Quando saíram, Keira ficou aliviada por estarem só os dois novamente.
– Sinto muito por hoje – Keira disse a Cristiano, enrolando-se ao lado dele no banco de trás do táxi.
– Sente muito? – ele perguntou. – Por quê?
– Pela minha família. Elas são loucas.
Ele riu. – Na verdade, eu gosto bastante delas.
Keira ponderou se ele quis dizer que ele gostava de Bryn, mas tentou não se estender nisso.
– E tem certeza que você vai ficar bem sozinho amanhã? – ela adicionou. – Eu poderia ver se uma das minhas amigas vai estar por perto para te encontrar?
Conforme falava, ela pensou em Shelby, que estava em um seguro noivado. Mas Shelby definitivamente estaria trabalhando. Maxine estaria livre, mas era solteira. Keira simplesmente ainda não confiava nesse relacionamento o suficiente para soltar as rédeas.
– Tenho certeza – Cristiano falou a ela, decisivamente. – Eu já disse que gosto de explorar. Eu fiz disso meu trabalho, não fiz?
– Sim – Keira admitiu. – Mas Nova Iorque é um pouco diferente da Itália.
Cristiano colocou a mão sobre seu coração – Sou um menino crescido – ele disse a ela. – Posso me cuidar. Até mesmo em Nova Iorque – ele a beijou de leve.
Eles chegaram ao apartamento de Mallory e, após pagarem o taxista, entraram, aconchegando-se para uma noite tranquila no sofá assistindo TV. Pouco depois das nove da noite, o plano de Keira compensou – Mallory de fato se retirou para sua cama.
Então, pela primeira vez em muito tempo, Keira finalmente se permitiu relaxar. Ela tinha estado bem tensa desde que pousara de volta. Entre a loucura de Bryn, a loucura de sua mãe e o passeio de parada em parada pela cidade, sentia que mal tinha tido tempo de respirar. Finalmente ela podia fazer um balanço das coisas realmente, de Cristiano e o fato dele ter viajado meio mundo para estar com ela.
Ela o beijou, saboreando seu gosto. Havia algo diferente nos beijos deles agora. Uma intensidade maior. Agora que estava no território dela, tudo tinha se tornado muito real. Ele tinha se comprometido e aquilo mudava as coisas para melhor.
– Suponho que vá querer ver meu quarto em breve? – ela perguntou, usando sua voz sensual.
Cristiano pegou o tom dela de imediato, erguendo as sobrancelhas em empolgada antecipação. – Eu definitivamente quero.
Ela se levantou do sofá e se inclinou, oferecendo sua mão.
– Então é melhor você me seguir – ela ronronou.
Com cara de quem tinha tirado a sorte grande, Cristiano fez exatamente o que ela disse.
Keira acordou na manhã seguinte sentindo-se grogue. Mas, no momento em que virou de lado e avistou o rosto lindo de Cristiano, ela suspirou em contentamento. A noite anterior tinha sido maravilhosa, pondo os medos dela de lado. Só era uma pena ter que deixá-lo e ir trabalhar!
Ela deslizou para fora da cama, com cuidado para não acordá-lo, e saiu para o corredor. Estava tudo escuro conforme ela pisou leve pelo chão em direção ao banheiro.
Tomar banho na casa da mãe dela era estranho. Keira não conseguia lembrar a última vez que tinha tido motivo para passar a noite aqui. Certamente não tinha acontecido nos últimos dois anos, porque ela morava com Zachary.
Enquanto a água morna corria por sua pele, Keira se perguntou se sua mãe estava certa. Talvez ela não lhe desse tanta atenção quanto deveria. O relacionamento de Cristiano com os pais dele era admirável. Era só pelo fato de Keira colocar sua carreira no primeiro plano de tudo que ela não compartilhava um relacionamento similar com sua própria mãe. Havia muito que aprender com ele, ela percebeu.
Ela terminou de tomar banho rapidamente e emergiu com os cabelos encharcados, enrolando-se em seguida em uma das toalhas de bambu de sua mãe antes de voltar para o corredor. Conforme ela vacilou pelo apartamento, um barulho chamou sua atenção, vindo da cozinha. Curiosa, ela andou até lá e espiou com a cabeça pela porta.
– Mãe? – ela perguntou ao ver sua mãe parada em seu roupão.
Sua mãe bocejou. – Bom dia, querida. Café?
Keira sorriu para sua mãe. – Você acordou cedo só para me fazer café? – ela perguntou, tocada. Ela tinha planejado apenas apanhar um no caminho para o trabalho.
– Não é todo dia que eu tenho a chance – Mallory respondeu.
Keira entrou na cozinha e beijou sua mãe na bochecha. – Seria ótimo. Obrigada.
Mallory pareceu surpresa. – Acho que Cristiano é uma boa influência para você.
– Acho que você está certa – Keira respondeu.
Ela voltou ao seu quarto e se vestiu no escuro enquanto o cheiro de café começava a se infiltrar por debaixo da porta. Quando ela saiu de novo, a luz do dia já estava começando a sair.
– Ele ainda está dormindo? – Mallory perguntou assim que Keira voltou para a cozinha.
– Sim – ela confirmou, pegando o café que sua mãe a oferecia. Ela deu um gole. Estava um pouco amargo, mas ela não podia esperar que sua mãe fizesse uma xícara perfeita de café a essa hora da manhã! – Você não vai bombardeá-lo com perguntas quando ele acordar, vai?
Mallory fez um som de tsc. – Querida, precisamos saber quem ele é. Você não pode simplesmente declarar seu amor por um homem novo a cada mês e esperar que não suspeitemos nem um pouquinho.
Keira suspirou, um pouco exasperada. – Está bem, mãe. Eu entendo. Tenho agido como louca ultimamente. Só não vá assustá-lo para longe. – Ela virou seu café e então beijou sua mãe na bochecha outra vez. – Eu te amo. Obrigada pelo jantar.
Então, ela se apressou para pegar o metrô para o trabalho.
*
Uma hora dentro do metrô nunca era a melhor forma de começar o dia. Quando Keira finalmente desembarcou, ela sentia-se imunda, tão oleosa quanto se não tivesse tomado banho naquela manhã. E as roupas dela estavam amassadas. Não era o tipo de impressão que ela queria passar em seu primeiro dia de volta ao escritório.
Mas quando entrou pelas grandes portas de vidro da Viatorum, ela nem precisou se preocupar com sua aparência de forma alguma. Seus colegas pularam de suas cadeiras ao vê-la e correram em sua direção.
– Keira – Denise exclamou, abraçando-a apertado. – Você conseguiu.
– Consegui o quê? – Keira perguntou.
– Salvar o emprego de todos! – Denise respondeu. – Agora que estamos lucrando bem, Lance não acha que algo precise ser mudado. Sem colunas de conselhos ou de receitas – ela fez careta.
– Bem, que ótimo – Keira respondeu, sorrindo sem ter certeza se realmente seu único artigo podia ser inteiramente responsável.
– Quando vamos conhecê-lo, então? – Denise perguntou, soando animada e empolgada.
– Ele? – Keira perguntou.
– Cristiano! – Denise exclamou.
Keira notou a forma como ela se derreteu ao falar.
– Bem, eu não estava planejando trazê-lo ao escritório – ela gracejou, um pouco confusa.
Denise franziu o cenho. – Mas você precisar trazer! Você não pode nos deixar apaixonadas pelo cara e depois não nos deixar conhecê-lo! Quer dizer, pela sua descrição ele parece muito bonito. Ele é bonito?
– Bem, é, mas... – Keira começou.
– Então você tem que nos deixar conhecê-lo! – Denise continuou. – Por favor, Keira!
Keira franziu a testa. Cristiano não era apenas um artifício para seu artigo. Ele era seu amante na vida real. Ela sentia que Denise tinha misturado fantasia e realidade. Será que Keira tinha acidentalmente transformado Cristiano em algum tipo de protagonista de romance?
Nesse instante, ela notou Nina em sua mesa, digitando em seu teclado, e acenou. Nina terminou o que estava fazendo e veio até ela. Elas se abraçaram.
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