Olhando para o Sr. Conversa Fiada, ela pensou ter notado uma leve curvatura em seu lábio superior. Ele estava ouvindo. O problema era que isso não significava que ele estava falando. Talvez ele questionasse os motivos dela. Quem sabe quanto tempo estava preso ali, naquela cela horrível? Ela presumia que ninguém havia lhe demonstrado um grama de bondade. Provavelmente, ele precisaria saber onde estava a lealdade dela.
— Então, o negócio é o seguinte. Quero ajudá-lo. Por mais que eu queira destravar as algemas e libertá-lo, isso não é uma opção. Você tem algo de valor para este centro de pesquisa, e eles não vão deixá-lo partir sem concedê-lo. Mas o que posso fazer é ser uma espécie de mediadora e prevenir qualquer abuso futuro contra você. Se você me ajudar, farei o que puder para ajudá-lo. Mas você precisa confiar em mim. Meu chefe não gostou da minha vinda até aqui, mas concordou em dar uma chance — admitiu ela, abertamente.
Jim não iria deixá-la continuar aquelas visitas se ela não fizesse nenhum progresso. Para ele, era perfeitamente adequado bater naquele homem até a sua submissão. Liv não queria que isso acontecesse. Estava propensa a ajudar aquele homem, se ele a deixasse ajudá-lo.
Olhando para o relógio, ela entrou em pânico quando viu há quanto tempo estava com ele. Seu tempo estava quase acabando. Jim esperava que ela se reportasse a ele após aquela primeira reunião. Se fosse de mãos vazias, ele poderia cancelar o acordo.
— Vamos. Ajude-me. Qualquer coisa, por favor — pediu ela, ficando de joelhos e implorando. Era dramático demais, mas ela estava tentando provar seu ponto de vista. O homem apenas a olhou, sem expressão. Ele não iria ceder um centímetro.
Exalando derrota, ela enfiou a mão na bolsa e tirou seu velho iPod Nano e um conjunto de fones de ouvido. Pelo menos, ela poderia deixar alguma música para ele. Se estivesse acorrentada a uma parede, a música seria sua salvação. Um meio de escapar de sua infelicidade.
— Quero que você fique com isso, caso eu não tenha permissão para voltar. Certifique-se de escondê-los dos outros, sob o colchão — aconselhou Liv, jogando o conjunto na direção dele.
Ele o pegou sem desviar os olhos dos dela. Olhando para trás, ela sentiu o rubor retornar às suas faces, mas não desviou o olhar desta vez.
Se nunca mais o visse, queria que ele soubesse que ela realmente se importava com ele. Esperava que ele o visse em seu íntimo, onde o olhar dele penetrava em sua alma.
Forçando-se a interromper o controle que ele exercia sobre ela, ela se virou para sair da sala.
— Lawson.
O tom de barítono grave enviou um arrepio por sua espinha, e ela se virou para encará-lo. Olhos cinza-aço roubaram seu fôlego e enfraqueceram seus joelhos. Ele lhe disse o seu nome. Uma palavra, mas foi o suficiente.
Sorrindo, ela respondeu:
— É um prazer conhecê-lo, Lawson. — Outra curvatura no lábio superior dele lhe disse que o sentimento era mútuo.
Saindo da sala e fechando a porta, Liv despencou no chão do corredor. Que Deus a ajudasse, estava ofegante. Exultante, triunfante, tonta. Estava em êxtase. Outra vitória para o Time da Liv
Animada para contar a Jim sobre seu pequeno milagre, ela se dirigiu à sala de descanso, onde disse que o encontraria. Certamente haveria vários funcionários almoçando, o que significava que ela não estaria sozinha com ele. Ela não estava com humor para flertar ou lhe dar esperanças, e, com certeza, não estava com humor para seus avanços indesejados. Com sorte, a informação dela agradaria Jim, e ele concordaria que ela deveria continuar vendo Lawson.
E logo após seu encontro com Jim, havia um velho amigo que ela precisava ver. Ele era a única pessoa que conhecia que tinha conexões influentes, para não mencionar bolsos profundos. Se alguém podia ajudar Lawson, era ele.
Lawson .
Só de pensar no nome dele, sentiu outro arrepio percorrer sua espinha.

Liv levou seu jipe até a guarita de segurança e parou, apertando o botão da janela enquanto Nick saía da pequena construção de tijolos.
— Ei, Srta. Kimbro. É bom vê-la de novo — cumprimentou ele com um largo sorriso.
Nick era o guarda do dia na casa de Bart e Liv gostava dele. Era um amor de pessoa, lembrando-a do Papai Noel, com seus cabelos brancos e barba bem aparada.
— Ei, você, Papai Nick. Fico feliz em vê-lo também. Já faz algum tempo — respondeu ela, retribuindo o sorriso.
Os olhos dele brilharam e ele piscou. Estava acostumado com o apelido que ela lhe deu e não parecia nem um pouco ofendido.
— Realmente, faz. Bart está ansioso para vê-la, então vá até a casa. Mas certifique-se de se despedir antes de sair — gritou ele, enquanto ela se afastava de sua posição na guarita.
— Irei — gritou ela de sua janela antes de apertar o botão novamente para evitar o calor do verão. Era um dos verões mais quentes já registrados, e a umidade havia subido muito nos últimos tempos. Não havia nada pior do que sair de casa e sentir que precisava tomar outro banho antes de chegar ao veículo.
Quente ou não, ela amava sua cidade. Belas montanhas, mudança de estações, cultura artística vibrante e uma seleção infinita de restaurantes e vida noturna. Ela gostava de caminhadas, ciclismo e passeios de barco, e as três coisas estavam ao seu alcance em sua cidade natal. Se quisesse se vestir bem para uma noite fora ou relaxar com uma cerveja à beira do lago, ela poderia pular em seu jipe e fazer qualquer coisa, em um espaço de tempo de trinta minutos de sua casa.
E, para sorte dela, Bart tinha um barco incrível que sempre estava disponível para ser levado para um cruzeiro. Como Cassie sempre dizia, você não precisa de um barco, precisa de um amigo com um barco. Liv riu enquanto pensava em sua amiga louca, então desceu de seu jipe e caminhou até os degraus da frente da grande mansão.
Sim, Bart tinha se dado muito bem, supôs ela, olhando para a casa de tijolos aparentes. Ela o conhecia desde o ensino fundamental e foram namorados no ensino médio. Seguiram caminhos separados quando foram para a faculdade, mas permaneceram muito próximos. Bart havia sido presidente do clube de debate e orador da turma de formandos, então Liv não se surpreendeu quando ele seguiu carreira política.
O que a chocou, e a muitas outras pessoas, foi a nomeação de Bart como governador de seu Estado. Era o homem mais jovem a ser empossado no cargo, e isso foi divulgado em todos os noticiários do ano anterior.
Olhando em volta para a grande propriedade, Liv não conseguia imaginar como sua vida teria sido se eles tivessem ficado juntos. A esposa de um governador estava muito longe de sua vida de cupons e lojas de descontos. Felizmente, Bart nunca a tratou com condescendência ou agiu de maneira superior. Não era o estilo dele. Ele era pé no chão e muito carinhoso.
Estendendo a mão para bater na intrincada porta de vidro e chumbo, ela se assustou quando ela porta se abriu e Bart a abraçou com força. Ele era vários centímetros mais alto do que seu metro e setenta e cinco, então seus pés deixaram o chão quando ele a puxou para perto.
— Droga, TKO 1, onde você esteve no mês passado? Senti falta do seu traseiro — admitiu ele, apertando-a com mais força. Se ele não a soltasse, ela poderia acabar com uma costela quebrada.
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