Continuamos seguindo em frente firme e fortes. A cada passo, aumentamos a nossa concentração, dedicação e esforço pois era o mínimo exigido de nós a fim de que pudéssemos continuar nossa aventura. O que encontraríamos ou aonde chegaríamos? Não tínhamos a mínima ideia, a ansiedade e o nervosismo eram grandiosos, mas permanecíamos no controle devido as nossas experiências anteriores e a atual. Assim avançamos gradativamente. Com um pouco mais de tempo, finalmente chegamos ao destino. Estávamos na região leste, numa planície extensa, sem vegetação, rodeado por rochas vermelhas. Aproximamo-nos do centro, da grande pedra. Antes que pudéssemos alcançá-la, Angel para e pede que façamos o mesmo. E Explica:
—Vocês devem subir na pedra e tentar novamente a co-visão. Sigam os meus conselhos anteriores e tentem evoluir. Cuidado para não ultrapassarem a linha do futuro nem tentar entendê-la.
—Está bem. (Respondemos em coro)
Dito isto, caminhamos mais alguns passos, subimos na pedra sagrada, damos as mãos e nos concentramos. Relaxamos, meditamos e quando começamos a entrar em sintonia, nossos espíritos desprendem-se da parte corpórea. Ficamos um em frente ao outro. Como da outra vez, somos separados por uma força superior e atacados simultaneamente por homens encapuzados. Da minha parte, transformo-me no vidente, e uso um pouco os meus poderes a fim de me defender. Apesar dos meus esforços, meu adversário se mostra muito hábil e perigoso. Basicamente, só me defendo. Já Renato, profere oração silenciosas que aprendera com sua mestre e mãe, a guardiã da montanha, e leva um pouco de vantagem.
A luta continua. Às vezes, consigo contragolpear,ás vezes sou atingido. Percebo que o objetivo maior dos nossos inimigos era nos separar. Então tento fugir da luta, mas sou impedido. Do outro lado, Renato finalmente consegue prender o inimigo e lançá-lo de voltas ás trevas. Uso sua motivação e sabedoria, os conselhos do hindu, e finalmente consigo derrubar meu adversário no chão. Corro para junto de Renato, tento abraçá-lo mas antes que eu o alcance, algo me atinge por trás. Afastamo-nos novamente e ao voltar para trás e tocar no inimigo, tenho a seguinte visão: Era uma vez, num reino distante localizado no sudoeste da Ásia, um rei muito rígido e poderoso. Ele se chamava Arthur. Herdeiro único do antigo rei Otacílio, dominava uma larga região com mão de ferro. No entanto, no terceiro ano de seu reinado, seu império ficou ameaçado por uma seca que provocou uma crise econômica. Os nobres (A elite) Já não tinham dinheiro para pagar seus pesados impostos e em breve provavelmente iria a ruína e talvez até perdesse sua condição de monarca. Acuado, consultou seus conselheiros mais próximos, exigiu uma solução, mas nenhuma ideia sugerida lhe pareceu boa o bastante. Contrariado, mandou enforcá-los. Ao chegar a noite, foi dormir tentando achar uma solução. Porém, depois amanhecera e nada de resultados. Então resolveu sair um pouco e foi passear no jardim. Caminhando, triste e sozinho, encontrou um de seus serviçais no caminho que ao perceber sua situação catastrófica, resolveu perguntar como podia ajudar. O Rei, explicou a situação e que precisava de alguém que o aconselhasse e lhe desse uma solução plausível para a crise no reino. O empregado que se chamava Assis disse que conhecia alguém esperto o bastante, seu próprio filho. Mesmo sem acreditar, o rei permitiu que o trouxesse em sua presença a fim de conhecê-lo. Ao encontrá-lo, perguntou como sair da crise que se instalara no estado. O jovem pensou um pouco e deu uma solução: —Use o tesouro do reino, a metade para amenizar a fome do povo e as despesas públicas e quando passar a seca use a outra metade para fomentar a agricultura e a reforma agrária. O ano que vem promete ser muito bom. A fim de alcançar sucesso, nunca desampare os pobres pois são estes que sustentam as suas regalias. Impressionado com a resposta, Arthur refletiu um pouco, aprovou a sugestão, e resolveu tomar uma atitude drástica: Entregou seu cargo de Rei aquele jovem pois este sim era digno dele, pois sabia compreender as necessidades dos súditos e falou com sabedoria e ciência sobre uma questão relevante. “Ter ciência é conhecer, entender e compreender não só os sinais da natureza, como a tecnologia, mas também aplicá-los com sabedoria no momento certo.”
A visão termina. O homem encapuzado se afasta, e de um solavanco eu e Renato voltamos aos nossos corpos físicos. Despertamos, levantamos, saímos de cima da pedra e reencontramos Angel. O mesmo retoma o diálogo.
—E aí? O que sentiram nesta experiência?
—Senti que estamos muito perto. Por pouco, não obtemos êxito na co-visão tendo apenas a visão sobre o dom de ciência. Tudo se encaminha para a revelação. (O vidente)
—É verdade. Conseguimos vencer nossos adversários internos. Agora, só falta um pouco mais de entrosamento. (Renato)
—Muito bem. Parabéns. Aproveitem o momento e tentem absorver a maior quantidade de informação possível referente a este dom. Será muito útil para vocês. Agora, retornemos a trilha. Conversaremos depois, em casa. (Angel)
Obedecemos o nosso mestre atual e começamos a fazer o percurso de volta. Agora, estávamos a um passo da primeira revelação e quando tivéssemos a segunda, poderíamos chegar ao objetivo final: “O encontro entre dois mundos”. Porém, tínhamos consciência de que havia muita água a rolar por baixo desta ponte. Evolução era a palavra chave da vez.
No caminho, entramos em contato novamente com os animais, a vegetação, o ar puro e o clima agreste local. Desta vez, andamos sem pressa e sem maiores preocupações pois tínhamos cumprido mais uma etapa. Agora, nos restavam mais uma naquela região. Será que continuaríamos a ter sucesso? Se dependesse de nossa dedicação e empenho, esperávamos que sim. Além do mais, estava ao nosso lado um guerreiro secular que com sua experiência nos fizera evoluir muito e obter todas as conquistas até o presente momento. Tudo estava ao nosso favor.
Continuamos seguindo em frente, acompanhando Angel, que nos dá todas as explicações necessárias. Fala da vida, do nosso futuro, do projeto e como evitar o fracasso, o medo e o desespero. Mentalmente, anotamos tudo e usaríamos isto quando fosse necessário. Aproveitamos a ocasião e sanamos algumas dúvidas pertinentes. Quando tudo está esclarecido, o silêncio impera, avançamos ainda mais e logo ultrapassamos a metade do percurso.
Um pouco mais adiante, passamos perto do local onde os mutantes se manifestaram e isto me provoca arrepios. O que os tinha impulsionado a se manifestar tão claramente? Analisando a situação, concluo que o fato deles ainda não encontrarem a tão esperada paz devia estar os sufocando e eles, ante minha presença, aproveitaram para nos pressionar e vencer todos os obstáculos. Isto aumentava ainda mais a nossa responsabilidade perante o mundo e os leitores. Mas “se estávamos na chuva era para nos molhar” e faríamos o possível e o impossível a fim de satisfazer todas as expectativas.
Continuamos a caminhar com Angel ao nosso lado, aparentemente alheio a tudo que está ao seu redor. Aproveito para observá-lo um pouco e constato um homem misterioso,introspectivo,experiente,desbravador de preconceitos, que amou e foi amado, um homem além do seu tempo. Desde quando o conheci, aprendi a admirá-lo pelo seu exemplo e por um pouco de sua história de vida que chegara aos meus ouvidos.Com o seu auxílio, já compreendíamos cinco dons e aprendemos a valorizar as coisas boas da vida. Certamente, depois que tudo acabasse, não o esqueceríamos jamais. Continuamos na nossa saga.
Um tempo depois, finalmente nos aproximamos do nosso destino (a residência de Angel). Impulsionados pela fé, força e coragem completamos o trajeto restante, abrimos a porta, entramos, fechamos a porta, e nos dirigimos a pequena sala para conversarmos um pouco mais. Sentamos nas cadeiras disponíveis, ficamos de frente uns aos outros e Angel toma a palavra:
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