Жозе Сарамаго - O Evangelho Segundo Jesus Cristo
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- Название:O Evangelho Segundo Jesus Cristo
- Автор:
- Издательство:Companhia das Letras
- Жанр:
- Год:2000
- ISBN:9788571642096
- Рейтинг книги:5 / 5. Голосов: 1
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José Saramago – O Evangelho segundo Jesus Cristo
é a Inquisição, A Inquisição é outra história interminável, Quero saber, Seria melhor que não soubesses, Insisto, Vais sofrer na tua vida de hoje remorsos que são do futuro, E tu, não, Deus é Deus, não tem remorsos, Pois eu, se já levo esta carga de ter de morrer por ti, também posso aguentar os remorsos que deviam ser teus, Preferia poupar-te, De facto, não tens feito outra coisa desde que nasci, És um ingrato, como são todos os filhos, Deixemo-nos de fingimentos, diz-me o que vai ser a Inquisição, A Inquisição, também chamada Tribunal do Santo Ofício, é o mal necessário, o instrumento crudelíssimo com que debelaremos a infecção que um dia, e por longo tempo, se instalará no corpo da tua Igreja por via das nefandas heresias em geral e seus derivados e consequentes menores, a que se somam umas quantas perversões do físico e do moral, o que, tudo reunido e posto no mesmo saco de horrores, sem preocupações de prioridade e ordem, incluirá luteranos e calvinistas, molinistas e judaizantes, sodomitas e feiticeiros, mazelas algumas que serão do futuro, outras de todos os tempos, E, sendo a necessidade que dizes, como procederá a Inquisição para reduzir esses males, A Inquisição é uma polícia e é um tribunal, por isso haverá de prender, julgar e condenar como fazem os tribunais e as polícias, Condenará a quê, Ao cárcere, ao degredo, à fogueira, À fogueira, dizes, Sim, vão morrer queimados, no futuro, milhares e milhares e milhares de homens e mulheres, De alguns já me tinhas falado antes, Esses foram lançados à fogueira por crerem em ti, os outros sê-lo-ão por duvidarem, Não é permitido duvidar de mim, Não, Mas nós podemos duvidar de que o Júpiter dos romanos seja deus, O único Deus sou eu, eu sou o Senhor, e tu és o meu Filho, Morrerão milhares, Centenas de milhares, Morrerão centenas de milhares de homens e mulheres, a terra encher-se-á de gritos de dor, de uivos e roncos de agonia, o fumo dos queimados cobrirá o sol, a gordura deles rechinará sobre as brasas, o cheiro agoniará, e tudo isto será por minha culpa, Não por tua culpa, por tua causa, Pai, afasta de mim este cálice, Que tu o bebas é a condição do meu poder e da tua glória, Não quero esta glória, Mas eu quero esse poder. O nevoeiro afastou-se para onde estivera antes, via-se uma pouca de água ao redor do barco, lisa e baça, sem uma ruga de vento ou uma agitação de barbatana passando. Então o Diabo disse, É preciso ser-se Deus para gostar tanto de sangue. i O nevoeiro voltou a avançar, alguma coisa estava para acontecer ainda, outra revelação, outra dor, outro remorso. Mas foi Pastor quem falou, Tenho uma proposta a fazer-te, disse, dirigindo-se a Deus, e Deus, surpreendido, Uma proposta, tu, e que proposta vem a ser essa, o tom era irónico, superior, capaz de reduzir ao silêncio qualquer que não fosse o Diabo, conhecido e familiar de longa data. Pastor fez um silêncio, como se procurasse as melhores palavras, e explicou, Ouvi com grande atenção tudo quanto foi dito nesta barca, e embora já tivesse, por minha conta, entrevisto uns clarões e umas sombras no futuro, não cuidei que os clarões fossem de fogueiras e as sombras de tanta gente morta, E isso incomoda-te, Não devia incomodar-me, uma vez que sou o Diabo, e o Diabo sempre alguma coisa aproveita da morte, e mesmo mais do que tu, pois não precisa de demonstração que o inferno sempre será mais povoado do " que o céu, Então de que te queixas, Não me queixo, proponho, Propõe lá, mas depressa, que não posso ficar aqui eternamente, Tu sabes, ninguém melhor do que tu o sabe, que o Diabo também tem coração, Sim, mas fazes mau uso dele, Quero hoje fazer bom uso do coração que tenho, aceito e quero que o teu poder se alargue a todos os extremos da terra, sem que tenha de morrer tanta gente, e pois que de tudo aquilo que te desobedece e nega, dizes tu que é fruto do Mal que eu sou e ando a governar no mundo, a minha proposta é que tornes a receber-me no teu céu, perdoado dos males passados pelos que no futuro não terei de cometer, que aceites e guardes a minha obediência, como nos tempos felizes em que fui um dos teus anjos predilectos, Lúcifer me chamavas, o que a luz levava, antes que uma ambição de ser igual a ti me devorasse a alma e me fizesse rebelar contra a tua autoridade, E por que haveria eu de receber-te e perdoar-te, não me dirás, Porque se o fizeres, se usares comigo, agora, daquele mesmo perdão que no futuro prometerás tão facilmente à esquerda e à direita, então acaba-se aqui hoje o Mal, teu filho não precisará morrer, o teu reino será, não apenas esta terra de hebreus, mas o mundo inteiro, conhecido e por conhecer, e mais do que o mundo, o universo, por toda a parte o Bem governará, e eu cantarei, na última e humilde fila dos anjos que te permaneceram fiéis, mais fiel então do que todos, porque arrependido, eu cantarei os teus louvores, tudo terminará como se não tivesse sido, tudo começará a ser como se dessa maneira devesse ser sempre, Lá que tens talento para enredar almas e perdê-las, isso sabia eu, mas um discurso assim nunca te tinha ouvido, um talento oratório, uma lábia, não há dúvida, quase me convencias, Não me aceitas, não me perdoas, Não te aceito, não te perdoo, quero-te 135
José Saramago – O Evangelho segundo Jesus Cristo
como és, e, se possível, ainda pior do que és agora, Porquê, Porque este Bem que eu sou não existiria sem esse Mal que tu és, um Bem que tivesse de existir sem ti seria inconcebível, a um tal ponto que nem eu posso imaginá-lo, enfim, se tu acabas, eu acabo, para que eu seja o Bem, é necessário que tu continues a ser o Mal, se o Diabo não vive como Diabo, Deus não vive como Deus, a morte de um seria a morte do outro, É a tua última palavra, A primeira e a última, a primeira porque foi a primeira vez que a disse, a última porque não a repetirei. Pastor encolheu os ombros e falou para Jesus, Que não se diga que o Diabo não tentou um dia a Deus, e, levantando-se, ia passar uma perna por cima da borda do barco, mas de súbito suspendeu o movimento e disse, Tens no teu alforge uma coisa que me pertence. Jesus não se lembrava de ter trazido o alforge para o barco, mas a verdade é que ele ali estava, enrolado, aos seus pés, Que coisa, perguntou, e, abrindo-o, viu que dentro não havia mais do que a velha tigela negra que de Nazaré trouxera, Isto, Isso, respondeu o Diabo, e tomou-lha das mãos, Um dia voltará ao teu poder, mas tu não chegarás a saber que a tens. Meteu a tigela por dentro da grosseira roupa de pastor que vestia e desceu para a água. Não olhou Deus, apenas disse, como se falasse a um auditório de invisíveis, Até sempre, já que ele assim o quis. Jesus seguiu-o com os olhos, Pastor ia-se afastando a pouco e pouco em direcção ao nevoeiro, não se lembrara de lhe perguntar por que capricho viera e se retirava assim, a nado, à distância era outra vez como um porco com as orelhas espetadas, ouviam-se os resfolgos bestiais, mas um ouvido fino não teria dificuldade em perceber que havia também ali um som de medo, não de afogar-se, que ideia, o Diabo, acabámos de sabê-lo mesmo agora, não acaba, mas de ter de existir para sempre. Já Pastor se perdia na fímbria esgarçada da névoa quando a voz de Deus de repente soou, rápida, como quem já vai de partida, Mandarei um homem chamado João para te ajudar, mas terás de convencê-lo de que és quem dirás ser. Jesus olhou, mas Deus já ali não estava. No mesmo instante o nevoeiro levantou-se e desfez-se no ar, deixando o mar limpo e liso de uma ponta à outra, entre os montes e os montes, na água nem um sinal do Diabo, no ar nem um sinal de Deus. Na margem donde tinha vindo viu Jesus, apesar da distância, um grande ajuntamento de pessoas, e muitas tendas armadas por trás da multidão, como se aquele lugar se tivesse transformado em local de permanência de uma gente que, não sendo dali, e portanto não tendo onde dormir, fora obrigada a organizar-se por sua conta. Achando o caso curioso, mas nada mais, Jesus meteu os remos na água e orientou a barca naquela direcção. Ao olhar por cima do ombro, observou que estavam a ser empurrados alguns barcos para a água, e, firmando melhor a vista, reconheceu dentro deles Simão e André, e Tiago e João, de mistura com outros que não se lembrava de ter visto, uns tantos sim, de andarem por aqui. Em pouco tempo se aproximaram, tanto era o empenho com que manejavam os remos, e, chegando à fala, gritou Simão, Onde estiveste, o que queria saber não era isto, claro, mas tinha de começar de alguma maneira, Aqui no mar, respondeu Jesus, palavras tão desnecessárias umas como outras, em verdade não parecem principiar bem as comunicações na nova época da vida do filho de Deus, de Maria e de José. Daí a um nada, enfim, saltava Simão para a barca de Jesus, e o incompreensível, o impossível, o absurdo foi conhecido, Sabes quanto tempo estiveste no mar, no meio do nevoeiro, sem que nós pudéssemos lançar os nossos barcos à água, que uma força invencível de cada vez nos empurrava para trás, perguntou Simão, O dia todo, foi a resposta de Jesus, um dia e uma noite, acrescentou, para corresponder à excitação de Simão com uma expectativa semelhante, Quarenta dias, gritou Simão, e em voz mais baixa, Quarenta dias estiveste ali, quarenta dias em que o nevoeiro não se levantou nem um bocadinho, como se quisesse esconder da nossa vista o que dentro dele se passava, que estiveste lá a fazer, que em quarenta contados dias nem um só peixe nos foi permitido tirar destas águas. Jesus deixara para Simão um dos remos, agora vinham os dois remando e conversando de concerto, ombro com ombro, pausados, o melhor que há para uma confidência, por isso antes que se acercassem outros barcos disse Jesus, Estive com Deus e sei o meu futuro, o tempo que viverei e a vida depois da minha vida, Como é ele, como é Deus, quero dizer, Deus não se mostra numa única forma, tanto pode aparecer numa nuvem, numa coluna de fumo, como vir de judeu rico, conhecemo-lo mais pela voz, depois de o termos ouvido uma vez, Que te disse ele, Que sou seu Filho, Confirmou, Sim, confirmou, Então, o Diabo tinha razão quando foi daquele caso dos porcos, O Diabo também esteve agora no barco, presenciou tudo, parece saber tanto de mim como Deus, mas há ocasiões em que penso que sabe ainda mais do que Deus, E onde, Onde, quê, Onde estavam eles, O Diabo na borda do barco, aí mesmo, entre ti e Deus, que ficou no banquinho da popa, Que te disse Deus, Que sou seu filho e serei crucificado, Vais 136
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