with natural silence, too busy plucking
and loving to accommodate the ambiguous
cloud that dissipates in that object
still hazier than a cloud and more
taboo: the body! the body, the body,
the ultimate truth, that unruly thirst,
and in my bed the wild horse bucks,
thumping the chest of a man in love.
E como ficou chato ser moderno.
Agora serei eterno.
Eterno! Eterno!
O Padre Eterno,
a vida eterna,
o fogo eterno.
( Le silence éternel de ces espaces infinis m’effraie. )
— O que é eterno, Yayá Lindinha?
— Ingrato! é o amor que te tenho.
Eternalidade eternite eternaltivamente
eternuávamos
eternissíssimo
A cada instante se criam novas categorias do eterno.
Eterna é a flor que se fana
se soube florir
é o menino recém-nascido
antes que lhe deem nome
e lhe comuniquem o sentimento do efêmero
é o gesto de enlaçar e beijar
na visita do amor às almas
eterno é tudo aquilo que vive uma fração de segundo
mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força o resgata
é minha mãe em mim que a estou pensando
de tanto que a perdi de não pensá-la
é o que se pensa em nós se estamos loucos
é tudo que passou, porque passou
é tudo que não passa, pois não houve
eternas as palavras, eternos os pensamentos; e passageiras as obras.
Eterno, mas até quando? é esse marulho em nós de um mar profundo.
Naufragamos sem praia; e na solidão dos botos afundamos.
É tentação e vertigem; e também a pirueta dos ébrios.
Eternos! Eternos, miseravelmente.
O relógio no pulso é nosso confidente.
Mas não quero ser senão eterno.
Que os séculos apodreçam e não reste mais do que uma essência
ou nem isso.
E que eu desapareça mas fique este chão varrido onde pousou uma sombra
e que não fique o chão nem fique a sombra
mas que a precisão urgente de ser eterno boie como uma esponja no caos
e entre oceanos de nada
gere um ritmo.
And how boring, after all, it is to be modern.
Now I’ll be eternal.
Eternal! Eternal!
The Eternal Father,
eternal life,
eternal fire.
The eternal silence of these infinite spaces frightens me.
(Pascal)
“But what’s eternal, Yayá Lindinha?”
“My love for you, that’s what. Ingrate!”
(Machado de Assis)
Eternality eternalitis eternalemic
eternalate
eternalific
New forms of the eternal are forever popping up.
Eternal is the flower that withers
if it managed to bloom
it’s the newborn boy
before he’s given a name
and a sense of the ephemeral
it’s the act of embracing and kissing
when love visits two souls
eternal is whatever lives for a split second
but so intensely it crystallizes and no force can dissolve it
it’s my mother I’m thinking of at this moment
for having so lost her by not thinking of her
it’s what thinks in us if we’re insane
it’s all that happened, because it happened
it’s all that doesn’t happen, because it never existed
eternal is the word, eternal the thought. Works are transitory.
Eternal, but till when? It’s that surge in us from a deep sea.
We shipwreck without a beach, and in the solitude of dolphins we drown.
It’s temptation and vertigo, and it’s also the drunk’s pirouette.
We’re eternal! Miserably eternal.
Our wristwatch is our confidant.
But I only want to be eternal.
Let the centuries rot and leave nothing but an essence
or not even that.
And let me vanish too, but not this swept floor where a shadow rested,
and away with the floor away with the shadow
I ask only that the urgent need to be eternal bob like a sponge in the chaos,
creating a rhythm
between oceans of nothing.
É sempre no passado aquele orgasmo,
é sempre no presente aquele duplo,
é sempre no futuro aquele pânico.
É sempre no meu peito aquela garra.
É sempre no meu tédio aquele aceno.
É sempre no meu sono aquela guerra.
É sempre no meu trato o amplo distrato.
Sempre na minha firma a antiga fúria.
Sempre no mesmo engano outro retrato.
É sempre nos meus pulos o limite.
É sempre nos meus lábios a estampilha.
É sempre no meu não aquele trauma.
Sempre no meu amor a noite rompe.
Sempre dentro de mim meu inimigo.
E sempre no meu sempre a mesma ausência.
It’s always in the past, that orgasm.
Always in the present, that double.
Always in the future, that panic.
Always in my chest digs that claw.
Always in my boredom waves that hand.
Always in my sleep there’s war.
Always in my dealings, no deal at all.
Always in my signature, that old fury.
Always the same error, with a new likeness.
Always in my leaps there’s that limit.
Always on my lips, a wax seal.
Always in my no, that trauma.
Always in my love, sudden night.
Always in myself, my enemy.
And always in my always, the same absence.
Ganhei (perdi) meu dia.
E baixa a coisa fria
também chamada noite, e o frio ao frio
em bruma se entrelaça, num suspiro.
E me pergunto e me respiro
na fuga deste dia que era mil
para mim que esperava
os grandes sóis violentos, me sentia
tão rico deste dia
e lá se foi secreto, ao serro frio.
Perdi minha alma à flor do dia ou já perdera
bem antes sua vaga pedraria?
Mas quando me perdi, se estou perdido
antes de haver nascido
e me nasci votado à perda
de frutos que não tenho nem colhia?
Gastei meu dia. Nele me perdi.
De tantas perdas uma clara via
por certo se abriria
de mim a mim, estela fria.
As árvores lá fora se meditam.
O inverno é quente em mim, que o estou berçando,
e em mim vai derretendo
este torrão de sal que está chorando.
Ah, chega de lamento e versos ditos
ao ouvido de alguém sem rosto e sem justiça,
ao ouvido do muro,
ao liso ouvido gotejante
de uma piscina que não sabe o tempo, e fia
seu tapete de água, distraída.
E vou me recolher
ao cofre de fantasmas, que a notícia
de perdidos lá não chegue nem açule
os olhos policiais do amor-vigia.
Não me procurem que me perdi eu mesmo
como os homens se matam, e as enguias
à loca se recolhem, na água fria.
Dia,
espelho de projeto não vivido,
e contudo viver era tão flamas
na promessa dos deuses; e é tão ríspido
em meio aos oratórios já vazios
em que a alma barroca tenta confortar-se
mas só vislumbra o frio noutro frio.
Meu Deus, essência estranha
ao vaso que me sinto, ou forma vã,
pois que, eu essência, não habito
vossa arquitetura imerecida;
meu Deus e meu conflito,
nem vos dou conta de mim nem desafio
as garras inefáveis: eis que assisto
a meu desmonte palmo a palmo e não me aflijo
de me tornar planície em que já pisam
servos e bois e militares em serviço
da sombra, e uma criança
que o tempo novo me anuncia e nega.
Terra a que me inclino sob o frio
de minha testa que se alonga,
e sinto mais presente quanto aspiro
em ti o fumo antigo dos parentes,
minha terra, me tens; e teu cativo
Читать дальше