um chaveiro custava muito barato, e seu neto ano tinha o menor interesse em escudos -passava o tempo todo vendo televisão, ou divertindo-se com jogos eletrônicos importados da Itália. Mesmo assim, não jogou fora; colocou-o no bolso, para decidir mais tarde o que fazer com ele.

Por isso era um diretor de sanatório, e não um doente; porque refletia muito antes de tomar qualquer atitude.

Acendeu a luz — amanhecia cada vez mais tarde, a medida que avançava o inverno. A ausência de luz, , assim como as mudanças de casa ou os divórcios, eram os principais responsáveis pelo aumento do número de casos de depressão. Dr. Igor torcia para que a primavera chegasse logo, e resolvesse metade dos seus problemas.

Olhou a agenda do dia. Precisava estudar algumas medidas para não deixar que Eduard morresse de fome; sua esquizofrenia fazia com que fosse imprevisível, e agora ele deixara de comer por completo. Dr. Igor já receitara alimentação intravenosa, mas não podia manter aquilo para sempre; Eduard tinha 28 anos, era forte, e mesmo com o soro ia terminar definhando, ficando com aspecto esquelético.

Qual seria a reação do pai de Eduard, um dos mais conhecidos embaixadores da jovem republica eslovena, um dos artífices das delicadas negociações com a Yugoslavia, no começo dos anos 90? Afinal, este homem havia conseguido trabalhar durante anos para Belgrado, sobrevivera aos seus detratores — que o acusavam de haver servido ao inimigo — e continuava no corpo diplomático, só que desta vez representando um pais diferente. Era um homem poderoso e influente, temido por todos.

Dr. Igor se preocupou um instante — como antes se preocupara com o escudo do chaveiro — mas logo afastou o pensamento da cabeça: para o Embaixador, tanto fazia que seu filho tivesse uma boa ou má aparência; não pretendia leva-lo a festas oficiais, ou fazer com que o acompanhasse pelos lugares do mundo

onde era designado como representante do Governo. Eduard, estava em Villete — e ali continuaria para sempre, ou pelo tempo que o pai continuasse ganhando aqueles salários enormes.

Dr. Igor decidiu que retiraria a alimentação intravenosa, e deixaria Eduard definhar mais um pouco, até que tivesse, por ele mesmo, vontade de comer. Se a situação piorasse, faria um relatório e passaria a responsabilidade ao conselho de médicos que administrava Villete. «Se você não quiser entrar em apuros, sempre divida a responsabilidade», lhe ensinara seu pai, também ele um médico que tivera varias mortes em suas mãos, mas nenhum problema com as autoridades.

Uma vez receitada a interrupção do medicamento de

Eduard, Dr. Igor passou para o próximo caso: o relatório dizia que a paciente Zedka Mendel já terminara seu periodo de tratamento, e podia receber alta. Dr. Igor queria conferir com seus próprios olhos: afinal, nada pior para um médico que receber reclamações da familia dos doentes que passavam por Villete. E isso quase sempre acontecia — depois de um periodo num hospital para doentes mentais, raramente um paciente conseguia adaptar-se novamente à vida normal.

Não era culpa do sanatório. Nem de nenhum de todos os sanatórios espalhados — só o bom Deus sabia — pelos quatro cantos do mundo, onde o problema de readaptação dos internos era exatamente igual. Assim como a prisão nunca corrigia o preso -apenas o ensinava a cometer mais crimes, os sanatórios faziam com que os doentes se acostumassem com um mundo totalmente irreal, onde tudo era permitido, e ninguém precisava ter responsabilidade por seus atos.

De modo que só restava uma saida: descobrir a cura para a Insanidade. E o Dr. Igor estava empenhado nisso até a raiz dos cabelos,, desenvolvendo uma tese que iria revolucionar o meio psiquiátrico. Nos asilos, os doentes provisórios em convivência com pacientes irrecuperáveis iniciavam um processo de degeneração social, e uma vez que era impossível deter esta roda. A tal Zedka Mendel terminaria voltando ao hospital — desta vez por vontade própria, queixando-se de males inexistentes, só para estar perto de pessoas que pareciam compreende-la melhor que o mundo lá fora.

Se ele descobrisse, porém, como combater o Vitriolo -para o Dr. Igor, o veneno responsável pela loucura — seu nome entraria para a História, e a Eslovenia seria definitivamente colocada no mapa. Naquela semana, uma chance caida dos céus aparecera, sob a forma de uma suicida potencial; ele não estava disposto a desperdiçar esta oportunidade por nenhum dinheiro do mundo.

Dr. Igor ficou contente. Embora, por razões económicas, ainda fosse obrigado a aceitar tratamentos que há muito tinham sido condenados pela medicina — como o choque de insulina -também, por razões económicas, Villete estava inovando o tratamento psiquiátrico. Além de possuir tempo e elementos para a pesquisa do Vitriolo, ele ainda contava com o apoio dos donos para manter no asilo o grupo chamado de «a fraternidade». Os acionistas da instituição tinham permitido que fosse tolerada — note bem, não encorajada, mas tolerada — uma internação maior do que o tempo necessário. Eles argumentavam que, por razões humanitárias, devia-se dar ao recem-curado a opção de decidir qual o melhor momento de reintegrar-se ao mundo, e isso permitira que um grupo de pessoas resolvesse permanecer em Villete, como em um hotel seletivo , ou um clube onde se reúnem aqueles que tem algumas afinidades em comum. Assim, o Dr. Igor conseguia manter loucos e sãos no mesmo ambiente, fazendo com que os últimos influenciassem positivamente os primeiros. Para evitar que as coisas degenerassem — e os loucos terminassem contagiando negativamente os que tinham sido curados, todo membro da Fraternidade devia sair do sanatório pelo menos uma vez por dia.

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