“Você também vem, Emily?” perguntou Chantelle quando chegaram ao carro.
Ela abriu a porta de trás e ajudou-a a entrar. “Eu não posso”, explicou. “Minhas amigas estão chegando. Amy e Jayne. Você se lembra delas”.
Chantelle fez uma careta. Ela não gostou muito das amigas que Emily tinha em Nova York da última vez que vieram. Emily não podia culpá-la. Elas não eram tão carinhosas e calmas como o vovô Roy. Fechou a porta e Daniel ligou o motor da caminhonete.
“Divirtam-se!”, gritou, acenando para sua família.
Pode não parecer a imagem convencional de uma família, mas era sua e isso era o que importava para Emily.
Assim que viraram a esquina e sumiram de vista, Emily viu o carro de Amy aparecer do outro lado. De repente, lhe ocorreu que, apesar do dia anterior ter sido uma loucura, agora é que a loucura estava prestes a começar.
“Desculpe o atraso!” Amy exclamou enquanto saía do carro. “Eu quis muito resolver tudo em um dia, mas houve um problema com um de nossos fornecedores japoneses e demorou um século para resolver.”
“Um pesadelo de marketing”, Jayne acrescentou, saindo do lado do passageiro. “Combinado ao fato de termos de ficar em um hotel nojento de beira de estrada”.
“Estou feliz por terem chegado”, Emily respondeu, abraçando-as.
Amy abriu o porta-malas e começou a tirar várias sacolas. Emily observou que ela trouxe muita bagagem.
“Para que tudo isso?” perguntou, levantando uma caixa da parte de trás. Pesava uma tonelada.
“Coisas para o casamento”, respondeu Amy. “Amostras para esquemas de cores. Tecidos. Fragrâncias. Um monte de coisas”.
“Mas já está tudo organizado”, protestou Emily.
Amy revirou os olhos. “Você vai mudar de ideia várias vezes. Até o último segundo. Que tipo de amiga eu seria se não tivesse trazido algo para cobrir todas as eventualidades?”
Emily riu. Não conseguia se ver mudando de ideia, mas confiava em Amy. Além disso, sua amiga estava sempre mais feliz quando tinha um projeto, por isso havia se tornado uma empresária de sucesso ainda na adolescência.
“Cadê o gostosão?” perguntou Jayne.
“Você quer dizer, Daniel?” respondeu Emily, levantando uma sobrancelha. “Ele foi à cidade com Chantelle e meu pai. Foram comprar algumas coisas para consertar a estufa”.
“Seu pai, hein...” disse Jayne, balançando a cabeça com o que Emily reconheceu como descrença. “Nem acreditei quando Amy me contou. Eu não esperava por essa”.
Amy lançou-lhe um olhar penetrante.
“Que foi?” Jayne disse, defensivamente. “Só achei que ele estivesse morto.”
Então Lois apareceu para ajudá-las com as caixas. Arrastou duas ao longo da calçada e subiu com elas os degraus da varanda.
“Ela ainda está aqui?” perguntou Jayne em voz alta pelo canto da boca. “Eu pensei que você a tivesse demitido”.
Emily balançou a cabeça. “Fale baixo”, sussurrou.
Elas entraram e Lois fez o check-in. “Posso mostrar seus quartos e pegar algumas de suas caixas”, disse ela.
Amy pareceu impressionada. “Finalmente ela aprendeu a fazer seu trabalho!”, sussurrou para Emily enquanto Lois começava a arrastar algumas das malas para o andar de cima.
Emily se encolheu. Adorava suas amigas, mas elas às vezes podiam ser rudes e insensíveis.
“Preciso de um banho”, disse Jayne. “Pra tirar um pouco da sujeira do hotel decadente do meu corpo!”
Enquanto elas desapareciam no andar de cima para se acomodar e se refrescar, Emily ouviu a campainha tocar. Sabia que hoje seria agitado. Então, desceu os degraus e atendeu a porta.
Era uma jovem de óculos e cabelos negros encaracolados. Usava brincos e muitos colares de contas pendurados sobre um lenço com estampa indiana.
“Oi, eu sou Bryony”, disse ela confiante, estendendo a mão coberta de anéis.
“A amiga de Serena, da Universidade do Maine. Estou aqui para fazer o marketing do site.” Então, sorriu, mostrando uma lacuna entre os dentes.
“Claro”, disse Emily. “Entre.”
Bryony entrou, trazendo consigo um cheiro forte de incenso. Tinha um estojo para laptop pendurado em um dos ombros.
“Posso trabalhar na recepção?” perguntou ela, apontando para o lounge.
“Sim, é claro. Do que você precisa?”, respondeu Emily.
“Da senha de Wi-Fi”, respondeu Bryony. “Ah, e um café seria ótimo. Não vivo sem”.
“Então, somos duas”, Emily respondeu.
Emily foi buscar um café para Bryony, mas não teve muita chance de falar com ela porque a campainha tocou novamente. Teve que ir atender a porta.
Desta vez era um homem magro com calças de couro. Por baixo do chapéu fedora, dava para ver que ele tinha cabelos compridos. Usava óculos escuros. Ela sabia que alguns dos amigos de Daniel chegariam hoje, mas esse homem não parecia ser o tipo de amizade que o noivo teria.
“Posso ajudá-lo?” perguntou Emily.
“Eu tenho uma reserva,” disse o homem. Ele tinha um certo ar de superioridade, que emanava confiança.
Quando Emily o levou para dentro e foi para trás da recepção, ouviu sussurros vindo de algum lugar. Olhou para trás e viu Marnie, Vanessa e Tracey espiando por trás da porta da cozinha, rindo.
Quando Emily se virou, viu que o homem havia tirado os óculos de sol e, para sua surpresa, notou que seu rosto era muito familiar. Era o famoso cantor Roman Westbrook.
“Sr. Westbrook?” disse Emily, tentando manter a compostura, mas surtando ao mesmo tempo. Pensar que sua pequena pousada iria hospedar alguém famoso! Ela realmente tinha ido longe!
“Pode me chamar de Roman.”
Emily sentiu uma onda de animação percorrer seu corpo dela.
“O senhor reservou o nosso chalé por duas semanas”, observou ela, lendo em voz alta o que havia na tela do computador. Ela viu que Serena havia feito a reserva e se perguntou por que cargas d'água sua amiga não tinha lhe contado sobre o famoso cantor. Era improvável que Serena não soubesse quem era Roman Westbrook. Ela deve ter mantido em segredo especificamente para surpreendê-la.
Emily se virou e notou os dedos tremendo ao pegar as chaves do chalé. Atrás da porta da cozinha, viu Marnie, Vanessa e Tracey ainda observando, com olhos esbugalhados e risonhas. Emily sorriu para elas, com uma expressão ao mesmo tempo surpresa e animada.
Lois apareceu no topo da escada, após ter acomodado Amy e Jayne em seus quartos. Ela parou na escadaria e arregalou os olhos ao ver Roman Westbrook em pé no corredor.
Emily lutou arduamente para manter a compostura, voltando-se para Roman e sorrindo sua melhor expressão de recepcionista profissional. “Se quiser me acompanhar, posso mostrar-lhe seu quarto”.
Ela o conduziu pelo corredor e saiu pela porta principal, virando-se para olhar para trás e ver se Lois ainda estava congelada na escada. Vanessa, Marnie e Tracey tinham saído da cozinha, andando na ponta dos pés até chegarem o mais perto possível, dando risadinhas como um grupo de estudantes. Lois galopou pelas escadas e se juntou a elas, sussurrando animadamente por baixo da mão.
Emily guiou Roman até o chalé, seu coração vibrando toda vez que se permitia pensar em quem caminhava a seu lado. Quando ela chegou na porta, destrancou-a, um pouco desajeitada por causa da emoção, e gesticulou para Roman entrar.
“Está ótimo” disse Roman, examinando o chalé, satisfeito.
Emily sentiu-se empolgada ao saber que sua pequena pousada era boa o suficiente para uma estrela pop do calibre de Roman Westbrook! Parecia um sonho.
Mostrou-lhe o quarto, o banheiro e alguns eletrodomésticos que ele teria à disposição, beliscando-se o tempo todo, pensando, Será que eu acabei de mostrar à Roman Westbrook uma máquina de lavar e secar roupa / um forno / uma cafeteira? Isto é real?
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