Júlio Dinis - A Morgadinha dos Cannaviaes

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Redobrou por isso a solicitude no aprender; desenvolveu-se mais e mais a intelligencia, quasi espontaneamente, pois justo é confessar que bem rudes eram os cuidados de cultura que o velho magister lhe sabia dar. Mas quem ignora os surprehendentes effeitos que da intelligencia e do estudo, da aptidão e da vontade, podem resultar? Dotem um homem d'essas duas faculdades poderosas e neguem-lhe embora os meios de progresso, elle caminhará, inventando-os primeiro, se tanto lhe fôr preciso.

E depois, é um grande alento aos espiritos superiores a consciencia de uma nobre missão a cumprir. Não ha fadigas que tal estimulo não vença; abnegação, que não inspire.

A Augusto era-lhe incitamento a ideia de que sua mãe precisava d'elle.

Quando ainda aos seus treze annos fôsse já bem conhecida a grandeza dos sacrificios que lhe exigiam, não hesitaria talvez, instigado por aquella aspiração; quanto mais que ainda mais lhe tinham animado os sonhos, as doces imagens, tão gratas ao coração do adolescente, e a que teria de renunciar.

Suspirava por o dia do seu primeiro exame, o qual, graças aos esforços empregados, não se fez esperar muito.

Quando se approximava a occasião, o pae de Magdalena mandou vir Augusto para Lisboa e hospedou-o em sua casa até que chegou o dia.

Não confiando demasiadamente no ensino publico da aldeia, o conselheiro quiz que o seu pequeno hospede recebesse algumas lições de um professor da cidade, e d'este obteve as melhores informações da intelligencia do rapaz, que só por milagre d'ella conseguira sair muito pouco eivado dos vicios do ensino de campo.

Augusto demorou-se algumas semanas em casa do conselheiro. A final fez o exame, no qual foi felicissimo, obtendo n'elle as mais distinctas qualificações.

Imagine-se o effeito que a noticia produziu na aldeia. Exaggerando-se, dizia-se por lá que em toda Lisboa corria a fama do rapaz, e houve até quem não hesitasse em affirmar que a creança confundira os mestres, que fôra uma maravilha.

O mestre-escola reclamou para si a gloria do acontecimento, fundando-se em que, através do discipulo, resplandecia a sciencia do mestre.

Os invejosos disputavam-lhe porém tão inquestionavel gloria e riam-se d'elle.

A pobre mãe, essa, levou todo o dia a chorar de prazer e a render graças á Virgem, a quem tanto encommendára o filho.

Voltou Augusto á terra.

Era o rapaz o assumpto de todas as conversas: olhavam-o como um prodigio. Todos o queriam vêr, como se até alli o não tivessem visto bem, e de feito todos o foram vêr; nem o abbade, nem o administrador, nem o presidente da camara faltaram. Foi tudo. Pois bem, de tantos que o viram, não houve um só que não notasse que o pequeno vinha triste.

Ninguem contestava o facto: que elle como que saltava aos olhos; as interpretações é que variavam.

– Aquillo é dos ares de Lisboa; a quem não está costumado… dizia um.

– São canceiras de estudos – aventava outro. – Ha lá coisa que puxe mais por uma pessoa do que o estudo!

– Não que vocês cuidam! Um exame sempre abala a gente cá por dentro – dizia um doutor, que levára dez annos a vencer um curso de cinco.

Fôsse pelo que fôsse, Augusto trouxera de Lisboa uma melancolia, que os ares da sua terra não dissiparam e que augmentava sempre que lhe falavam no futuro e no legado da morgada.

Quem mais a estudou, e sentiu aquella subita melancolia, foi, como era de suppôr, a receiosa mãe. Deus sabe que noites mal dormidas, que sustos e que intimos terrores ella lhe causou! Perguntas, supplicas, arguições, lagrimas, promessas, nada tiravam de Augusto, que teimava em responder que nada tinha que o affligisse, que era a illusão de quem o via a tristeza que lhe suppunham, e, para confirmar o que dizia ria; mas era mais triste aquelle riso, do que o pranto, em que se desafogasse.

Para breve estava a entrada de Augusto no collegio de Lisboa, onde, á custa do legado da defuncta proprietaria dos Cannaviaes, devia continuar nos seus estudos, quando o rapaz pediu para ficar algum tempo na aldeia. Não se pôde atinar com os motivos d'este pedido. Indolencia não era; pois no entretanto começou a estudar os rudimentos do latim com o illustre professor, que o leitor conhece já, mestre Bento Pertunhas.

A saude vacillante da mãe de Augusto declinou n'esse inverno; o que veio dar outro motivo á demora do filho.

Dias e dias passou o pobre rapaz sentado á cabeceira do leito dividindo os seus cuidados entre o estudo e os carinhos pela estremecida enferma. Dois annos se passaram d'esta vida, e quando, ao fim d'elles, Augusto abandonou aquelle leito, foi depondo um beijo nas faces geladas de um cadaver.

Era orphão.

A vaga sombra de melancolia, que já lhe toldava o rosto, condensou-se-lhe mais então. Era quasi um negrume de tristeza.

Por esse tempo, veio o conselheiro trazer Magdalena para a aldeia, pois receiava pela saude d'ella se persistisse em Lisboa.

O conselheiro propunha-se levar comsigo Augusto, quando voltasse a Lisboa. Uma manhã, porém, este, de pouco mais de quinze annos, procurou-o e disse-lhe com uma gravidade, que revelava uma tenção meditada e irrevogavel:

– Venho prevenir v. ex.a de que desisto do legado da sr.a morgada. Não quero ordenar-me.

O conselheiro fitou-o, estupefacto.

– Não queres ordenar-te! Por quê?..

– Já não tenho mãe a quem amparar. Por ella forçaria a minha vocação sem remorsos; por interesse proprio não o posso fazer; parece-me um sacrilegio.

O conselheiro era um homem muito do seculo. O seu trato social, a frequencia dos circulos politicos e elegantes, haviam-lhe dado todas as boas e más qualidades, que caracterisam aquella classe de homens, e sabe-se que a candura de sentimentos não entra no numero das mais habituaes d'essas qualidades. Tinha uma razão clara, mas fria; se abraçava uma boa causa, não o fazia cedendo ao enthusiasmo, mas sómente depois de ponderar fleugmaticamente os fundamentos em que ella se baseava; assim era que, em politica, se costumára a contemporisar, espaçando a adopção de qualquer medida, inquestionavelmente boa, para tempos em que fôsse mais conveniente; não se apaixonava por utopias, desconfiava d'ellas; havia muito tempo que desviára dos olhos o prisma encantado, através do qual olham o mundo os poetas e todos os mais sonhadores; costumára-se a marcar por modelo nas differentes carreiras da vida, não um typo ideal dotado de todas as virtudes, limpo de todos os defeitos e vicios; assentára a menor altura o alvo: parecia-lhe que bom fito eram já os individuos que tinham conseguido maior consideração na sua classe; as maculas que elles tivessem, eram, por esse facto, maculas auctorisadas. O pensar de outro modo era pensar de romance; agradavel para entreter, porém mau nas applicações ás coisas da vida. N'uma palavra, o conselheiro era um homem de bem, mas na esphera mundana; não um d'aquelles typos de pureza crystallina, através da qual parece passarem sem desvio os raios da luz celeste, mas já um tanto embaciado do bafo social, que não o fazia ainda totalmente opaco.

Por isso sorriu á declaração de Augusto. A carreira ecclesiastica não lhe parecia tão escabrosa como o futuro sacerdote a fazia; nem tão dura a lei, como em theoria se mostrava. O conselheiro não pensava necessario tomar ao pé da lettra certos deveres impostos; o mundo seria, como elle, tolerante em naturaes infracções; por tudo isso se riu. Fez a Augusto uma longa dissertação sobre as vantagens da vida ecclesiastica, sobre os muitos interesses que lhe promettia, e a leviandade com que elle queria renunciar a uma carreira segura movido pelas instigações de um espirito timorato ou de uma visão phantastica.

Augusto insistiu. Sem córar perante o sorriso sceptico do conselheiro, declarou que não abraçaria a vida ecclesiastica sem que se sentisse com a coragem precisa para cumprir todos os deveres que ella lhe impunha; que era precisa uma grande abnegação, e que elle, depois da morte de sua mãe, não tinha a certeza de a conseguir. Nos interesses não pensava, e se pensasse, seria isso a primeira prova de não estar preparado para a missão de que se queria encarregar.

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