José Eça de Queirós - A Relíquia
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Mas a tarde descia — e devíamos fazer a nossa visita reverente ao sepulcro do nosso Deus. Corri ao quarto, a ornar-me com o meu chapéu alto, como prometera à Titi; e penetrava no corredor quando vi Cibele abrir a porta, junto da nossa porta, e sair envolta numa capa cinzenta, com uma gorra onde alvejavam duas penas de gaivota. O coração bateu-me no delírio de uma grande esperança. Assim, era ela que cantarolava a Balada do rei de Tule! Assim, os nossos leitos estavam apenas separados pelo fino, frágil tabique coberto de ramarias azuis! Nem procurei as luvas pretas; desci num alvoroço, certo de que a ia encontrar no sepulcro de Jesus; e planeava já verrumar no tabique um buraco, por onde o meu olho namorado pudesse ir saciar-se nas belezas do seu desalinho.
Ainda chovia, lugubremente. Apenas começamos a atolar-nos no enxurro da Via-Dolorosa, entalada entre muros cor de lodo — chamei Pote para debaixo do meu guarda-chuva, perguntei-lhe se vira no hotel a minha forte e sardenta Cibele. O jucundo Pote já a admirara. E pelo Ibraim, seu compadre dileto, sabia que o barbaças era um escocês, negociante de curtumes...
— Aí está, Topsius! — gritei eu. — Negociante de curtumes... Qual duque! E uma besta! Eu rachava-o! Em cousas de dignidade sou uma fera. Rachava-o!
A filha, a das bastas tranças, dizia Pote, tinha um nome radiante de pedra preciosa: chamava-se Ruby, rubim. Amava os cavalos, era arrojada; na alta Galiléia, de onde vinham, matara uma águia negra...
— Ora aqui têm os cavalheiros a casa de Pilatos...
— Deixa lá a casa de Pilatos, homem! Importa-me bem com Pilatos! E então que diz mais o Ibraim? Desembucha, Pote!
Ali a Via-Dolorosa estreitava-se, abobadada, como um corredor de catacumba. Dous mendigos chaguentos roíam cascas de melões, assapados na lama e grunhindo. Um cão uivava. E o risonho Pote contava-me que o Ibraim vira muitas vezes Miss Ruby enlevada na beleza dos homens da Síria: de noite, à porta da tenda, em quanto o papá cervejava, ela dizia versos baixinho, olhando para a palpitação das estrelas. Eu pensava: «Caramba! Tenho mulher!»
— Ora aqui estão os cavalheiros diante do Santo Sepulcro...
Fechei o meu guarda-chuva. Ao fundo de um adro, de lajes descoladas, erguia-se a fachada de uma igreja, caduca, triste, abatida, com duas portas em arco; uma tapada já a pedregulho e cal, como supérflua; a outra timidamente, medrosamente entreaberta. E aos flancos débeis deste templo soturno, manchado de tons de ruína, colavam-se duas construções desmanteladas, do rito latino e do rito grego — como filhas apavoradas que a morte alcançou, e que se refugiam ao seio da mãe, meio morta também e já fria.
Calcei então as minhas luvas pretas. E imediatamente, um bando voraz de homens sórdidos envolveu-nos com alarido, oferecendo relíquias, rosários, cruzes, escapulários, bocadinhos de tábuas aplainadas por São José, medalhas, bentinhos, frasquinhos de água do Jordão, círios, agnus-dei, litografias da Paixão, flores de papel feitas em Nazaré, pedras benzidas, caroços de azeitona do Monte Olivete, e túnicas «como usava a Virgem Maria!» E à porta do sepulcro de Cristo, onde a Titi me recomendara que entrasse de rastos, gemendo e rezando a coroa — tive de esmurrar um malandrão de barbas de eremita, que se dependurara da minha rabona, faminto, rábido, ganindo que lhe comprássemos boquilhas feitas de um pedaço da arca de Noé!
— Irra, caramba, larga-me, animal!
E foi assim, praguejando, que me precipitei, com o guarda-chuva a pingar, dentro do santuário sublime onde a cristandade guarda o túmulo do seu Cristo. Mas logo estaquei, surpreendido, sentindo um delicioso e grato aroma de tabaco da Síria. Num amplo estrado, afofado em divã, com tapetes da Caramânia e velhas almofadas de seda, reclinavam-se três turcos, barbudos e graves, fumando longos cachimbos de cerejeira. Tinham dependurado na parede as suas armas. O chão estava negro dos seus escarros. E, diante, um servo em farrapos esperava, com uma taça fumegante de café, na palma de cada mão.
Pensei que o catolicismo, previdente, estabelecera à porta do lugar divino uma Loja de bebidas e aguardentes, para conforto dos seus romeiros. Disse baixo a Pote:
— Grande idéia! Parece-me que também vou tomar um cafezinho!
Mas logo o festivo Pote me explicou que esses homens sérios, de cachimbo, eram soldados muçulmanos policiando os altares cristãos, para impedir que em torno ao mausoléu de Jesus se dilacerem, por superstição, por fanatismo, por inveja de alfaias, os sacerdócios rivais que ali celebram os seus ritos rivais — católicos como o Padre Pinheiro; gregos ortodoxos para quem a cruz tem quatro braços; abissínios e armênios, coptas que descendem dos que outrora em Mênfis adoravam o boi Àpis; nestorianos que vêm da Caldéia; georgianos que vêm do Mar Cáspio; maronitas que vêm do Líbano, todos cristãos, todos intolerantes, todos ferozes!... Então saudei com gratidão esses soldados de Maomé que, para manter o recolhimento piedoso em torno do Cristo morto, serenos e armados velam à porta, fumando.
Logo à entrada paramos diante de uma lápide quadrada, incrustada nas lajes escuras, tão polida e reluzindo com um tão doce brilho de nácar, que parecia a água quieta de um tanque, onde se refletiam as luzes das lâmpadas. Pote puxou-me a manga, lembrou-me que era costume beijar aquele pedaço de rocha, santa entre todas, que outrora, no jardim de José de Arimatéia...
— Bem sei, bem sei... Beijo, Topsius?
— Vá beijando sempre — disse-me o prudente historiógrafo dos Herodes. — Não se lhe pega nada; e agrada à senhora sua tia.
Não beijei. Em fila e calados, penetramos numa vasta cúpula, tão esfumada no crepúsculo que o círculo de frestas redondas na cimalha brilhava apenas palidamente, como um aro de pérolas em torno de uma tiara; as colunas que a sustentavam, finas e juntas como as lanças de uma grade, riscavam a sombra em redor — cada uma picada pela mancha vermelha e mortal de uma lâmpada de bronze. Ao centro do lajedo sonoro elevava-se, espelhado e branco, um mausoléu de mármore — com lavores e com florões; um velho pano de damasco cobria-o como um toldo, recamado de bordados de ouro esvaído; e duas alas de tocheiros faziam-lhe uma avenida de lumes funerários até à porta, estreita como uma fenda, tapada por um traço cor de sangue. Um padre armênio, que desaparecia sob o seu amplo manto negro, sob o capuz descido, incensava-o, dormente e mudamente.
Pote puxou-me outra vez pela manga:
— O túmulo!
Oh minha alma piedosa! Oh Titi! Aí estava pois, ao alcance dos meus lábios, o túmulo do meu Senhor! — E imediatamente rompi como um rafeiro, por entre a turba ruidosa de frades e peregrinos, a buscar um rosto gordinho e sardento e uma gorra com penas de gaivota! Longamente, errei estonteado... Ora esbarrava num franciscano cingido na sua corda de esparto; ora me arredava diante de um padre copta, deslizando como uma sombra tênue, precedido por serventes que tangiam as pandeiretas sagradas do tempo de Osíris. Aqui topava num montão de roupagens brancas, caído nas lajes como um fardo, de onde se escapavam gemidos de contrição; adiante tropeçava num negro, todo nu, estirado ao pé de uma coluna, dormindo placidamente. Por vezes o clamor sacro de um órgão ressoava, rolava pelos mármores da nave, morria com um sussurro de vaga espraiada; e logo mais longe um canto armênio, trêmulo e ansioso, batia os muros austeros como a palpitação das asas de uma ave presa que quer fugir para a luz. Junto de um altar apartei dous gordos sacristães, um grego, outro latino, que se tratavam furiosamente de birbantes, esbraseados, cheirando a cebola; e fui de encontro a um bando de romeiros russos de grenhas hirsutas, vindos decerto do Cáspio, com os pés doloridos embrulhados em trapos, que não ousavam mover-se, enleados de terror divino, torcendo o barrete de feltro entre as mãos, de onde lhes pendiam grossos rosários de vidro. Crianças, em farrapos, brincavam na escuridão das arcarias; outras pediam esmola. O aroma do incenso sufocava; e padres de cultos rivais puxavam-me pela rabona para me mostrarem relíquias, rivais, heróicas ou divinas — uns as esporas de Godofredo, outros um pedaço de cana verde.
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