Melina Galete - Da verdadeira Índia

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De que formas uma viagem pode transformar a nossa vida? 'Da verdadeira Índia' não é apenas um diário autobiográfico desse processo, mas antes a partilha com os leitores da obra de uma importante mutação interior. De Niterói para Aveiro, para onde se mudou com sua filha, Melina Galete já havia atravessado uma mudança cultural, onde se obrigou a desconstruir padrões normativos do seu local de origem. É precisamente em Portugal que a autora conhece a indiana Sridevi (nome fictício, para proteger a respetiva identidade), colega de apartamento, que anos depois a convida para o seu casamento, uma união arranjada, como é comum no país asiático. Embora seja inicialmente resistente à ideia de ver a amiga casar-se com um desconhecido, Melina embarca numa das maiores aventuras de sua vida, para se fazer presente na festa e conhecer um novo país do qual tinha já tantas imagens pré-concebidas. Depois de uma intensa preparação com elementos considerados no ocidente como típicos da cultura indiana, entre tentativas de meditação e muita prática de yoga, a autora descobre-se num novo mundo tão arrebatador quanto surpreendente, longe do que imaginava em Portugal e no Brasil sobre aquela cultura que é tão distinta da sua e ao mesmo tempo tão igual. O desafio do etnocentrismo, a redescoberta de si num lugar novo e os impactos que ficam gravados na alma humana, como tatuagens, são temas centrais de 'Da verdadeira Índia', uma obra sensível e um convite à reflexão sobre o que definimos como norma.

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O tempo era pouco, ao contrário das festas. Arrumámo-nos às pressas para voltar à casa da mãe de Sridevi, para a segunda festa do primeiro dia. Os que ficaram no hotel continuaram a usufruir do luxo de se deslocar em um “autocarro”. Eu, Maria Clara e Jack fizemos o percurso a pé. Pelo caminho, vimos duas mesquitas e uma igreja que ainda não sei explicar se era católica ou protestante. Certamente era cristã, a julgar pela cruz no alto. Cruz, aliás, na cor roxa. Assim como toda a igreja.

Por onde passávamos, todos olhavam para nós. E foi quando Preeti, a prima da minha amiga que me hospedava, avisou-me para andar com os olhos postos no chão. Segundo ela, se eu olhasse para a frente significaria que eu estava disponível e correria o risco de ser desejada por algum daqueles homens. E caso me desejassem, poderiam tentar violar-me se tivessem a oportunidade. E a culpa seria minha, por não ter desviado os olhos. Foi quando comecei a ter medo.

Chegámos à festa. Ganesh continuava na função de receber os convidados. Dessa vez ele anunciava que participaríamos da “Sangeet Ceremony”, a festa da música. Eu esperava por músicas mais suaves. Nos primeiros dez minutos, percebi que a música popular atual da Índia não deixa nada a dever para as mais tocadas nas rádios brasileiras e portuguesas. Eu esperava também ver as primas e tias de Sridevi dançarem. Não vi. A festa estava organizada para nós. Fomos convidados ao palco diversas vezes. Tentaram nos ensinar a dançar como eles. Não conseguimos aprender. Eu sugeri que dançássemos um samba, mas devido à supremacia espanhola, dançamos “Macarena”, que, aliás, era conhecida pelos indianos. Ao final, todos foram convidados a subir ao palco para dançarem juntos. Quase todas as mulheres permaneceram sentadas. Por lá, até na dança os homens fazem questão de mostrar superioridade.

Segundo dia: o banho da noiva

No segundo dia de festa, sétimo de viagem, acordei cedo novamente, mas não por vontade própria. Parece um hábito local. Acordaram-me antes das sete horas da manhã. Serviram-me para o pequeno-almoço uma espécie de pão, por vezes semelhante a bolo, feito com farinha de lentilha. Para acompanhar, um creme também de lentilha com vinte e duas especiarias, entre elas, pimenta de diversos tipos. Meu estômago já mostrava sinais de desgaste, mas eu não possuía comida escondida na mala e não havia passado por nenhum lugar em que pudesse comprar algo mais ocidentalizado.

Fomos – a pé – para a casa da mãe da noiva. Pelo caminho, tentei desafiar a regra de olhar para o chão. Recebi dois sorrisos que me fizeram gelar por dentro. Olhei para o chão novamente. Percebi que um homem olhava muito para a minha filha. Com medo, apressei o passo.

Enquanto andávamos, sentimos que as pessoas nos olhavam mais do que no dia anterior. Alguns olhavam para o jornal que tinham em mãos, depois para nós e em seguida para o jornal novamente. Ao chegarmos, antes de entrarmos na casa, um dos tios da noiva estava parado em frente ao portão e segurava um jornal para mostrar que estávamos na primeira página: “Estrangeiros participam de ritual de casamento em que tradicionalmente apenas a família deveria participar”, ele traduziu. Não compreendi se era um elogio ou não. Mas reparei que saí bem na foto.

Ao chegarmos ao local da festa, Ganesh aguardava-nos e informava que ali ocorreria o “Bridal Shower”. No Brasil, há um evento que precede os casamentos e recebe o nome de chá de panela. Nos Estados Unidos e em outros países de língua inglesa esse evento não é o chá, mas o shower, ou seja, duche, mas também pode ser interpretado como banho. Assim como não se faz chá entre as brasileiras, também não há banho entre as norte-americanas. É apenas o nome da despedida de solteira. Na Índia, contudo, ocorre realmente um banho.

Ao chegarmos ao quintal, o mesmo da véspera, havia uma espécie de banheira a imitar uma flor, com um banco no meio, que substituía o miolo. Em volta estavam espalhadas muitas pétalas de diversas cores e nove bacias douradas. Cada uma cheia até o topo com água e, por cima, mais pétalas. Cinco com pétalas na cor rosa e quatro na cor amarela. Não demorou muito e a noiva ocupou o banco-miolo. Ela usava um sári amarelo quase da mesma cor do banco e, como pude constatar depois, da cor da água misturada com especiarias.

As tias e primas começaram a preparar o banho. Em cada bacia foi adicionada uma especiaria diferente e, logo depois, um vidro de óleo essencial. A mãe, a irmã e a cunhada de Sridevi pegaram as bacias – cada uma ficou encarregada de três – e despejaram todo o conteúdo em cima da noiva, enquanto as outras mulheres repetiam palavras que se assemelhavam a orações decoradas. Nós, os forasteiros – agora também julgados pelos locais – apenas assistimos, enquanto os macacos gritavam entusiasmados em cima do muro. Talvez pela forte mistura de odores.

Após o banho, uma das empregadas apareceu com outra bacia dourada, cheia, também até o topo, de pó de curcuma, e adicionou um pouco de água. Uma a uma, as mulheres da família colocaram a mão no conteúdo dessa bacia. Cada vez que mergulhavam os dedos, a mistura transformava-se em uma pasta dourada. Uma curcuma pura, sem os conservantes adicionados para aguentarem a viagem até o Ocidente. A curcuma foi plantada e colhida no quintal e o pó foi extraído de maneira artesanal, pela mãe da noiva. Essa mistura, que agora já era uma pasta, era esfregada no rosto e nos braços da minha amiga.

Foi então que Sridevi mais uma vez quis alterar as regras da tradição. Levantou do banco-miolo e declarou que queria convidar seus amigos estrangeiros, inclusive os homens – e esse foi o choque maior – para esfregarem as especiarias em sua pele. Era tudo muito erótico. Por esse motivo, talvez, durante séculos as pessoas habilitadas a esfregar as especiarias eram apenas as mulheres mais próximas – mães, irmãs, cunhadas, primas e tias. Nem as sobrinhas, por serem normalmente crianças, tinham permissão para aquele ato carregado de sensualidade. Contudo, ela convidou-nos.

Fomos, um a um, até à flor-banheira. Antes, tivemos que tirar os sapatos. Ao lado dela, mergulhamos a mão direita na pasta de curcuma e esfregamos, meio desajeitados, alguns em seu braço e outros em seu rosto. Duas tias mais velhas retiraram-se do ambiente. Pareciam ofendidas. Enquanto eu esfregava a curcuma por baixo do queixo da minha amiga, senti como se estivesse a prepará-la para ser comida. Já estava imersa em uma água com diversas especiarias e agora recebia o toque final. No dia seguinte ela estaria pronta para o noivo. Uma iguaria indiana.

Chegou a hora do almoço e o cheiro de Sridevi despertou a minha fome. Mesmo com o estômago cada vez mais danificado, nunca comi com tanta vontade desde o primeiro dia. Após o almoço, fomos para o centro da cidade negociar sáris para o dia seguinte. Estávamos famosos. Todos queriam tirar fotos nossas. Duas mulheres pediram para que autografássemos o jornal. Contudo, tivemos que voltar para casa às pressas, pois nossa fama não era positiva para todos. Alguns acusavam-nos de quebrar as tradições. Sorrimos. Não compreendemos telugu. Mas Preeti empurrou-nos para o “autocarro”, muito aflita, e o condutor guiou a toda velocidade para o hotel e depois para a rua em que eu, Maria Clara e Jack estávamos hospedados. Ele na casa dos rapazes e nós na casa das raparigas.

Mais tarde, descansávamos ao lado de uma imagem de Lord Krishna, com a televisão ligada, quando vi a cena que havia ocorrido mais cedo. Fomos filmados a correr das ruas para o “autocarro”, às pressas, e já éramos notícia mais uma vez. Eu estava na sala apenas com a minha filha. Perguntei a Krishna o que o repórter havia falado, mas ele apenas sorriu.

Ao fim da tarde, fomos novamente a pé até o local da festa, o mesmo das anteriores. Eu olhava para baixo, enquanto ouvia a mesquita a chamar para a oração das seis. Todos olhavam para nós, exceto os quarenta e dois porcos que vimos pelo caminho, nos oitocentos metros que separavam uma casa da outra.

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