Sua sela era coberta com pele de leão, e o cavalo usava um pesado peitoral, em conjunto com armaduras de couro nas suas pernas frontais e uma grossa placa de prata em sua testa. O cavalo era espirituoso, o homem tinha que manter as rédeas pressionadas para impedi-lo de sair galopando. O arreio do pescoço possuía uma dúzia de pequenos sinos, que chacoalhavam conforme o cavalo trotava.
“Ele tem, de fato, um certo ar de autoridade,” Alexander disse.
“Se alguém tivesse estribos,” Kawalski disse, “eu deveria ser esse cara.”
Um vigia veio galopando pelo caminho e virou seu cavalo para ficar ao lado do general. Com um movimento rápido do pulso, o general afastou seu cavalo do pelotão e escutou ao relato do escoteiro enquanto eles iam para longe de Alexander e seus soldados. Um momento depois, o general deu algumas instruções ao vigia e o enviou para frente.
O esquadrão de cavaleiros com capa vermelha mostrou mais interesse em Alexander e suas tropas que os demais soldados. Eles eram jovens, de até uns vinte e poucos anos, bem vestidos, e cavalgando bons cavalos. Não tinhamcicatrizes de batalha como os outros homens.
“Eles parecem um bando de segundos-tenentes covardes pra mim.” Lojab cuspiu no chão enquanto os observava.
“Igualzinho aos cadetes assim que saem da academia,” Autumn disse.
Atrás dos cadetes veio outro comboio com grandes carroças de quatro rodas. A primeira estava carregada com uma dúzia de baús pesados. As outras continham fardos de peles com muitos pelos, espadas reserva, lanças, e feixes de flechas, junto com muitos vasos de barro do tamanho de pequenos barris, cheios de frutas secas e grãos. Quatro carroças estavam carregadas até o alto com gansos, galinhas, e pombos piando em gaiolas. Elas eram puxadas por grupos de dez bois.
Assim como os carros, se moviam com rodas maciças, sem raios.
Depois das carroças vieram mais carros de duas rodas, carregados com pedaços de carne e outros suprimentos. Vinte carros apareceram nesse grupo, e eles foram seguidos por uma dúzia de soldados de infantaria carregando espadas e lanças.
“Uau, olhe só aquilo” Kawalski disse.
O último carro trazia algo familiar.
“Eles estão com a nossa caixa de armas!” Karina disse.
“Sim, e os paraquedas laranjas, também,” Kawalski disse.
Alexander deu uma olhada no vagão. “Filhos da mãe.” Ele se jogou na trilha e segurou os arreios dos bois. “Podem parar por aí.”
A mulher que guiava o carro lançou um olhar furioso para ele, depois estalou seu chicote, abrindo um corte no forro camuflado do capacete dele.
“Ei!” Alexander gritou. “Corta essa. Eu só quero o nosso caixote de armas.”
A mulher chicoteou novamente, mas Alexander segurou o chicote, enrolando o couro trançado em seu antebraço. Ele arrancou o chicote das mãos dela, e então avançou.
“Eu não quero te machucar, senhora.” Ele apontou para a caixa de fibra de vidro com o cabo do chicote. “Apenas estou levando o que nos pertence.”
Antes mesmo que ele pudesse alcançá-la, seis homens atrás do vagão desembainharam suas espadas e foram até ele. O primeiro forçou seu braço contra o peitoral de Alexander, empurrando ele para trás. Enquanto Alexander cambaleava, ouviu vinte rifles sendo engatilhados. Ele recuperou o equilíbrio e esticou sua mão direita.
“Segurem!”
O homem que empurrou Alexander apontava sua espada para a garganta do sargento, aparentemente despreocupado com a possibilidade de ser ferido pelos rifles M-4. Ele disse algumas palavras e balançou sua cabeça para a direita. Não foi difícil entender o que ele queria dizer; saiam da frente do carro.
“Ok, ok.” Alexander ergueu as mãos. “Eu não quero que vocês morram por uma caixa de armas.” Enquanto voltava para seus soldados, ele enrolou o chicote no cabo e enfiou em seu bolso de trás. “Abaixem suas armas, caramba. Não vamos começar uma guerra por causa daquela maldita caixa.”
“Mas, Sargento,” Karina disse, “todo o nosso equipamento está lá.”

“Nós vamos pegar de volta mais tarde. Não parece que eles descobriram como abrir—”
Um grito arrepiante veio do outro lado da trilha quando um bando de homens armados com lanças e espadas saiu correndo da mata para atacar o comboio.
“Bom,” Lojab disse, “esse deve ser o Ato Dois desse drama que não acaba nunca.”
Quando os invasores começaram a pegar pedaços de carne e jarros de grãos das carroças, a mulher sacou sua adaga e avançou em dois homens que subiam em sua carroça para pegar a caixa de armas. Um deles sacudiu a espada, fazendo um corte profundo no braço da mulher. Ela gritou, passou a faca para a outra mão, e o atacou.
“Ei!” Kawalski gritou. “Está rolando sangue de verdade!”
Os soldados do comboio correram para se juntar à batalha, agitando suas espadas e gritando. Um dos homens queestava na carroça pulou, arrastando a caixa de armas para o chão. Um soldado de infantaria tentou golpear a cabeça do homem, mas ele se esquivou, e depois avançou, apunhalando o soldado no estômago.
Mais uma centena de saqueadores saíram da mata, e ao longo de todo o caminho eles saltavam sobre as carroças, lutavam com os condutores, e jogavam suprimentos para seus companheiros no chão.
Os soldados do comboio corriam para atacar os saqueadores, mas eles eram muito mais numerosos.
Uma trompa soou três vezes, rápida e sucessivamente, de algum lugar à frente na trilha.
O saqueador na última carroça havia derrubado a mulher no chão do veículo, e agora ele levantava sua espada e a segurava com as duas mãos, se preparando para atravessar o coração dela.
Kawalski apontou seu rifle e atirou duas vezes. O homem na carroça cambaleou para trás, caindo nochão. Os olhos de seu colega desviaram do homem que agonizava para a mulher na carroça.
Ela se moveu como um gato selvagem, pegando sua adaga caída no chão da carroça e avançando sobre ele. O homem recuou sua espada e começou a movimentá-la de uma forma que arrancaria as pernas da mulher–mas uma bala da pistola de Alexander o atingiu no peito, derrubando-o em cima do caixote de armas.
Uma flecha deslizou pelo ar, passando a poucos centímetros da cabeça de Alexander. Ele jogou a cabeça para o lado e viu a flecha atingir umsoldado da infantaria na garganta.
“Se espalhem!” Alexander gritou. “Atirem o quanto puderem!”
O pelotão correu pela trilha e por entre os vagões, disparando seus rifles e pistolas reserva. Não era difícil distinguir os soldados dos saqueadores; eles vestiam peles de animais esfarrapadas, e seus cabelos eram secos e desgrenhados.
“Lojab!” Karina gritou. “Atacantes na sua esquerda. Se jogue para a direita!”
Lojab rolou no chão enquanto Karina atirava acima dele, atingindo um dos assaltantes no rosto, e Lojab atingiu outro com uma bala no peito.
“Tem mais vindo da mata!” Sparks gritou.
Um dos bandidos chutou o riflede Lojab. Ele rolou de costas e viu um segundo homem golpeando com a espada em sua direção. Ele puxou sua faca de combate e a levantou a tempo de bloquear o golpe da espada. O homem gritou e afastou sua espada enquanto o colega apontava sua espada para baixo, mirando o coração de Lojab. Lojab se desviou e a espada atingiu a terra, ele então ficou de joelhos e fincou sua faca na virilha do homem. Ele berrou, cambaleando para trás.
O bandido que restava tentou golpear a cabeça de Lojab, mas Karina havia recarregado, e ela o arrebentou com dois tiros no peito.
Lojab saltou sobre o homem que ele havia esfaqueado e cortou sua garganta.
Читать дальше