— Contêiner (|) chegou! — exclamou o coordenador. — Time de inspeção, conduza uma análise completa do conteúdo.
Quatro Kerianos, também com figuras meio bizarras, correram para o objeto, e depois de mergulhá-lo em uma pequena área de ancoragem contendo uma solução à base de amônia, começaram a verificá-lo internamente. Apenas alguns minutos se passaram quando o menor dos quatro Kerianos anunciou: — Novecentos e noventa almas presentes, todas em perfeitas condições. Estou enviando o registro de eventos gravados pela cápsula para o sistema central.
— No monitor — ordenou RTY imperativamente.
As imagens mostravam a superfície da Lua rapidamente se afastando, enquanto um grande objeto perfeitamente esférico se aproximava da área do laboratório subterrâneo /\. Depois de alguns instantes, um clarão ofuscante quase saturou a filmagem e logo depois, não havia nada. A área inteira estava como se tivesse sido atingida por um martelo gigante. As imagens somente mostravam uma enorme área plana de solo lunar, incrivelmente lisa e polida. A gravação continuou por alguns instantes, mostrando o satélite se afastando gradualmente, depois foi interrompida.
— O laboratório! — exclamou RTY, estupefato. — Foi totalmente destruído.
— Não sobrou nada — comentou o coordenador amargamente. — A gravação terminou.
— Isso foi um ataque descarado e intencional à nossa base. Eu sabia que não devíamos ter confiado naquela espécie alienígena.
— Acha que essa arma esférica foi construída por eles?
— Só existem dois planetas habitados nesse sistema solar, e existem seres dessa espécie em ambos. Não devíamos ter estabelecido a nossa base lá.
— É uma tragédia abominável — disse o coordenador Keriano, lamentando. — Havia quase dez milhões de almas no laboratório, prontas para serem transferidas. Somente as novecentos e noventa que conseguiram escapar do desastre na cápsula (|) foram salvas.
— Ainda não posso acreditar — exclamou RTY, atônito. — Devemos notificar o Supremo TYK imediatamente.
Tell-el-Mukayyar – A gravação
Enquanto isso, Petri e seus três amigos entraram na tenda laboratório da Doutora Hunter.
— Agora estou realmente curioso — disse Azakis, agitado. — Quero saber o que não funcionou no seu sistema de engancho.
— Não, caro amigo. Verá que as coisas são um pouco diferentes — respondeu Petri, enquanto projetava um holograma tridimensional, a cerca de meio metro do chão.
— Essa coisa que você faz sempre me impressiona — exclamou Jack ao observar as imagens que estavam se formando no meio da tenda.
— Agora vou retroceder um pouco — disse Petri, enquanto se ocupava com um estranho instrumento e as cenas eram reproduzidas ao contrário. — Este é o momento em que levamos o General Campbell, o Senador Preston e aqueles dois personagens esquisitos que nos atacaram quando estávamos tentando recuperar a carga, na Área 51.
— Sim, ok. Lembro-me bem disso — comentou Azakis.
— Agora vou te mostrar uma coisa — e o holograma mostrou o sujeito obeso se aproximando de Azakis agressivamente, então lhe dando um leve empurrão com o ombro.
— Ele pensou que podia me assustar — disse o capitão alienígena. — Não me fez mexer nem um milímetro. Mas o que isso tem a ver com a perda do controle remoto?
— Espere um instante. Só me deixe ampliar este detalhe... O que está vendo é a mão do sujeito gordo enquanto, com muita destreza, ele puxa o dispositivo do seu cinto.
— Inacreditável — exclamou o Coronel. — Uma manobra digna dos melhores trombadinhas que espreitam pelo submundo.
— Com o pretexto de lhe dar um empurrão, ele aproveitou a chance de roubar seu controle remoto — acrescentou Elisa. — É uma velha técnica que ladrões de lojas passam de geração a geração.
— Ele roubou de mim? — perguntou Azakis, atônito.
— Exatamente, meu velho — confirmou Petri.
— E como diabos ele reativou e executou o comando de autodestruição? Você o desativou completamente, se não estou enganado?
— Sim, Zak. O dispositivo foi desativado. Provavelmente depois que foram soltos, ele e o comparsa devem ter feito uma busca nas informações incontáveis que deixamos para os terráqueos e encontraram uma maneira de driblar o sistema de bloqueio.
— Aqueles dois destruíram a nossa espaçonave e nos impediram de voltar para casa — Azakis deixou escapar, mais furioso do que jamais estivera. — Quando botar minhas mãos neles, vou fazer com que se arrependam de terem nascido, juro.
— Acalme-se, meu amigo. Já está feito. Não podemos fazer mais nada. Antes disso, o que devemos fazer é rastrear esses dois canalhas e recuperar o que roubaram de nós antes que também descubram outras funções.
— Por quê, o que mais faz? — perguntou Elisa intrigada.
— Não faz diferença, por enquanto. É melhor que você não saiba.
— Caramba, tantos segredos — respondeu a doutora, um pouco chateada.
— Com certeza, se conseguiram descobrir como ativar a autodestruição, também poderão descobrir o resto — disse Azakis, preocupado.
— Mas vocês não deveriam estar pensando em uma maneira de voltar para casa primeiro? — perguntou o Coronel. — Isso não me parece um problema tão urgente.
— Está certo, Jack, mas essa coisa pode ser bem perigosa nas mãos erradas.
— E essas são definitivamente as mãos erradas — acrescentou Elisa.
— Mas deve haver exatamente uma forma — disse Petri, quase sussurrando.
— Bem? Fale. Terei de ficar de joelhos e te implorar? — exclamou Azakis, irritado.
— Esse dispositivo é equipado com um sistema especial de alimentação elétrica. Se ainda estivéssemos na Theos, eu poderia fabricar um dispositivo que seria capaz de identificar os rastros de emissões que deixa para trás.
— E só se lembrou disso agora? — Azakis estava decididamente zangado. — Não podia ter feito isso quando descobrimos que tinha desaparecido?
— Desculpe-me, mas esse sistema de busca só funciona se o objeto estiver em movimento e ignoramos o fato de que você o havia deixado cair.
— Agora se acalmem, rapazes — disse o Coronel, reforçando suas palavras com gestos da mão. — Em todo caso, pelo que entendi, não podem fazer nada sem a Theos, correto?
— Bem, talvez eu possa bolar algo, apesar de tudo — disse Petri coçando a cabeça.
— Perdoe a minha reação, amigo — disse o Capitão, arrependido. — Sei que não é culpa sua. Esta é uma má hora para nós dois — Então, pousando uma mão no ombro de Petri, acrescentou: — Veja o que consegue fazer. Acho que é muito importante recuperarmos esse objeto assim que possível.
— Não se preocupe, Zak. Não é um problema. Vou tentar pensar em alguma coisa, me virando com o pouco que nos resta.
— Somente você pode fazer isso. Estamos em suas mãos.
— Estou indo — e sem dizer mais nada, o Especialista saiu da tenda do laboratório, deixando para trás umas nuvens pequenas de poeira.
— Será que ele consegue? — perguntou Jack, hesitante.
— Claro. Não tenho nenhuma dúvida. Petri é incrivelmente engenhoso. Mais de uma vez o observei fazer coisas que uma equipe dos melhores Artesãos não teria sido capaz de fazer. É uma pessoa excepcional. Eu lamento ter sido um pouco rude. Tenho grande afeição por Petri e prontamente daria minha vida por ele, em qualquer instante.
— Relaxe, Zak — disse Elisa numa voz bem doce. — Ele sabe disso. É um momento difícil, mas vamos superar, sem nenhum problema. Não tenho nenhuma dúvida.
— Obrigado, Elisa. Realmente espero que sim, do fundo do coração.
Pasadena, Califórnia – O esconderijo
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