José Eça de Queirós - A Relíquia

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— Basta! — rosnei eu, seco e carrancudo.

Dei-lhe as moedas de cobre que me atulhavam as algibeiras. E pensava: «Como rolou ele para trás da cômoda?» Talvez o negro atabalhoado que, arrumando, o tirara do seu ninho de peúgas... Pois antes lá permanecesse para sempre, entre o pó e as aranhas! Porque em verdade este pacote era agora audazmente impertinente.

Decerto! Eu amava a Mary. A esperança que em breve na terra do Egito seria apertado pelos seus braços gordinhos, ainda me fazia espreguiçar com langor. Mas guardando fielmente a sua imagem no coração, não necessitava trazer perenemente à garupa a sua camisinha de dormir. Com que direito pois corria esta bretanha atrás de mim, pelas ruas de Jerusalém, querendo instalar-se violentamente nas minhas malas e acompanhar-me à minha pátria?

E era essa idéia de pátria que me torturava em quanto nos afastávamos das muralhas da Cidade Santa... Como poderia eu jamais penetrar com este pacote lúbrico na casa eclesiástica da tia Patrocínio? Constantemente a Titi se encafuava no meu quarto, munida de chaves falsas, ásperas e ávida, rebuscando pelos cantos, nas minhas cartas e nas minhas ceroulas... Que cólera a esverdearia se numa noite de pesquisas ela encontrasse estas rendas babujadas pelos meus lábios, fedendo a pecado, com a oferta em letra cursiva «Ao meu portuguesinho valente!»

«Se soubesse que nesta santa viagem te tinhas metido com saias, escorraçava-te como um cão!» Assim o dissera a Titi, em vésperas da minha romagem, diante da Magistratura e da Igreja. E iria eu, pelo luxo sentimental de conservar a relíquia de uma luveira, perder a amizade da velha que tão caramente conquistara com terços, pingos de água benta e humilhações da razão liberal? Jamais!... E, se não afoguei logo o embrulho funesto na água de um charco, ao atravessarmos as choças de Coloniê, foi para não revelar ao penetrante Topsius as covardias do meu coração. Mas decidi que mal penetrássemos com a noite nas montanhas de Judá, retardaria o passo à égua, e longe dos óculos do historiador, longe das solicitudes de Pote, arrojaria a um barranco a terrível camisa de Mary; evidência do meu pecado e dano da minha fortuna. E que bem depressa os dentes dos chacais a rasgassem! Bem depressa os chuveiros do Senhor a apodrecessem!

Já passáramos o túmulo de Samuel por trás dos rochedos de Emaús, já para sempre Jerusalém desaparecera aos meus olhos, quando a égua de Topsius, avistando uma fonte, num vale cavado junto à estrada, deixou a caravana, deixou o dever — e trotou para a água, com impudência e com alacridade. Estaquei, indignado:

— Puxe-lhe a rédea, doutor! Olhe que descaro de égua! Ainda agora bebeu... Não lhe ceda! Puxe mais! Não lhe toque, homem!

Mas debalde o filósofo, com os cotovelos saídos, as pernas esticadas, lhe repuxava bridões e crinas. A cavalgadura abalou com o filósofo.

Corri também à fonte, para não abandonar naquele ermo o precioso homem. Era um fio de água turva, escorrendo de uma quelha sobre um tanque escavado na rocha. Ao pé branquejava, já tida, a grande carcaça de um dromedário. Os ramos de uma mimosa, ali solitária, tinham sido queimados por um fogo de caravana. Longe, na espinha escamada de uma colina, um pastor, negro no céu opalino, ia caminhando devagar entre as suas ovelhas com a lança pousada ao ombro. E na sombria mudez de tudo a fonte chorava.

Aquela quebrada era tão deserta, que me lembrou deixar ali a fazer-se, como a ossada do dromedário, o embrulhinho da Mary... A égua do historiador beberava com pachorra. E eu procurava aqui, além, um barranco ou um charco — quando me pareceu que, junto da fonte, e misturado ao pranto dela, corria também pranto humano.

Torneei um penedo que avançava soberbamente, como a proa uma galera — e descobri, agachada e refugiada entre as pedras e os cardos, uma mulher que chorava, com uma criancinha no regaço; os seus cabelos crespos espalhavam-se pelos ombros e os braços, que os trapos negros mal cobriam; e sobre o filho, que dormia no calor do colo, o seu choro corria, mais contínuo, mais triste que o da fonte, e como se não devesse findar jamais.

Gritei pelo jucundo Pote. Quando ele trotou para nós, agarrando a coronha prateada da sua pistola, supliquei que perguntasse à mulher a causa dessas longas lágrimas. Mas ela parecia entontecida pela miséria; falou surdamente de um casebre queimado, de cavaleiros turcos que tinham passado, do leite que lhe secava... Depois apertou a criança contra a face — e sufocada, sob os cabelos esguedelhados, recomeçou a chorar.

O festivo Pote deitou-lhe uma moeda de prata; Topsius tomou, para a sua severa conferência sobre a Judéia Muçulmana, um apontamento daquele infortúnio. E eu, comovido, procurava na algibeira o meu cobre — quando me recordei que o dera num punhado ao negro do Hotel do Mediterrâneo. Mas tive uma útil inspiração. Atirei-lhe o perigoso embrulho da camisinha da Mary; e a meu pedido o risonho Pote explicou, à desventurada, que qualquer das pecadoras que habitam junto à Torre de Davi, a gorda Fatmé ou Palmira, a Samaritana, lhe daria duas piastras de ouro por esse vestido de luxo, de amor e de civilização.

Trotamos para a estrada. Atrás de nós a mulher lançava-nos, por entre soluços e beijos ao filho, todas as bênçãos do seu coração; e a nossa caravana retomou a marcha — enquanto o arrieiro adiante, escarranchado sobre as bagagens, cantava à estrela de Vênus que se erguera esse canto da Síria, áspero, alongado e doente, em que se fala de amor, de Alá, de uma batalha com lanças, e dos rosais de Damasco...

Ao apearmos de manhã no Hotel de Josafate, na vetusta Jafa — prodigiosa foi a minha surpresa vendo, pensativamente sentado no pátio, com um bojudo turbante branco, o mofino Alpedrinha!... Fiz-lhe ranger os ossos num abraço voraz. E quando Topsius e o jucundo Pote partiram, debaixo do guarda-sol de paninho, a colher novas do paquete que nos devia levar à terra do Egito — Alpedrinha contou-me a sua história, escovando o meu albornoz.

Fora por tristeza que deixara a «Alexandriazinha». O Hotel das Pirâmides, as maletas carregadas, tinham já saturado a sua alma de um tédio insondável; e o nosso embarque no Caimão para Jerusalém dera-lhe a saudade dos mares, das cidades cheias de história, das multidões desconhecidas... Um judeu de Quechã, que ia fundar uma estalagem em Bagdá com bilhar, aliciara-o para «marcador». E ele, metendo num saco as piastras juntas nas amarguras do Egito, ia tentar essa aventura do progresso junto às águas lentas do Eufrates, na terra de Babilônia. Mas, cansado de acarretar fardos alheios, buscava primeiro Jerusalém, insensivelmente, levado talvez pelo espírito como o apóstolo, para descansar com as mãos quietas a uma esquina da Via-Dolorosa...

— E o cavalheiro recebeu alguns jornais da nossa Lisboa? Gostava de saber como vai por lá a rapaziada...

Enquanto ele assim balbuciava, triste e com o turbante à banda, eu revia risonhamente a terra quente do Egito, a rua clara das Duas Irmãs, a capelinha entre plátanos, as papoulas do chapéu da Mary..

E mais agudo me picava outra vez o desejo da minha loura luveira. Que doce grito de paixão nos seus beiços gordinhos, quando uma tarde, queimado pelo sol da Síria e mais forte, eu surgisse diante do seu balcão espantando o gato branco! E a camisinha?... Bem! Contaria que uma noite, junto de uma fonte, ma tinham roubado cavaleiros turcos com lanças.

— Dize lá, Alpedrinha! Tem-la visto, a Maricoquinhas? Que tal está? Hem? Rechonchudinha?

Ele baixou o rosto murcho, onde um estranho rubor lhe avivara duas rosas.

— Já não está... Foi para Tebas!

— Para Tebas? Onde há umas ruínas?... Mas isso é no alto Egito! Isso é em cascos de Núbia! Ora essa!... Que foi ela lá fazer?

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