Paulo Coelho - Veronika decide morrer

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— Quero pedir dois favores. O primeiro, que me dê um remédio, uma injeção, seja o que for — de modo que eu posso ficar acordada, e aproveitar cada minuto do que sobrou de minha vida. Eu estou com muito sono, mas não quero mais dormir, tenho muito o que fazer — coisas que sempre deixei para o futuro, quando pensava que a vida era eterna. Coisas que perdi o interesse, quando passei a acreditar que a vida não valia a pena.

— Qual o seu segundo pedido?

Sair daqui, e morrer lá fora. Preciso subir no castelo de Lubljana, que sempre esteve ali, e nunca tive a curiosidade de vê-lo de perto. Preciso conversar com a mulher que vende castanhas no inverno, e flores na primavera; quantas vezes nos cruzamos, e eu nunca lhe perguntei como passava? Quero andar na neve sem casaco, sentindo o frio extremo — eu, que sempre estive bem agasalhada, com medo de pegar um resfriado.

«Enfim, Dr. Igor, eu preciso apanhar chuva no rosto, sorrir para os homens que me interessam, aceitar todos os cafés para os quais me convidam. Tenho que beijar minha mãe, dizer que a amo, chorar no seu colo — sem vergonha de mostrar meus sentimentos, porque eles sempre existiram, e eu os escondi.

«Talvez eu entre na igreja, olhe aquelas imagens que nunca me disseram nada, e elas terminem me dizendo alguma coisa. Se um homem interessante me convidar para uma boate eu vou aceitar, e vou dançar a noite inteira, até cair exausta. Depois irei para a cama com ele — mas não da maneira como fui com outros, ora tentando manter o controle, ora fingindo coisas que não sentia. Quero me entregar à um homem, à cidade, à vida e, finalmente, à morte. «

Houve um pesado silencio quando Veronika acabou de falar. Médico e paciente se olhavam nos olhos, absortos, talvez distraídos com as muitas possibilidades que simples 24 horas podiam oferecer.

— Posso lhe dar alguns medicamentos estimulantes, mas não aconselho seu uso — disse finalmente o Dr. Igor. — Eles afastarão o sono, mas também levarão embora a paz que você necessita para viver tudo isso.

Veronika começou a sentir-se mal; sempre que tomava aquela injeção, algo de ruim acontecia no seu corpo.

— Você está ficando mais pálida. Talvez seja melhor ir para a cama, e voltaremos a conversar amanhã.

Ela sentiu de novo vontade de chorar, mas continuou mantendo o controle.

— Não haverá amanhã, e o Sr. sabe disso. Estou cansada, Dr. Igor, extremamente cansada. Por isso pedi os comprimidos. Passei a noite em claro, entre o desespero e a aceitação. Podia ter um novo ataque histérico de medo, como aconteceu ontem, mas de que adiantaria? Se ainda tenho vinte e quatro horas de vida, e há tantas coisas diante de mim, decidi que era melhor deixar o desespero de lado.

«Por favor, Dr. Igor, deixe-me viver o pouco tempo que me resta — porque nós dois sabemos que amanhã pode ser tarde. «

— Vá dormir — insistiu o médico. E volte aqui ao meio-dia. Tornaremos a conversar.

Veronika viu que não havia saida.

— Vou dormir, e voltarei. Mas ainda temos alguns minutos?

— Alguns poucos minutos, estou muito ocupado hoje.

— Vou ser direta. Ontem a noite, pela primeira vez, eu me masturbei de uma maneira completamente livre. Pensei em tudo que nunca ousara pensar, tive prazer em coisas que antes me assustavam ou me repeliam.

O Dr. Igor assumiu a postura mais profissional possível. Não sabia onde esta conversa podia levar, e não queria problemas com seus superiores.

— Descobri que sou uma pervertida, doutor. Quero saber se isso colaborou para que eu tentasse suicídio. Há muitas coisas que eu desconhecia em mim mesma.

«Bem, é apenas uma resposta», pensou ele. «Não preciso chamar a enfermeira para testemunhar a conversa, e evitar futuros processos por abuso sexual».

— Todos nós queremos fazer coisas diferentes -respondeu. — E os nossos parceiros também. O que há de errado?

— Responda o senhor.

— Há tudo de errado. Porque quando todos sonham e só alguns poucos realizam, o mundo inteiro sente-se covarde.

— Mesmo que estes poucos estejam certos?

— Quem está certo é quem é mais forte. Neste caso,

paradoxalmente, os covardes são mais corajosos, e conseguem impor suas ideias.

Dr. Igor não queria ir mais longe.

— Por favor, vá descansar um pouco, porque tenho outros pacientes a atender. Se você colaborar, verei o que posso fazer com relação ao seu segundo pedido.

A moça saiu. Sua próxima paciente era Zedka, que deveria receber alta, mas Dr. Igor pediu que esperasse um pouco; precisava tomar algumas notas sobre a conversa que acabara de ter.

Era necessário incluir um extenso capitulo sobre sexo na sua dissertação sobre o Vitriolo. Afinal, grande parte das neuroses e psicoses provinham dali — segundo ele, as fantasias são impulsos elétricos no cérebro, e, uma vez não sendo realizadas, terminam descarregando sua energia em outras áreas.

Durante seu curso de medicina, Dr. Igor lera um interessante tratado sobre as minorias sexuais: sadismo, masoquismo, homossexualismo, coprofagia, vouyerismo, desejo de dizer palavras sórdidas — enfim, a lista era muito extensa. No inicio, achava que aquilo era apenas o desvio de algumas pessoas desajustadas, que não conseguiam ter um relacionamento saudável com seu parceiro.

Entretanto, a medida que ia avançando na profissão de psiquiatra— e entrevistando seus pacientes — dava-se conta que todo mundo tinha algo de diferente para contar. Sentavam-se na confortável poltrona de seu escritório, olhavam para baixo, e começavam uma longa dissertação sobre o que chamavam de «doenças»(como se não fosse ele o médico!) ou «perversões»(como se não fosse ele o psiquiatra encarregado de decidir!).

E, uma por uma, as pessoas «normais»descreviam fantasias que constavam do famoso livro sobre as minorias eróticas — um livro, aliás, que defendia o direito de cada um ter o orgasmo que quisesse, desde que não violentasse o direito do seu parceiro.

Mulheres que tinham estudado em colégios de freira sonhavam em serem humilhadas; homens de terno e gravata, funcionários públicos de alto escalão, dizendo que gastavam fortunas com prostitutas rumenas para que apenas pudessem lamber-lhes os pés. Rapazes apaixonados por rapazes, moças enamoradas pelas amigas de colégio. Maridos que queriam ver suas mulheres possuídas por estranhos, mulheres que se masturbavam cada vez que encontravam uma pista do adultério do seu homem. Mães que precisavam controlar o impulso de entregar-se ao primeiro homem que tocava a campainha para entregar algo, pais que contavam aventuras secretas com os rarissimos travestis que conseguiam passar o rigoroso controle da fronteira.

E orgias. Parecia que todo mundo, pelo menos uma vez na vida, desejava participar de uma orgia.

Dr. Igor largou um pouco a caneta, e refletiu sobre si mesmo: ele também? Sim, ele também gostaria. A orgia, tal qual a imaginava, devia ser algo completamente anárquico, alegre, onde o sentimento de posse não existia mais — apenas o prazer e a confusão.

Seria este um dos principais motivos para a grande quantidade de pessoas envenenadas pela Amargura? Casamentos restritos a um monoteísmo forçado, onde o desejo sexual — segundo estudos que o Dr. Igor guardava cuidadosamente em sua biblioteca médica — desaparecia no terceiro ou quarto ano de convivência. A partir dali, a mulher sentia-se rejeitada, o homem sentia-se escravo do casamento — e o Vitriolo, a amargura começava a destruir tudo.

As pessoas, diante de um psiquiatra, falavam mais abertamente do que diante de um padre — porque o médico não pode ameaçar com inferno. Durante sua longa carreira de psiquiatra, Dr. Igor já tinha ouvido praticamente tudo que elas tinham para contar.

Contar. Raramente fazer. Mesmo depois de vários anos de profissão, ele ainda se perguntava por que tanto medo de ser diferente.

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