Quando chegou a hora de entregar as chaves e seus dedos se tocaram, Emily sentiu os joelhos fracos, como se fosse uma adolescente. Não era todo dia que se fazia contato pele a pele com um famoso ídolo pop!
“Vou deixá-lo se acomodar”, disse Emily. “A pousada está sempre aberta para os hóspedes, então sinta-se à vontade para entrar quando quiser. Temos um bar e um lounge no interior da casa maior”.
Roman deu a ela um de seus famosos sorrisos.
Ela saiu da cabana, sentindo-se leve, como se estivesse andando nas nuvens, e correu de volta para a pousada para compartilhar a experiência com sua equipe.
Quando voltou, encontrou as quatro amigas ainda rindo.
Lois estava ao lado do computador. “Foi Serena quem digitou os dados dele”, anunciou. “Aposto que não disse uma palavra porque queria fazer uma surpresa.”
“Bem, funcionou”, Marnie riu, juntando-se a Lois. Então, apontou para o computador com entusiasmo. “Meu Deus. Ele ficará aqui por DUAS SEMANAS!”
“Isso significa que ele estará aqui para o casamento!” gritou Lois. Todas começaram a chorar e comemorar ao mesmo tempo.
“Eu me pergunto por que ele está na cidade...” disse Tracey.
“Não deve estar de férias”, acrescentou Marnie. “Ele poderia passar férias em qualquer lugar do mundo. Eu duvido que queira passar aqui.”
“Talvez ele esteja gravando seu novo álbum aqui?” imaginou Tracey.
“Em que estúdio de gravação?” exclamou Vanessa.
“Talvez ele esteja gravando um vídeo!” gritou Lois, ainda mais animada. “E todas nós poderemos ser figurantes!”
A campainha tocou novamente, mas elas estavam tão envolvidas na conversa que nem pareciam ouvir; pelo menos foi o que Emily pensou, pois nenhuma se moveu. Então, ela mesma se encarregou de atender a porta.
Com sua equipe feminina fazendo barulho ao fundo, ela abriu a porta e viu três homens de pé nos degraus. Corpulentos. Tatuados. De aparência rude, jeans desbotados e jaquetas de couro remendadas. Emily se perguntou se eles faziam parte da comitiva de Roman Westwood. Seguranças, ou algo assim. Certamente não pareciam estar aqui para absorver curtir a brisa do litoral.
“Posso ajudá-los?” perguntou ela.
“Estamos aqui por causa de Daniel”, disse um deles. “Ouvi dizer que ele vai se casar com alguém de Nova York!”
Então, começaram a rir.
“Somos seus amigos”, acrescentou um deles. “Os padrinhos dele”.
Emily sentiu o sangue sumir do seu rosto. Estes eram os amigos “do colégio”, de quem o noivo lhe havia falado? Os que ela insistiu que fossem convidados? Os que estariamm na festa de casamento?
Abriu a boca para dizer-lhes para entrar, mas descobriu que estava sem voz. Tudo o que conseguiu emitir foi um guincho estridente e o mais fraco dos sorrisos.
Emily ainda estava lá, parada e boquiaberta como um peixe fora d'água, olhando para os homens tatuados que logo estariam em sua festa de casamento, quando viu a caminhonete de Daniel se aproximar.
“Deve ser o noivo!”, disse um dos homens tatuados, virando-se.
A caminhonete desacelerou até parar e Daniel saiu de um modo que não era familiar para Emily. Ela observou atordoada enquanto os três homens desciam os degraus da varanda e “atacavam” Daniel.
Espero que não machuquem o rosto dele, ela pensou, encolhendo-se ao ver os velhos amigos se reunindo.
Finalmente, o rosto de Daniel ressurgiu da confusão de jeans e couro. Seu rosto estava corado, com um sorriso largo. A essa altura, Roy tinha aberto a porta do lado do passageiro e já estava na metade do caminho. Para surpresa de Emily, ele também sorria.
“Olha só, não é que vocês três cresceram?”, brincou seu pai.
“Este é Roy?” disse o primeiro homem.
“Eu disse que era aqui!” o segundo gritou, batendo o terceiro no peito.
“Foi há décadas”, o terceiro argumentou. “Como eu iria lembrar?”
“Porque foram as melhores férias que tivemos!” exclamou o primeiro.
Roy emergiu estendeu a mão. “Stuart?”
O homem assentiu. “Sim. E você se lembra de Clyde e Evan?” gesticulou ele primeiro para o homem com a barba ruiva e desgrenhada, depois para o homem mais baixo e obeso.
“Como eu poderia esquecer aquele fim de semana quando Daniel convidou vocês para pescar?” respondeu Roy.
“Foi ótimo”, acrescentou Evan. “Sabe, acho que não nos reunimos mais desde aquele fim de semana”.
“Então vocês são os padrinhos, eu presumo?” perguntou Roy.
Stuart deu um largo sorriso. “Claro que somos. É justo que os amigos mais antigos estejam na festa de casamento”.
“Mesmo se não nos vemos há mais de uma década”, acrescentou Evan.
“Vocês conheceram a minha filha, Emily?” disse Roy, apontando para onde Emily continuava a assistir, incrédula. “Eu nunca imaginei que Daniel se casaria com minha princesinha um dia!”
Agora foi a vez dos três amigos parecerem chocados. Olharam para Emily na porta, boquiabertos. Mas, em vez de parecerem envergonhados pelo engano, Emily percebeu que estavam satisfeitos. Eles eram claramente o tipo de homem que gosta de envergonhar os outros. Ela se encolheu interiormente.
“Esta é a patroa?” exclamou Clyde. “Ora, por que ela não disse logo?”
Ele riu e correu em direção a Emily. Então, puxou-a para um abraço de urso. Previsivelmente, ele fedia a suor.
Emily tentou manter a compostura. Mas por dentro estava em pânico. Não queria julgar Daniel pela escolha das suas amizades, especialmente se fossem velhos amigos de infância – crianças pequenas tendem a escolher seus amigos ao acaso – mas ela simplesmente não conseguia conciliar os quatro juntos. Aquilo era chegar perto demais do passado rebelde de Daniel. Um vislumbre do homem que ele já foi e poderia facilmente ter se tornado se não tivesse deixado o Maine para morar no Tennessee. Na verdade, ela deveria ser grata por ele ter escolhido esses três, já que a outra opção eram os amigos do Tennessee que conheciam Sheila.
Nesse momento, Chantelle desceu da caminhonete e olhou superficialmente na direção dos três homens. Mas não se intimidou. Estava acostumada a pessoas desconhecidas na pousada e certamente já viu muitos valentões como estes quando viveu no Tennessee.
“Vovô Roy, podemos começar a trabalhar na estufa, por favor?” ela perguntou.
“É claro”, disse Roy. Voltando sua atenção para Stuart, Clyde e Evan, acrescentou, educado como sempre: “Se os senhores me derem licença”.
Roy e Chantelle se ocuparam em descarregar a caminhonete de todos os itens que haviam comprado.
“Vou mostrar-lhes o lugar”, disse Daniel aos seus amigos.
Eles passaram por Emily e entraram na pousada.
Ela os observou entrar, ainda atordoada, ainda incapaz de conciliar Daniel com esses três homens corpulentos. Virou-se para segui-los até o interior da casa, a tempo de ver Amy e Jayne descendo a escada.
Stuart assobiou para as duas mulheres e Emily fez uma careta. Nenhuma de suas amigas era do tipo que deixava passar esse tipo de coisa. Nem mesmo Jayne, que geralmente adorava a atenção masculina. Com medo do que aquilo pudesse desencadear, Emily se adiantou para evitar o pior.
“Amy, Jayne”, ela quase gritou. “Vocês gostaram dos seus quartos?”
Amy apertou os olhos para encarar Stuart, mas teve que desviá-los para a amiga. “Sim. Obrigada, Em. Mas nós temos que começar a trabalhar. Temos muitas coisas a fazer.”
“Sério?” disse Emily com um gemido. Parecia que tudo o que vinha fazendo há semanas era planejar o casamento. Será que ainda havia algo a fazer? Mas, por outro lado, sair um pouco da pousada era provavelmente uma boa ideia. Quanto menos tempo gasto com os amigos de Daniel, melhor. “Ok”, aceitou ela. “Vamos sair daqui.”
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