Rebekah Lewis - Cortejando Um Semideus Arrogante

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Um conde arrogante se apaixona por uma linda jovem... mas tem que competir pelo amor da moça contra um duque invejoso. Um romance histórico com uma pitada de sobrenatural!
Bryce Stirling, o Conde de Winterthorne, não quer de jeito nenhum viajar ao interior inglês para o casamento da prima, Ione, com o filho de um visconde. Mas, quando se abriga na estufa de Summerfield, fugindo dos convidados, pega-se cativado no mesmo instante pela linda mulher que escolheu o mesmo local para se esconder da família – e de um tristão persistente que a deseja para si. A senhorita Wendelin Harlow tem três irmãos mais velhos e superprotetores. Assim que o sedutor Lorde Shellington se interessa por ela no casamento, seus irmãos entram em ação, e Wendelin busca o conforto da estufa para evitar todos eles. Quando encontra o Conde de Winterthorne, deseja conhecer melhor o homem misterioso de quem sempre falam na alta sociedade – mas quase nunca é visto. Não demora para os dois imortais descobrirem que estão interessados pela mesma mulher, e Bryce, de alguma maneira, permite que o Lorde Shellington o convenca a participar de uma aposta pelo amor da senhorita Harlow. Quem ganhar, leva a mulher, mas o perdedor terá que abrir mão da imortalidade.
Translator: Mariana C. Dias

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A voz da mãe, vinda da carruagem logo atrás, lembrou-a do porquê estava ali, e seu nervosismo subiu-lhe a garganta como um cardume de peixinhos. De fato, havia ficado surpresa e um tantinho animada quando recebeu o convite para o baile e descobriu, com ainda mais euforia, quem seria o anfitrião. A mãe tinha ficado mais do que alegre, pois o baile dos Winterthorne era reservado apenas para o alto escalão da sociedade. Apesar do pai dela ser um visconde, ninguém de sua família jamais havia recebido um convite para aquele evento.

Teria ela causado uma boa impressão no Lorde Winterthorne quando o conheceu ano passado? Os dois não tiveram chance de conversar depois daquele encontro secreto na estufa, e ela mal podia esperar pra contar ao homem que as rosas plantadas por ela, no verão passado, tinham sobrevivido sem quaisquer dificuldades. Na verdade, o jardineiro havia conseguido plantar diversas flores por toda a propriedade, e todas cresceram onde, antigamente, nem sequer teriam nascido. Ele estava certo quanto a não desistir. Obviamente, pelas flores ao redor da casa dele, o conde tinha talento quando se tratava de saber como e quando plantar qualquer coisa. Seria entediante da parte dela perguntar ao lorde sobre suas habilidades de jardinagem, ou ele gostaria do assunto? A moça não sabia quantos cavalheiros se importavam com plantas, então não teve certeza de quais seriam os limites envolta da questão.

— Bem — disse a mãe, animada, enquanto o pai de Wendelin ajudava a esposa a descer da carruagem, assim como tinha feito com a filha minutos antes. — Aqui estamos, então. Certifique-se de conseguir pelo menos uma ou duas danças com o conde. Acho que não vai ser difícil, levando em consideração que ele a convidou pessoalmente. — Georgina Harlow, Viscondessa de Summerfield, estava ansiosa para acompanhar a única filha e para arrastar o visconde consigo. Estava claro que esperava que o Conde de Winterthorne fosse pedir a mão da filha naquela mesma noite, e queria que o pai estivesse presente para que a permissão pudesse ser obtida.

Wendelin escondeu a vontade de revirar os olhos. O conde, com certeza, tinha sido gentil, nada mais. Ela era uma nova amiga que ele havia conhecido no casamento do irmão dela. Se os papéis estivessem invertidos, ela também haveria considerado enviar um convite a ele. Isso não indicava o interesse do homem. Se realmente estivesse interessado dela, não a teria visitado em algum momento ao longo do ano passado?

Mas, de vez em quando, ela imaginava… caso não tivessem sido descobertos pelo Lorde Shelligton, ele a teria tentado beijar? Wendelin sacudiu a ideia para longe. Com certeza, a mãe estar dando uma de cupido havia começado a afetar os seus pensamentos, e não lhe faria bem algum desejar algo que apenas terminaria em decepção. A moça queria um amor apaixonante como o que seu irmão James tinha com a esposa, cujo namoro tumultuado havia sido cheio de aventura e resgates arriscados no mar – mas, talvez, sem a parte de quase se afogar e de levar um tiro. Não queria ser cortejada de maneira educada, adequada ou discreta como o irmão Michael tinha feito com a esposa. Não que a esposa dele fosse inadequada ou algo do tipo.

Wendelin queria sua própria aventura. Ou, pelo menos… algo emocionante e inesperado. Ousado e escandaloso. A mãe ficaria horrorizada se pudesse ouvir os pensamentos da filha. Por sorte, quando entraram na casa, deixou as ideias de lado.

O interior da casa era tão abundante em vegetação quanto o lado de fora. Flores e plantas novinhas em folha adornavam todas as alcovas. Era tudo tão lindo, que ela se pegou deslizando os dedos sobre as pétalas delicadas de um lírio no salão de baile, assimilando os arredores.

— Wendelin — sibilou a mãe. — Por que você está perdendo tempo aí no canto? Vá encontrar o conde e assegurar uma dança.

— Tá bem, estou indo. — A mãe deveria realmente estar querendo colocar a filha para fora de casa o quanto antes. Wendelin não se via como um grande incômodo, mas todas as debutantes se tornavam mulheres mais cedo do que tarde. Claro, esta seria a sua primeira Temporada. Seu baile de apresentação tinha ocorrido na primavera, mas ela não havia comparecido a muitos eventos recentemente.

Nem o Lorde Winterthorne ou o Lorde Shelligton tinham comparecido.

Ela suspeitava que, talvez, houvesse imaginado algum interesse dos dois antes do convite para o baile de Winterthorne chegar. Talvez, ele estivesse ocupado com outras coisas ou ainda sequer estivesse na cidade. Suspirando, Wendelin afastou os devaneios da mente. Não ajudaria em nada cultivar tamanha fascinação por um cavalheiro como o Lorde Winterthorne. Afinal de contas, ele era conhecido por ser frio e arrogante. O que um homem desses poderia oferecer a ela, exceto sua boa aparência e um título?

Ele não foi frio comigo nem me oprimiu. E, quando falou sobre flores, seus olhos se iluminaram com tanta admiração…

— Eu realmente preciso parar de sonhar acordada com essas bobagens fantasiosas.

— É mesmo? — Um timbre masculino a fez congelar no lugar. — E o que uma lady tão bonita quanto você considera fantasia?

Wendelin se virou, colocando a mão sobre o coração.

— Lorde Shelligton… Desculpa, Vossa Graça, mas você me assustou. Não percebi que eu tinha falado aquilo em voz alta. — Ele a devia achar muito esquisita. A moça piscou quando o viu, pois sua linda feição nunca falhava em pegá-la desprevenida em um primeiro momento. O cabelo dele era tão preto que, sob algumas luzes, parecia azul-escuro. Mas, claro, era impossível que alguém tivesse o cabelo dessa cor. Ela vestia preto por completo, exceto pelo peitilho de um tom suave de verde-mar, que combinava com os seus olhos de cor nada comum.

Lorde Shelligton fez desfeita às palavras dela.

— Nunca se desculpe por sonhar acordada. Até mesmo as coisas mais impossíveis podem se realizar.

Mas que coisa peculiar de ser dita. Ainda assim, seria bom se lembrar de que, logo, estaria casada. Ainda nesta Temporada, se dependesse da mãe. E era melhor abandonar os sonhos ao assumir as responsabilidades de esposa. Infelizmente, isso…

— Você está mais radiante do que nunca, Senhorita Harlow. — O duque sorriu para ela, exibindo uma covinha na bochecha esquerda. — Me daria a honra de sua primeira dança?

Adrenalina a percorreu. A mãe ficaria muito satisfeita quando soubesse que a primeira dança da filha naquela noite seria com um duque. Mas… Wendelin não conseguiu impedir os olhos de passearem por todas as pessoas no salão, esperando encontrar o anfitrião esquivo. No entanto, foi uma tentativa que não deu em nada, pois o Lorde Winterthorne não estava em lugar algum.

— Claro, Vossa Graça. Seria um prazer. — Lorde Shelligton a levou para a pista quando a quadrilha começou. Honestamente, ela ficou aliviada por não ser uma valsa tão cedo na noite. Sempre virara uma poça de nervos nas valsas. E, bem… havia algo em Lorde Shelligton que a mantinha alerta. Ah, claro, ele era bonito e gentil. Mas havia algo, logo abaixo da superfície de cada toque, em cada encontro de olhares. Um arrepio que indicava algo perigoso, proibido. Quase como se os instintos dela a avisassem para não ficar sozinha com ele.

Havia experienciado a mesma coisa no casamento do irmão, mas, com tantas pessoas ao redor, não sentiu medo naquela data, assim como não sentiu hoje. Riu de si mesma quando trocou de parceiro na dança, afastando-se, por enquanto, do duque. Era apenas o nervosismo e o medo que toda jovem sentia perante a possibilidade de um escândalo, de ser arruinada por um libertino. Nada mais.

Sim, nada mais. Pare de ser tola.

Quando a dança acabou, suas bochechas doíam de tanto sorrir. Gostava muito de dançar. Era uma das poucas vezes que podia colocar a sua energia em jogo sem levar uma bronca. Se dependesse da vontade da alta sociedade, todas as ladies estariam debruçadas em cantos, bordando pela eternidade. Ora! Wendelin desejava a liberdade do interior, o vento no cabelo, a grama sob as solas descalças. Um jardim rodeando-a. Era isso o que ela queria. Por mais que amasse dançar, preferiria estar longe da cidade, se pudesse. Mas que cavalheiro lhe permitiria tal coisa, ainda mais se acabasse casada com alguém como o Duque de Shelligton?

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