Ele notou que ela usava calças bege e uma blusa preta sob o jaleco. Seu doce aroma ainda o intoxicava, mas ele descobriu que estava um pouco mais no controle de sua libido naquele momento. Outro resultado de seu encontro no jantar com os guardas. Eles o espancaram tanto que ele não conseguia nem ficar excitado.
Ela colocou uma sacola vermelha no chão ao lado dela. Vermelha. Combinava com os longos fios de seu cabelo sedoso. Também era a cor favorita dele. De repente, ocorreu a Lawson que seu cativeiro estava vazio de cor, e aquela mulher era um farol em seu mundo escuro.
De todas as cores, ela era o vermelho. Para ele, representava amor, vida e paixão. Tudo isso era, naquele momento, lembranças distantes do que sua vida havia se tornado.
Sua voz suave chamou a atenção dele.
— Meu nome é Olivia Kimbro, mas meus amigos me chamam de Liv. Sou uma das cientistas pesquisadoras aqui no LPP. Qual é o seu nome? — perguntou ela, alcançando a bolsa e tirando uma prancheta com alguns papéis presos a ela.
Durante todo o tempo em que ele estivera naquele maldito buraco, nem uma única pessoa teve a decência de lhe perguntar algo tão simples como o seu nome.
Não que saber seu nome lhes concedesse o conhecimento que buscavam, mas havia mostrado como aqueles humanos pouco se importavam com a situação dele. Ele a olhou sem dizer nada. Por que deveria compartilhar algo com ela?
Aqueles humanos não lhe trouxeram nada além de dor, tortura e sofrimento. Por que, então, uma mulher de repente estava mostrando interesse, se era isso que acontecia? Poderia ser uma armadilha, por tudo o que ele já conhecia. Na verdade, ele se perguntou por que não haviam enviado uma mulher antes para coagi-lo a mudar de forma.
— Não posso dizer que o culpo pelo seu silêncio. Provavelmente, eu faria a mesma coisa. Que tal isso? Vou contar um pouco sobre mim, e você pode decidir depois se quer conversar comigo. Tenho que avisá-lo, porém, minha história é bastante tediosa — divulgou ela, enquanto enfiava a mão na sacola de novo e puxava uma maçã verde, jogando-a rapidamente para ele.
Levantando a mão, ele a agarrou no ar.
— Uau, bons reflexos — disse Liv, com uma risada. — Presumo que seja uma característica shifter . Nunca havia conhecido um shifter , então perdoe-me se sou uma ignorante.
Lawson gostava do som da voz dela. Era rouca e suave, o que o intrigava. Na verdade, queria se deitar e ouvi-la falar ou talvez ler para ele. Um romance completo, do início ao fim. Ele nem se importava com o que seria, contanto que levasse horas para que ela o concluísse.
Olhando para a fruta verde brilhante em sua palma, ele a virou, estudando-a mais de perto. Mais uma vez, ver cores era uma lufada de ar fresco. A firmeza e a casca imaculada da maçã eram perfeitas, em sua opinião. Ele vivia de aveia fria e pão velho desde que o capturaram. Oh, eles o encheram de vários suplementos para mantê-lo saudável, mas a comida fornecida era sem graça e sem gosto. Ele não sabia se deveria comer a maçã ou pendurá-la na parede como uma bela obra de arte.
— Vai estragar se não comer — comentou ela, como se lesse seus pensamentos.
Ele levou a fruta à boca e deu uma grande mordida. Um gosto agridoce explodiu em sua língua, e ele fechou os olhos, saboreando a experiência. Não conseguia se lembrar de comer nada com tanto sabor. Dando outra mordida, ele gemeu de prazer. Estava fresca e crocante, e tinha o perfume de um dia ensolarado. Mais uma coisa que ele não via há muito tempo.
— Uau, talvez eu devesse tê-la guardado para mim. Minha vizinha, Cassie, chamaria essa expressão em seu rosto de orgástica — disse Olivia, rindo.
Os olhos de Lawson se arregalaram ao vê-la boquiaberta de interesse. Seus atraentes olhos verdes se fixaram nos dele e ele não conseguiu evitar a excitação que disparou em sua virilha com o olhar caloroso dela. Tudo bem, a surra não desencorajou o seu desejo, porque imagine se ele não a desejava.
[bad img format]
* * *
Liv sentiu um rubor se espalhar pelo rosto e rapidamente desviou o foco, olhando para a prancheta enquanto examinava os papéis em anexo. Não havia nenhuma informação pessoal em seu arquivo, apenas os resultados do que os outros cientistas encontraram nas amostras de sangue dele.
Infelizmente, ela não viu nada além de um borrão devido ao seu desconforto, mas manteve o foco em qualquer lugar, menos nele. Os penetrantes olhos cinzentos do shifter a atingiam e brincavam de esconde-esconde. Liv jurou que ele podia ver diretamente em sua alma e isso a fez cruzar e descruzar as pernas enquanto mordia o lábio. Muito enervante. Ela tinha segredos escondidos como qualquer outra pessoa e certamente não precisava daquele homem dissecando seus erros e falhas.
Respire fundo e volte ao seu objetivo , disse a si mesma. Precisava ganhar a confiança dele. Do contrário, ele nunca mudaria de forma e eles precisavam do sangue da forma animal dele. Ela se perguntou em que animal ele se transformava. Urso? Leão? Era impossível dizer apenas olhando para ele, e ela se sentia péssima vendo os múltiplos ferimentos cobrindo o corpo dele.
O que quer que tivesse acontecido entre ele e seu chefe na noite anterior não foi a favor do shifter . Sim, ele matou dois homens, mas eles o estavam espancando sem piedade. Ela viu, com seus próprios olhos. Eles o estavam atacando enquanto ele permanecia indefeso, tentando se proteger.
Agora, o rosto dele estava inchado a ponto de parecer desfigurado. Um olho estava fechado e o outro não estava muito melhor. A parte superior do tronco estava coberta de vergões e a pele, aberta em vários pontos. Seu coração se condoeu pelo abuso que ele suportou.
Julgando pelos músculos enormes, Liv sabia que o homem era incrivelmente forte, mas mesmo um shifter devia ter limitações. Ele parecia que as tinha excedido.
Novamente, sua mente se perguntou sobre o lado animal dele. Ela ouviu que, quando eles se transformavam, não tinham controle sobre as ações de sua fera. Como isso deveria ser primitivo e duro para eles. Parte dela reconhecia que poderia ser libertador, também. A curiosidade sobre o animal dele a estava consumindo. Liv reconheceu que estava um pouco excitada com isso.
Afastando os pensamentos inadequados, ela considerou por onde começar em sua recapitulação de vida nada interessante.
— Então, sou do Tennessee. Cresci não muito longe de Chattanooga e fui para a faculdade comunitária aqui na cidade. Meu pai desapareceu quando eu era muito jovem. Para ser sincera, mal me lembro dele. Não tenho irmãos ou irmãs, mas minha mãe e eu somos muito próximas. Ela é minha melhor amiga. Você tem algum irmão? — divagou ela, finalmente encontrando os olhos dele mais uma vez.
Nenhuma resposta, mas Liv viu algo faiscar nas orbes cinza-aço do shifter . Seria porque ela falou sobre a família dele? Ele tinha uma família, e eles o estavam procurando? Muitas perguntas passaram por sua mente.
Há quanto tempo ele vinha sendo mantido em cativeiro? Como havia sido capturado? Por que era tão resistente? Parecia que ele deveria querer ajudar a salvar vidas, se pudesse. Ela precisava fazer com que ele se abrisse, se quisesse descobrir o que estava acontecendo em seu local de trabalho.
— De qualquer forma… tenho trinta anos, não tenho filhos e nunca me casei. Hmmm, minha cor favorita é rosa, gosto de dançar, amo comida italiana, não bebo muito álcool, mas tomo chá doce como se estivesse para acabar e… oh, o mais importante, vou dominar o mundo, assim que descobrir o segredo de como ganhar dinheiro em tubos de ensaio — declarou ela, com naturalidade, e começou a rir. Sim, essa última parte foi uma piada. Ela e Cassie diziam que elas viviam um dia de cada vez.
Читать дальше