Claro, roupas de grife e sapatos que esmagam os dedos eram uma parte que eu não me importava em cortar.
Agora só precisava de um lugar alugado para pagar.
Eu toquei o pequeno buraco começando a desfiar ao longo da borda da minha camiseta e pensei comigo mesma que a última coisa que eu precisava agora era outro cara. Eu estava deixando a garota-dependente-de-algo de lado e estava me tornando a Mulher de Negócios Independente.
A Garota Barista chamou a minha atenção quando terminei a minha inspeção do será-que-esta-camisa-pode-ser-salva.
— Talvez um pouco de maquiagem também. Você sabe. Só um pouco de rímel e gloss.
— Meu mocha está pronto? — Sério. Ela achava que esse era o caminho para uma boa gorjeta? Irritar os clientes até que eles paguem para serem deixados em paz?
Eu balancei minha bolsa de moedas. Provavelmente estava muito leve para pagar por aquela bênção.
— Ainda não. — Ela olhou para o copo de viagem vazio em sua mão. — Então, a teoria. Caras. Eles tendem a se avaliarem bem alto, enquanto colocam as mulheres muito abaixo facilmente. Portanto, vamos supor que cerca de oitenta e cinco por cento das mulheres se enquadrem nesse grupo de aparência média. Algumas são classificadas como acima, na média superior, como a classe média alta, e algumas são classificadas abaixo na escala. Mas todas elas caem no meio da curva do sino.
Olhei para a mão dela, aquela com meu copo vazio, esperando que ela terminasse para que eu pudesse voltar ao trabalho. Eu tinha uma empresa para lançar.
— De qualquer forma — continuou ela, colocando meu copo, ainda vazio, na mesa. — Caras não vivem na mesma curva de sino. Quando eles veem aquelas dez por cento das garotas realmente lindas e gostosas, setenta por cento dos caras pensam que essa garota pode ser obtida. Esses setenta por cento estão reduzindo o QGC (Quociente da Garota Comum) significativamente. Pense nisso. Se um cara que está classificado como seis pensa que pode namorar uma nove, quem as garotas seis vão namorar?
O que me deixava assustada era que ela estava realmente fazendo sentido.
Mais do que assustada. Olhei para o lado de fora, só para ver se havia quaisquer outros sinais do apocalipse se aproximando.
— Então, todos aqueles caras da média superior se avaliam acima de uma garota acima da média.
— E os outros trinta por cento dos homens? — perguntei. O que eu estava pensando? Para onde foi a vozinha que vivia na minha cabeça? Que deveria estar gritando, Não dê corda! Não se envolva!
— Bem, a porção mais baixa, os homens abaixo da média, sabem do seu lugar. Eles aceitaram que estão entre os quinze por cento da margem inferior e encontraram uma garota em seu nível de atração. Pense nisso. Você vê uma garota. Você sabe que é bem mais bonita do que ela, mas ela tem namorado. Normalmente não paramos e pensamos, Que bom! Mas eu não namoraria com ele. Nós apenas ficamos presas na coisa toda do ela tem namorado e eu não.
Quem soava a dor de cotovelo agora, Garota Barista?
— Isso ainda deixa cerca de quinze por cento dos caras. — Por que eu ainda estava me torturando assim?
— Sim. — A Garota Barista acenou com a cabeça. — Sim. Você está absolutamente certa. E a maioria deles já tem alguém. Eles foram espertos. Eles agarraram uma ótima garota e estão mantendo-a. O resto deles estão apenas descobrindo o que devem fazer. É melhor você se recompor e se manter uma oito antes de ficar velha demais.
Velha demais?
Eu tinha vinte e seis anos. Para o que exatamente eu ficaria velha demais?
— Posso pegar minha bebida?
A frieza na minha voz deve ter ficado óbvia porque ela fez uma careta e começou a fazer o que quer que eles fizessem atrás do balcão para criar aquele mágico mocha. É melhor eu aproveitar agora. Com minha nova falta de renda, os mochas não ficariam mais na coluna de necessidades básicas onde costumavam residir.
Assim que a Garota Barista Criadora de Teorias terminou minha maravilha espumosa, peguei um guardanapo e voltei para a minha mesa de trabalho, ou melhor, minha poltrona confortável e mesa de centro, no canto da cafeteria.
— Não dê ouvidos a ela. — A voz era suave, meio que aguda no final. Combinava com a garota de uma maneira estranha. Ela devia ter mais ou menos a minha idade, com cabelo castanho claro emoldurando um rosto de fada por trás dos óculos.
— Desculpa?
— Não dê ouvidos a ela. Ela está errada. — A garota olhou para o balcão antes de se mexer na cadeira para olhar para mim. — Ok, ela pode não estar errada. A teoria provavelmente é válida. Mas ela tem cerca de nove anos e você não pode colocar um número em algumas coisas.
— Eu gostaria de acreditar que isso seja verdade. Especialmente porque aquele cenário não me favorece muito neste momento. — Não havia nada de atraente em ser sem-teto. Mais um motivo para colocar o meu negócio em funcionamento.
Toda a ideia de que eu tinha que sempre me virar sozinha me irritou ontem à noite. Havia uma razão que “para melhor ou para pior” fazia parte dos votos matrimoniais. Mas isso era algo de um relacionamento real . Não um que você pensasse que era real, mas aparentemente era apenas uma conveniência para uma das partes. Mais uma razão para Jason e eu não sermos casados. E agora, de jeito nenhum eu procuraria um relacionamento enquanto estivesse sem teto e desempregada.
Claro, de jeito nenhum eu procuraria por um relacionamento por um bom tempo de qualquer maneira. Eu estava declarando que a esfera de três metros ao meu redor era uma zona livre de homens. Posso até fazer voltar a moda das saias gigantescas só para fazer cumprir essa nova sanção.
Mas, a garota não tinha terminado.
— Meu namorado, Ben… — Ela abriu um sorriso bobo no rosto. — Ele é maravilhoso. Tipo, o segundo cara mais lindo que eu conheço. Sério. Eu pareço o tipo de garota que um cara bonito se interessaria?
Quase balancei a cabeça. Não porque ela não fosse bonita. Ela era. De uma maneira fofa, a garota-da-casa-ao-lado-que-é-um-tanto-nerd. Eu tinha certeza de que os caras ficariam atraídos por ela apenas por causa de todo aquele brilho vindo dela. E os óculos. Eu nunca tive inveja de meninas com óculos, mas ela parecia usá-los como se fossem apenas parte de seu visual.
Claro, isso poderia ser apenas o brilho de um relacionamento novo, mas eu estava supondo que ela já era adorável mesmo na era pré-Ben.
— Me chamo Jenna Drake. — Ela se inclinou sobre a mesa de centro, a mão estendida.
Foi um gesto muito acolhedor. Ela simplesmente não era uma daquelas pessoas que você dispensava rudemente porque estava tentando trabalhar. Além disso, o nome dela era vagamente familiar enquanto eu lutava para lembrar de onde. Eu estava realmente, realmente esperando que não tivéssemos frequentado a escola juntas ou algo assim.
Era a última coisa que eu precisava. A famosa rede de fofoca da minha pequena cidade ainda estava viva e bem. Minha mãe me ligaria trinta segundos depois de ouvir sobre meu novo status, e eu receberia um sermão sobre as mulheres que vivem sozinhas no mundo.
Obviamente, minha mãe havia acidentalmente voltado no tempo para os anos 40.
Aos seus olhos, só havia uma coisa pior do que não ser casada… ser solteira.
— Kasey Lane.
— Uau! — Ela puxou um caderninho vermelho e rabiscou nele. — É um ótimo nome. Vou roubá-lo com certeza.
Roubar meu nome? Como um roubo de identidade? Eu não tinha certeza do que mais ela estaria falando, mas ela não tinha nenhuma das minhas informações, então percebi que eu estava bastante segura. Eu só teria que me lembrar de não deixar minha bolsa sozinha… ou jogar minha nota fiscal fora.
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