Júlio Dinis - A Morgadinha dos Cannaviaes

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– Mania? Ó tia Dorothéa! Mania! Veja bem, olhe que o termo é forte? Mania!

– Sim, menino – insistiu ingenuamente a boa senhora – pois olha que não é outra coisa. Pois isto de estar triste sem ter de quê… sim… porque não te morrendo ninguem, nem te doendo nada…

Ó poetas devaneiadores, ó almas melancolicas, que percebeis no sussurrar das brisas, no ciciar das folhas, no murmurar dos arroios, queixas occultas de dryades e de nayades, sentidas vibrações das harpas de fadas aereas, que vivem em palacios de nuvens; ó corações inoculados de poesia, que vos confrangeis e gottejaes lagrimas sinceras ao desmaiar do dia, ao desfolhar das arvores no outomno; poetas, que escutaes, com Victor Hugo, as vozes interiores, os cantos do crepusculo, e com elle adivinhaes os mysterios dos raios e das sombras, perdoae a involuntaria blasphemia da tia Dorothéa, que não contem o menor fermento de malicia; perdoae-lhe a dura expressão de que ella se serviu para caracterisar os vossos arroubamentos, as vossas tristezas vagas, os vossos devaneios, e crêde que, apesar da phrase, terieis n'ella uma alma mais afinada para sympathisar comvosco, do que tantas que por ahi fazem gala de vos comprehender melhor.

Henrique não podia porém digerir a expressão, de que se servira a tia, para diagnosticar o seu mal.

– Mania! – repetia elle – essa agora! Sempre é forte de mais. Mania, não, tia Dorothéa, lá isso não. Mania!

– Eu lhe digo – acudiu a criada. – Não vá sem resposta; que está quasi como o cunhado da Rosa do Bacello. A senhora não se lembra? Andou aquella alminha por ahi sempre triste, sempre a falar só, até que a final lá foi parar…

– Aonde? – perguntou Henrique, erguendo os olhos interrogadoramente para a criada.

– Lá foi parar a Rilhafolles – concluiu esta, espevitando a véla o mais naturalmente d'este mundo.

Henrique de Souzellas pulou com a sinceridade.

Nem acabou de sorver a ultima colhér de caldo de arroz, que lhe estava sabendo como nunca manjar lhe soubera.

– Então não comes mais? – perguntou a tia.

– Muito agradecido; eu o mais que tenho é somno.

– Pois sim, mas é preciso fazer por comer – insistiu ella.

– Ora vá mais este côxão – disse a criada.

– Não é possivel – teimou Henrique, e insistiu para se recolher ao quarto.

– Tens razão, tens – concordou a tia Dorothéa – deves estar fatigado. Vae com Nossa Senhora, menino. E deixa-te lá de pensar e estar triste, que isso não é bom. É fazer por espairecer. Come, bebe, passeia, que é o que dá saude. Nada de malucar.

– Sim – accrescentou a criada – e não queira estar doente, que não tem graça nenhuma.

– E olha, Henriquinho, tu tens por ahi com quem te podes distrahir. O brazileiro Seabra, que tem uma casa como um palacio; o Augustito do doutor, que é um bom mocinho. E depois vae dar um passeio por ahi, um dia até os moinhos outro dia até á ermida da Senhora da Saude. Agora me lembra: a Lenita já mandou ahi outra vez saber se tinha chegado o hospede – disse D. Dorothéa.

– Não foi só a morgadinha…

– Ahi está você a chamar-lhe tambem a morgadinha.

– Então, senhora?! isto é o costume. Mas todas as outras senhoras mandaram tambem o Torquato saber do sr. Henrique. A sr.a D. Victoria e a Christininha.

– Ai, pois cuidadosas são ellas! Tu has de te entender com aquella gente. É uma gente muito dada e sem ceremonia. É preciso lá ir. Olha, ámanhã podes ir visital-as. É um passeio bonito.

Henrique, que tinha estado distrahido durante a conversa das duas, nem se dava ao trabalho de intervir no dialogo em que ellas dispunham já do seu tempo e traçavam-lhe planos de vida.

– Mas vae descançar, menino, vae e faze por dormir. Olha lá, tu costumas dormir com luz?

– Não, tia, não costumo.

– É porque n'esse caso… Ó Maria, onde está aquella lamparina, que me serviu quando eu estive doente, ha seis annos?

– Está lá dentro, senhora; se a senhora quer eu…

– Vê lá, menino…

– Não tia, não quero.

– Ha pessoas que não podem dormir ás escuras – dizia a criada. – Eu, graças a Deus, durmo bem de qualquer fórma.

– Pois sim, mas nem todos são como você. Olha, ó Henriquinho, has de vêr se queres o travesseiro mais alto ou…

– Muito agradecido, tia Dorothéa, tudo deve estar bom – disse Henrique, procurando fugir ás muitas reflexões, perguntas e conselhos, com que as duas o iam perseguindo até o quarto.

– Olha, ó menino, tu bebes agua de noite?

– Ás vezes.

– Você poz-lhe agua no quarto, Maria?

– Puz, sim, minha senhora; pois então? Já minha mãezinha dizia, que antes sem luz do que sem agua.

– Bem, então está bom. Então muito boa noite, menino.

– Boa noite, tia.

– Ai, é verdade. Has de vêr se queres mais roupa na cama.

– Não hei de querer, não, tia.

– Olha que está muito frio. Você quantos cobertores lhe deitou, ó Maria?

– Cinco, senhora.

– Cinco! – exclamou Henrique, quasi horrorisado. – Cinco cobertores!

– É pouco?

– Pouco? – É de morrer esmagado debaixo d'elles.

– Ai, quer não! Olha que está muito frio.

– Bem, bem; eu cá me arranjarei.

– Então, muito boa noite.

– Muito boa noite, tia.

E Henrique ia a fechar a porta.

– Olha… – disse ainda a tia.

Henrique parou.

– Não sei o que é que me esquece…

– Não ha de ser nada, tia; boa noite.

– Não esquecerá?.. Eu sei?.. Emfim… boa noite. Ai, é verdade… Sempre é bom ficar com lumes promptos.

– Ai, sim; lá isso sempre é bom.

– Vês? não que bem me parecia.

– Já lá estão, senhora – disse a criada de longe.

– Melhor; então muito boa noite nos dê Nosso Senhor, menino.

– Muito boa noite, tia.

E Henrique conseguiu fechar a porta.

Estava finalmente só.

– Que desastrada lembrança a minha! – disse o pobre rapaz, ao fechar a porta sobre si. – Como posso eu viver com esta santa e virtuosa gente, que chama manias aos meus padecimentos? Que futuro de impertinencias me espera! Ai, Lisboa, Lisboa, e pensar eu que só posso voltar para ti á custa de outra jornada!

O quarto de Henrique era arranjado com simplicidade. Um alto leito de almofadas na cabeceira e rodapé de chita, tão alto que se não dispensava o auxilio de cadeira para trepar acima d'elle, uma commoda com um pequeno espelho, um bahú, um lavatorio e duas cadeiras mais, constituiam a mobilia toda.

Henrique de Souzellas sentiu a falta de mil pequenos objectos de toucador, a que estava habituado. Aquelle estrictamente necessario não lhe promettia grandes confortos.

Deitou-se. A roupa da cama era de linho alvissimo e respirava um asseio e frescura convidativos: os travesseiros, de largos folhos engommados, possuiam uma molleza agradavel ás faces; o colchão de pennas abatia-se suavemente sob o peso do corpo fatigado.

Henrique conchegou a roupa a si; á falta de velador, pousou o castiçal no travesseiro, e, abrindo um livro que trouxera de Lisboa, poz-se a ler, para obedecer a um habito adquirido.

Não teria ainda lido um quarto de pagina, quando ouviu a voz da tia Dorothéa, que lhe dizia de fóra da porta:

– Ó menino, tu já te deitaste?

– Já, sim, tia Dorothéa.

– Olha se tens cautela com a luz. Eu tenho um mêdo de fogos!

– Esteja descançada, tia. Eu apago já.

– Então será melhor. S. Marçal nos acuda.

E afastou-se, rezando ao santo.

Henrique continuou a ler.

D'ahi a pouco a mesma voz:

– Tu já dormes, Henriquinho?

– Não, tia, ainda não durmo.

– Olha que não vás adormecer sem apagar a luz. Eu tenho um mêdo de fogos! Não descanço, emquanto não vejo tudo apagado em casa.

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