August Nemo - Romancistas Essenciais - Coelho Neto

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Romancistas Essenciais - Coelho Neto: краткое содержание, описание и аннотация

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Na coleção Romancistas Essenciais o crítico August Nemo apresenta autores que fazem parte da história da literatura em língua portuguesa.
Neste volume temos Coelho Neto, escritor, político, professor e membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Foi popular em sua época, snsiderado o «Príncipe dos Prosadores Brasileiros», numa votação realizada em 1928 pela revista O Malho. Apesar disto, foi consideravelmente combatido pelos modernistas, sendo pouco lido desde então, em verdadeiro ostracismo intelectual e literário.
Não deixe de conferir os demais volumes desta série!
Essa obra inclui:
– Turbilhão.
– A Conquista.

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Ah! nunca mais a veria! nunca mais! Orgulhosa, como era, sentindo-se desprezada, nunca mais tornaria a casa, preferindo à humilhação a vida miserável. Felícia, arrastando um móvel na sala de jantar, interrompeu o silêncio. A velha sentou-se na cama e chamou a negra, que acudiu logo, com um martelo na mão.

— Ah! Felícia, não posso dormir pensando em Violante.

A negra coçou a cabeça e, encostando-se à cômoda, pensativa, disse baixinho, depois de um silêncio:

— Olhe, minh'ama, eu me lembrei de uma coisa... Tenho medo de falar por causa de nhonhô.

— Que é?

— Hum! para vosmecê ir dizer... Eu, não. Não quero história comigo.

— Eu sou criança, Felícia?

A negra ainda hesitou, mas aproximando-se da cama, cochichou em voz misteriosa:

— Minh'ama não se lembra do meu reumatismo?

— Sim.

— Vosmecê sabe que eu andei por aí tudo, na mão de uma porção de médicos, gastando os cabelos da cabeça, e nem para trás, nem para diante. Vosmecê sabe.

— Sim.

— Nem vosmecê é capaz de imaginar como foi que fiquei boa.

— Não.

— É, mas se eu disser vosmecê não acredita; é até capaz de pensar que estou maluca. Eu sei.

— Ora, Felícia...

— Vosmecê acredita?

— Não sei: fala.

— Pois foi com o espiritismo - sussurrou, curvada, d'olhos muito abertos.

— Com o espiritismo?

— Sim, senhora. Foi com uma água que eu trouxe lá da sociedade.

— E tu acreditas nessas coisas, rapariga?

— Como acredito em Nosso Senhor que está no céu, minh'ama, - afirmou de mãos postas.

Dona Júlia acomodou-se na cama e a negra, caminhando em pontas de pés, encostou a porta do quarto, voltando para junto da velha, com uma ânsia de proselitismo.

— Olhe, minh'ama, quando Nhá Violante saiu, eu quis ir lá perguntar por ela; não fui porque não tive tempo, mas estou certa de que os espíritos hão de dizer a verdade. A gente, pedindo com fé, consegue tudo. Eu vi, minh'ama. Quando foi pela revolta, uma perda, que tinha um filho soldado, foi lá saber notícia dele, e apareceu um espírito dizendo que ele tinha morrido num lugar desses.

Dona Júlia puxou o lençol, sentindo um grande frio nas costas como se, pela fresta da porta, esfuziasse uma corrente de ar; e Felícia continuou:

— Depois, quando tudo acabou, os companheiros do rapaz procuraram a mulher e repetiram, tintim por tintim, tudo quanto o espírito tinha dito. Eu vi, minh'ama! - e, inclinando-se, rebaixou com dois dedos as pálpebras moles, mostrando os grandes olhos brancacentos. - Vosmecê com essa gente da polícia não arranja nada. Se vosmecê quiser experimentar, como nhonhô sai todas as noites, eu levo vosmecê lá. Todo o mundo fala, mas vendo é que é.

Dona Júlia meditava, sentindo-se atraída pelo mistério e, longo tempo calada, as mãos cruzadas ao colo, os olhos baixos, esteve pensando nas palavras sibilinas da negra. Por fim levantou a cabeça:

— E para entrar?

— Vamos juntas. Olhe, Dona Castorina, lá da outra rua, foi uma noite comigo por causa da doença do marido e agora vai sempre: é sócia.

— E se Paulo souber?

— Como é que ele há de saber? Só se vosmecê disser. Olhe, daqui - e bateu nos beiços afunilados - daqui não sai nada. A gente vai, minh'ama faz a sua consulta e está aí.

— Em que dias é?

— Todos os dias há reza e depois há consulta; amanhã mesmo.

Dona Júlia pôs os olhos no Senhor dos Passos, como a pedir-lhe conselho; ouvindo, porém, a tosse do filho, estremeceu assustada, mostrando a porta à negra. Felícia foi-se à sorrelfa.

Só, no quarto novo, impressionada com o que ouvira, com a acuidade dos sentidos própria dos assombrados, Dona Júlia ouvia arrepiadamente os mais leves ruídos: ora era um móvel que estalava ríspido, ora a crepitação da lamparina. Na rua tiniam as campainhas dos bondes. O cheiro oleoso de tinta tornava-se mais forte e denso e, de instante a instante, um golpe de ar frio, penetrando, ia gelar-lhe o corpo.

Idéias sinistras esvoaçavam-lhe no espírito alvoroçado. Passeava olhares pelo quarto, ainda desconhecido, como a procurar a causa da estranha sensação que a aterrava. A negra, que, até então, tivera como uma criatura simples, assumira aos seus olhos o aspecto macabro duma bruxa evocadora de mortos. Sentia no quarto a passagem fluídica dos imateriais, as invisíveis borboletas da morte andavam por ali como as falenas noturnas esvoaçando em redor da luz.

Faltava-lhe o ar, um grande peso oprimia-lhe o peito, sombras tênues fluíam diante dos seus olhos escancelados e, de quando em quando, feria sinistramente o silêncio o estalo seco dum móvel.

"Ah! minha Nossa Senhora, para que Felícia veio falar dessas histórias agora de noite!? A gente já anda com a cabeça tão cheia de coisas..." A porta foi-se abrindo lentamente, surdamente.

Com o coração precipitado voltou-se hirta, agarrando-se à maçaneta da cama, a boca meio aberta e seca e, de olhos na porta, viu as pupilas fosforescentes do gato que alimiavam como dois fogos-fátuos. Enxotou-o e o animal, escabreado, num pulo, desapareceu.

Deitou-se muito encolhida, com os olhos nos santos, rezando. Mas um surdo rumor, que parecia subir do soalho, como um gemido abafado, aterrou-a. "Ah! meu Deus, Felícia não podia ter deixado essas conversas para amanhã?..."

Falando, porém, não tirava a atenção do rumor soturno que vinha tristonhamente, de instante a instante, como o arquejar oprimido de um emparedado. O ouvido, porém, foi-se habituando e ela reconheceu a voz grave do mar que desenrolava as ondas ali perto, na praia. "Ah! minha filha..."

Fechou os olhos, logo, porém, abriu-os, por lhe parecer haver sentido leve sussurro como de asas de beija-flores - nada: a chama da lamparina, esguia no morrão em forma de cravo, esfiava um filete de fumo. Passou a mão pela fronte, encolhendo-se mais. O sono fugia-lhe dos olhos, o coração batia-lhe com tanta força que ela o ouvia distintamente. Era o medo que a empolgava - tinha vontade de mover-se e temia esticar uma perna, dobrar um braço, respirar mais alto. Que haveria debaixo da cama? e lá fora? e dentro da noite? sombras, sombras peregrinas, sombras errantes, o hálito apavorante que os sepulcros exalam. "Ah! minha Nossa Senhora!"

Violante, porém, voltou-lhe à lembrança foi como uma luz rompendo trevas. Era também uma visão de morta. Reminiscências surgiram como espectros; o marido, um menino que ela vira morrer de febres, e a mãe, tão velha na morte! sorrindo e sumindo-se vagarosamente como se, além mesmo, no espaço, lhe fosse penoso andar.

Uma recordação, porém, assombrou-a: a morte dum velho negro. antigo escravo da família. Viu-o esgrouviado, agonizando, contorcendo-se, a boca escancelada, os olhos em alvo, numa aflição inconcebível. grugulhando, com o peito nu, ripado pelas costelas salientes, o ventre cavado, a pedir ar, ar, ar...! Levantou-se da cama descalça, a tremer e medrosa, como se sentisse duendes pela casa, passou à sala de jantar e, no escuro, pôs-se a bater na mesa com a mão espalmada, chamando:

— Felícia! Felícia!

A negra, em fraldas de camisa, apareceu sobressaltada:

— Que é, minh'ama?

As duas mulheres encontraram-se na sala escura.

— Ah! Felícia, para que havia você de falar dessas coisas agora... Não posso dormir.

— Minh'ama está com medo?

Dona Júlia respondeu com um fundo suspiro recolhendo-se ao leito.

— Agora tem paciência: vem ficar comigo.

— Eu vou buscar a minha cama. - E tornou à sala voltando, pouco depois, com uma esteira enrolada; estendeu-a e, forrando-a com um cobertor cinzento, sentou-se. O seu busto negro, magro, destacava-se da camisa branca, que lhe escorria pelo peito linguajado pelas mamas pelancudas. Baixinho, com a sua voz misteriosa, perguntou de novo: Minh'ama está com medo?

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