Uma parceria com a África
Como o Banco Europeu de Investimento concretiza as políticas da UE em África e perspetiva o futuro da parceria para o desenvolvimento de todo o continente
Sobre o Banco Europeu de Investimento
O Banco Europeu de Investimento é o maior mutuante multilateral do mundo. O BEI financia o crescimento económico da Europa, sendo o único banco cujo capital é detido pelos Estados-Membros da UE e que representa os seus interesses. Ao longo de seis décadas, o Banco apoiou start-ups como a Skype e projetos de grande envergadura, como a Ponte de Øresund que liga a Suécia à Dinamarca. Com sede no Luxemburgo, o Grupo BEI integra o Fundo Europeu de Investimento, especializado no financiamento das pequenas e médias empresas.
Desafios e oportunidades para a África
A África e o BEI: a história de uma parceria
Como o BEI apoia as prioridades da Parceria África-UE
A experiência do BEI em África
Instrumentos
Planos para o futuro
Desafios e oportunidades para a África
Entre os seus mais de mil milhões de habitantes, a África conta com a classe média mais jovem e em mais rápido crescimento do mundo. Com uma média de idades 14 anos mais baixa do que qualquer outro continente, a África está prestes a entrar num período que irá transformar as suas perspetivas políticas, económicas e sociais. Na África Subsariana, todos os anos, entram no mercado de trabalho 20 milhões de candidatos a emprego. Daqui a dez anos, o crescimento da população ativa da região irá exceder o crescimento combinado do resto do mundo. A integração desta mão de obra na economia global poderá trazer benefícios inestimáveis.
A África é um continente de extraordinária riqueza natural – petróleo, cobalto, platina e fosfato. No entanto, tem preocupantes níveis de pobreza. Nove dos dez países com maior percentagem da população a viver em situação de pobreza pertencem à África Subsariana, a que se juntaram mais 32 milhões de pessoas em 2020 devido aos efeitos económicos da COVID-19. Mais de 70 % das pessoas sem acesso à eletricidade em todo o mundo vivem em África. No entanto, as perspetivas do continente estão a mudar. Os setores do petróleo e da mineração constituem agora uma minoria das entradas de capital a longo prazo, tendo os investidores passado a concentrar-se nas áreas das telecomunicações, do comércio a retalho e dos serviços. Todos os dias, 90 000 novos utilizadores ligam-se à Internet pela primeira vez na África Subsariana. A África está a afirmar-se rapidamente como o centro global dos serviços financeiros móveis, o que alarga o acesso aos mercados globais, reforça a resiliência, aumenta a transparência e cria empregos.
As alterações climáticas agravam naturalmente os desafios que a África enfrenta, provocando deslocações forçadas e contribuindo para contextos de fragilidade. A África sofre o impacto das alterações climáticas, embora seja responsável por menos de 4 % das emissões mundiais de gases com efeito de estufa. O Acordo de Paris sobre as alterações climáticas alterou profundamente a dinâmica do desenvolvimento, salientando que a transição para uma economia verde e limpa deve englobar todos os países do mundo, quer sejam ricos ou pobres. Devido ao nível relativamente baixo de industrialização, ilustrado pela sua modesta contribuição para o aquecimento global, a África poderia, de facto, saltar diretamente para um futuro mais verde.
Este crescimento verde deve também ser inclusivo, alargando o acesso a bens de primeira necessidade, como a energia limpa, a água potável e a mobilidade, bem como a educação e os cuidados de saúde, de modo a garantir a igualdade de oportunidades. Afinal de contas, as interrupções na educação das crianças da África Subsariana causadas apenas pela COVID-19 custarão 7 000 USD por criança em ganhos futuros perdidos. Garantir o acesso das empresas e dos microempresários ao financiamento de que necessitam é essencial para dar resposta às enormes necessidades de empregos dignos na África.
Uma lição que a pandemia nos ensinou é que nas próximas décadas assistiremos não só ao aumento dos riscos associados às alterações climáticas e aos fenómenos meteorológicos extremos, como também a riscos permanentes de conflitos e de eventuais pandemias futuras. É urgente investir na resiliência dos sistemas energéticos, alimentares, educativos, sanitários e empresariais, sobretudo para garantir que as infraestruturas consigam resistir aos impactos. Para esse efeito, são necessários investimentos no acesso generalizado a cuidados de saúde de qualidade e a serviços digitais, bem como na diversificação económica e na atenuação das vulnerabilidades decorrentes do elevado endividamento e da fragilidade dos sistemas financeiros.
Os africanos aspiram a melhores condições de trabalho, a direitos sociais e a uma maior higiene e segurança no trabalho. A saúde é uma das condições essenciais ao desenvolvimento humano, e os africanos merecem cuidados de saúde acessíveis e a preços comportáveis, além do acesso a serviços de água, higiene e saneamento. Na África Subsariana, a eletricidade chega apenas a cerca de metade da população. Aproximadamente 600 milhões de pessoas não têm acesso à eletricidade e 890 milhões cozinham com combustíveis tradicionais. Para que os africanos possam atingir os seus objetivos de desenvolvimento económico e social, precisarão de parceiros fortes e de investimento externo para apoiar os seus esforços no sentido de adotar energias modernas, sustentáveis, fiáveis e acessíveis. A inclusão social e de género conduzem a um crescimento mais sustentável a longo prazo. Os africanos irão procurar parceiros que os acompanhem no seu caminho para um crescimento mais inclusivo, principalmente nas regiões menos desenvolvidas e integradas, bem como no reforço dos laços a nível continental (por exemplo, apoio às empresas do Norte de África na sua expansão para sul).
Os africanos estão a iniciar uma nova era de contribuição transformadora para a economia mundial. Este documento conta a história da participação do Banco Europeu de Investimento no apoio a este extraordinário movimento.
A África e o BEI: a história de uma parceria
O Banco Europeu de Investimento assinou a sua primeira operação na África, em 1965, na Costa do Marfim. Desde então, o banco da UE investiu 59 mil milhões de EUR em 52 países africanos, apoiando projetos de infraestruturas, empresas inovadoras e programas de energias renováveis, o setor público e empresas privadas, desde microempresas a grandes multinacionais.
As parcerias são mais importantes do que nunca neste momento de crise. Os desafios que enfrentamos são globais. A Europa não irá escapar aos efeitos das alterações climáticas, por mais energias renováveis que possa gerar ou por mais veículos que venha a eletrificar no continente, se não colaborar com os países de todo o mundo no sentido de tornar as suas sociedades igualmente sustentáveis. Se há uma lição que a pandemia COVID-19 nos ensinou é que ninguém está verdadeiramente seguro até estarmos todos seguros. Como vizinho imediato da África, sabemos que a nossa prosperidade futura e os nossos destinos estão interligados. Por isso, a coisa certa a fazer é unirmos esforços.
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