– Então – Elliot continuou, varrendo a sujeira para debaixo do tapete. – De fato, estar em Paris te daria a privacidade que você precisa. Um mês inteiro, só vocês dois. Sem irmã no caminho, sem mãe interferindo.
Parecia bom, Keira pensou. Que diferença faria se eles embarcassem no relacionamento em Nova Iorque ou Paris? A não ser pelo fato de que aqui estava abarrotado de pessoas ansiosas para conhecer Cristiano. Pelo menos em Paris seriam apenas eles. Estariam anônimos outra vez.
– Depois desse artigo – Elliot adicionou – Eu talvez consiga soltar as rédeas um pouco aqui na Viatorum. Promover você. Então, você vai escolher suas próprias atribuições. Se der certo, e conseguirmos o ângulo certo para a Guru do Romance, vou deixar você tomar o controle de tudo. Sem mais correspondências de última hora. Nada de Antônios.
Keira fez uma careta ao se lembrar do primeiro guia turístico que fora lhe dado na Itália, Antônio, com sua pança, seu cheiro de queijo e sua grosseria perpétua.
– Você está falando sério? – ela perguntou. – Mais uma tarefa, com Cristiano, e então eu vou poder direcionar a Guru do Romance como eu escolher?
– Desde que você ainda viaje para o exterior e escreva os artigos de viagem – Elliot disse. – Não me importo onde.
Keira quis testar a teoria, só um pouco – Austrália? – ela perguntou.
– Por que não?
– China?
– Se for seu desejo.
– Antártica?
– Desde que esteja apaixonada, é só isso que me importa. É só isso que importa aos leitores. E quem sabe, talvez depois possamos juntar todos os artigos e transformamos em um livro?
Keira recostou-se, remoendo a perspectiva propriamente pela primeira vez. Se ela acertasse isso, as coisas seriam significativamente mais fáceis para ela daqui para frente. Mais uma tarefa sob o controle de Elliot, depois estaria no volante, livre. E virar autora de um livro era um grande atrativo! Ela e Cristiano poderiam viajar o mundo juntos. Sem mais truques para conseguir relacionamentos ou testar o amor. Ela realmente poderia escrever a história de amor deles.
Além disso, as coisas em Nova Iorque estavam mesmo um pouco tensas, com suas opções sendo o apartamento de Bryn ou seu velho quarto de infância. Não havia nada romântico em nenhum dos cenários. Mas Paris. Paris! Pela primeira vez, ela sentiu um formigamento de ansiedade com a ideia de Cristiano e ela na cidade mais romântica do mundo. Imaginou janelas francesas e cortinas de renda ondulando, beijos debaixo da Torre Eiffel, calçadas respingadas de chuva, croissants em antigos cafés com vista para o Sena, museus, arte, cultura e arquitetura. E então, uma imagem mental forçou caminho por sua mente com velocidade feroz: Cristiano ajoelhado, um lindo anel brilhante levantado para ela.
Ela não tinha pensado em casamento até que Elliot tinha mencionado. Mas, e se um mês em Paris terminasse com um anel? Certamente não faria mal.
– Está bem – ela disse, por fim. – Eu vou.
Assim que sua reunião com Elliot acabou, Keira pegou seu celular e apressou-se para fora para ligar para Cristiano. As ruas estavam movimentadas com o trânsito e as pessoas ocupadas como sempre. O pensamento de deixar tudo isso para trás deixou Keira empolgada.
Ela chamou o número dele e, depois de um instante, ele atendeu.
– Tenho uma notícia – ela anunciou.
– Ah é? – ele perguntou. – Você não está grávida, está?
– Não! – Keira exclamou, rindo. – Nós vamos para Paris!
– Vamos? – ele soou animado.
– Sim. Meu novo artigo. Acontece que os leitores te amam tanto que eles querem que você vá junto. O que você acha?
– Acho isso incrível! – ele respondeu. – Mal posso esperar. Quando nós vamos?
– Amanhã.
Ela mordeu os lábios, preocupada com a resposta dele. Ela não precisava ter se incomodado.
– Uau! – Cristiano exclamou. – Maravilha!
No fundo, ela ouviu o som das buzinas e sirenes de ambulância.
– Como está indo seu tour solo por Nova Iorque? – ela perguntou a ele.
– Ótimo – ele respondeu com entusiasmo de criança. – Andei de metrô por vários lugares, caminhei por alguns parques. Agora estou ao lado de um lugar chamado Teardrop Park.
Keira ficou atônita. – Você está bem na esquina do meu escritório!
– Estou? – Cristiano perguntou, surpreso.
– Sim! Você deveria vir me ver – ela adicionou, pensando em como todos na revista queriam conhecê-lo. – Posso te apresentar para algumas pessoas.
– Eu adoraria – ele respondeu.
Keira lhe deu instruções para caminhar pela curta distância até onde o escritório dela estava localizado. Alguns minutos depois, ela o viu virando a esquina ao longe. Sua beleza a deixava atônita, fazendo seu coração palpitar.
Quando ele a alcançou, ela jogou os braços ao redor de seu pescoço e o beijou. Em seguida, pegou sua mão e o conduziu para dentro.
– Pessoal – ela anunciou. – Esse é Cristiano.
Todos se apressaram para conhecê-lo. Denise parecia estar cara a cara com uma celebridade. Lisa parecia estar prestes a desmaiar. Pela primeira vez, Keira sentiu a emoção de estar com alguém a quem todos adoravam, ao invés do medo dele ser roubado dela.
Elliot saiu de seu escritório, avaliando Cristiano com os olhos. Ele claramente aprovou o que viu e veio apertar a mão de Cristiano.
– Keira te contou a novidade? – ele perguntou.
– Sobre Paris? – Cristiano respondeu com um aceno de cabeça. – Sim, e eu mal posso esperar. Muito obrigado por providenciar para que eu também fosse. É um sonho realizado viajar o mundo com a mulher que eu amo.
Ele abraçou Keira, apertando-a contra si. Denise e Lisa visivelmente se derreteram.
Nina foi a próxima a vir conhecer Cristiano. Ao menos ela foi respeitosa o suficiente em não deixar seu queixo cair até o chão. Ela apenas apertou sua mão cordialmente. Mas havia um brilho por trás de seus olhos que fez Keira suspeitar.
– Você sabia que a Stella está vindo hoje? – ela perguntou a Keira.
– Stella, a designer da capa? – Keira respondeu. – Não, por quê?
O olhar de Nina estava atentamente fixo em Cristiano, como que o avaliando. – Estou só pensando em tirar uma foto de perfil de vocês dois. Uma que possamos colocar na assinatura.
Keira franziu a testa. No momento, era seu rosto e biografia na linha de assinatura. Ela era a escritora, no fim das contas. Eram as palavras dela, não de Cristiano.
– Não sei – ela disse, soando um pouco afetada.
– Você está certa – Nina concordou. – A assinatura é muito pequena. Vocês deveriam ser as estrelas da capa.
Elliot começou a aplaudir, animado com a perspectiva.
– Esperem um minuto – Keira exclamou, seus olhos arregalados de choque. Ela olhou para Cristiano. – Não podemos estar na capa.
Cristiano claramente não estava vivenciando o mesmo pavor de Keira. Ele não parecia minimamente intimidado pela sugestão.
Nina e Elliot ignoraram seus protestos, ocupados depois conversando entre si, repassando os detalhes, batendo os dedos nos queixos enquanto examinavam Cristiano como se ele fosse um dos modelos que Stella havia contratado para suas sessões de fotos.
– Pessoal! – Keira exclamou, tentando chamar atenção. – Não vamos fazer isso.
Elliot virou-se para ela finalmente e franziu o cenho. – Seus artigos são os mais populares. É por isso que a maioria dos leitores assina a Viatorum.
Ele falou aquilo com simplicidade, como se não passasse de uma decisão de negócios lógica.
– Nina, talvez devêssemos mostrar a ela o gráfico da pesquisa de mercado? – ele adicionou.
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