Ela puxou as mãos de repente e interrompeu o beijo. Ela olhou para o chão, com medo de ver a decepção nos olhos dele.
"Espere," disse ela. "Harry... Eu sinto muito... Eu não consigo—"
"Eu sei," disse ele, claramente, um pouco frustrado e triste. "Eu sei é—"
Mackenzie deu um grande suspiro e, em seguida, se afastou dele. Ela se virou, incapaz de lidar com a confusão e dor que os olhos dele expressavam. "Nós não podemos. Eu não consigo. Sinto muito.”
"Está tudo bem," ele disse, ainda claramente perturbado. "Amanhã é um grande dia e já é tarde. Então, eu estou de saída antes que eu me importe por ter sido derrubado mais uma vez.”
"Ela virou para olhá-lo e concordou. Ela não se importava com os comentários maldosos. Ela meio que merecia.
"Isso deve ser bom no fim das contas," disse ela.
Harry deslizou sua camisa de volta, com tinta espalhada nela, e lentamente se dirigiu para a porta. "Bom trabalho hoje à noite," ele disse ao sair. "Não havia dúvidas de que você seria a vencedora."
"Obrigado", Mackenzie disse, sem muita expressão. "E Harry... realmente, eu sinto muito. Eu não sei o que está me impedindo.
"Ele deu de ombros quando abriu a porta. "Tudo bem,” disse ele. "Apenas...Eu realmente não consigo fazer isso por muito mais tempo."
"Eu sei," ela disse com tristeza.
"Boa noite, Mac."
Ele fechou a porta e Mackenzie foi deixada a sós. Ela estava na cozinha, olhando para o relógio. Era 01:15 e ela nem estava cansada. Talvez o pequeno exercício de Hogan Alley tinha levado muita adrenalina para a sua corrente sanguínea.
Ainda assim, ela tentou ir para a cama, mas passou a maior parte da noite se mexendo e virando. Em algum tipo de estado de semi-sono, ela tinha sonhos dos quais ela mal se lembrava, mas a única coisa consistente para cada um deles era o rosto de seu pai, sorrindo, orgulhoso por ela ter chegado tão longe, ela estava se formando a partir de amanhã na Academia.
Mas, apesar desse sorriso, não havia outra coisa consistente para os sonhos, algo com o qual tinha se acostumado há muito tempo, como um refúgio frequente, uma vez que as luzes se apagaram e o sono veio: o olhar morto em seus olhos e todo aquele sangue.
Embora Mackenzie tivesse acertado o seu alarme para oito horas, ela foi acordada de um jeito agitado pela vibração do seu telefone celular às 6:45. Ela gemeu quando despertou. Se for o Harry, pedindo desculpas por algo que ele nem sequer fez, eu vou matá-lo, pensou. Ainda meio adormecida, ela pegou o telefone e olhou para a tela com os olhos enevoados.
Ela ficou aliviada ao ver que não era o Harry, mas Colby.
Intrigada, ela respondeu. Colby não era tradicionalmente alguém que acordava cedo e elas não se falavam a mais de uma semana. Colby, certinha como é, provavelmente estava apenas pirando sobre a graduação e a incerteza do seu futuro. Colby era a única amiga que Mackenzie tinha aqui em Quantico, de modo que ela fez tudo o que podia para garantir que a amizade perdurasse, mesmo se isso significasse atender uma chamada no início da manhã do dia de graduação, depois de ter dormido só quatro anos e meia de sono na noite anterior.
“Ei, Colby,” disse ela. "O que foi?"
"Você estava dormindo?" Colby perguntou.
"Sim."
"Meu Deus. Eu sinto muito. Imaginei que você estaria acordada esta manhã, com tudo o que está acontecendo.”
"É apenas uma graduação", disse Mackenzie.
"Ah! Eu gostaria que fosse só isso," disse Colby numa voz ligeiramente histérica.
"Você está bem?" Mackenzie perguntou, sentando-se lentamente na cama.
"Eu ficarei bem," disse Colby. "Olha... Você acha que consegue me encontrar na Starbucks da Fifth Street?"
"Quando?"
"Assim que você pode chegar lá. Estou saindo agora.”
"Mackenzie não queria ir—ela realmente não queria nem sair da cama. Mas nunca tinha ouvido Colby assim. E em um dia tão importante, ela achou que deveria tentar estar presente para a amiga.
"Preciso de cerca de vinte minutos," disse Mackenzie.
Com um suspiro, Mackenzie saiu da cama e teve o cuidado de pegar apenas o básico em termos de se arrumar. Ela escovou os dentes, colocou uma blusa de moletom com capuz e calça de corrida, prendeu o cabelo em um rabo de cavalo desleixado e depois saiu.
Enquanto ela caminhava os seis blocos para a 5th Street, o peso daquele dia começou a cair sobre ela. Ela estava se formando na academia do FBI hoje, pouco antes do meio-dia, entre os cinco por cento melhores de sua classe. Ao contrário da maioria dos graduados que conheceu ao longo das últimas vinte semanas, ela não teria qualquer familiar presente para ajudá-la a comemorar esta realização. Ela estaria sozinha, como na maior parte de sua vida, desde a idade de dezesseis anos. Ela estava tentando se convencer de que isso não a incomodava, mas incomodou. Isso não criou tristeza nela, mas uma espécie estranha de angústia que era tão antiga que se tornou entediante.
Quando chegou ao Starbucks, ela ainda notou que o trânsito estava um pouco mais pesado do que o habitual, provavelmente a família e os amigos de outros graduados. Ela deixou pra lá, apesar de tudo. Ela passou os últimos dez anos de sua vida tentando não dar a mínima para o que sua mãe e sua irmã pensavam dela, então por que começar com isso agora?
Quando ela entrou no Starbucks, ela viu que Colby já estava lá. Ela estava bebendo em uma xícara e olhando pensativamente para a janela. Havia uma outra xícara na frente dela; Mackenzie assumiu que era para ela. Ela se sentou em frente a Colby e fez uma demonstração de como estava cansada, estreitando os olhos de uma forma mal-humorada ao se assentar.
"Este é o meu?" Perguntou Mackenzie, pegando a segunda xícara.
"Sim," disse Colby. Ela parecia cansada, triste e completamente mal humorada.
"Então, o que há de errado?" Perguntou Mackenzie, ignorando qualquer tentativa de Colby fugir do assunto.
"Eu não estou me graduando," disse Colby.
"O quê?", perguntou Mackenzie, genuinamente surpresa. "Eu pensei que você tinha passado com sucesso em tudo."
"Eu passei. Só que... Eu não sei. Só de estar na academia eu fiquei exausta.
"Colby... Você não pode estar falando sério.”
"Seu tom de voz tinha saiu com alguma força, mas ela não se importava. Aquela não era a Colby, de jeito nenhum. Essa decisão tinha sido tomada com algum exame de consciência. Não era por acaso, não era o último suspiro dramático de uma mulher atormentada e nervosa.
Como ela poderia simplesmente desistir?
"Mas eu estou falando sério," disse Colby. "Eu realmente não sou apaixonada por isso desde as últimas três semanas ou mais. Eu ia para casa alguns dias e chorava sozinha, porque eu me sentia presa. Eu só não quero mais isso.”
"Mackenzie estava atordoada, ela mal sabia o que dizer.
"Bem, o dia de graduação é um inferno para tomar essa decisão."
Colby deu de ombros e olhou para trás para fora da janela. Ela parecia abatida. Derrotada.
"Colby... Você não pode cair fora. Não faça isso." O que estava na ponta da língua, mas ela não disse foi: Se você sair agora, estas últimas vinte semanas não significarão nada. Isso também faz de você uma desistente.
"Ah, mas eu realmente não estou caindo fora," disse Colby. "Eu vou para a graduação hoje. Eu tenho que fazer isso, na verdade. Meus pais vieram da Flórida, então eu meio que preciso ir. Mas depois de hoje, será assim.”
"Quando Mackenzie tinha começado a academia, os instrutores avisaram que a taxa de abandono entre os agentes potenciais durante as vinte semanas de Academia era de cerca de vinte por cento—e tinha chegado a trinta no passado. Mas pensar em Colby entre esses números simplesmente não fazia sentido.
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