Os sábios da antiguidade, como Péricles, moldaram essa dicotomia por vários séculos e tentaram defender nossa racionalidade acima de tudo. Por exemplo, uma vez que Atenas foi ameaçada pelos espartanos, Péricles conseguiu evitar que a cidade estourasse em uma guerra que custaria muitas vidas, pois transmitiu sua paciência e racionalidade.
Infelizmente, algum tempo depois, Péricles morreu durante uma epidemia e não havia mais ninguém para lembrar aos líderes de Atenas que era melhor abster-se de uma guerra que não traria nenhum bem. A cidade mergulhou numa longa batalha que começou pela irracionalidade de seus dirigentes, que não viam, como Péricles, o que era melhor para o bem comum.
Qual era o segredo de Péricles para não agir por impulso?
Como se retirou para pensar antes de tomar uma decisão na hora, o que Péricles fez foi aumentar seu tempo de reação. Ele sabia e havia aceitado a realidade de que os seres humanos tendem a ser cegados pelas emoções.
A psicóloga contemporânea Susan David compartilha da mesma sabedoria de Péricles. Certa vez, Susan estava ao telefone com um representante do atendimento ao cliente e, em desespero, perdeu o controle de sua raiva e começou a gritar com a outra pessoa.
Esse comportamento, é claro, era tudo menos produtivo; na verdade, só piorou a difícil situação. Analisando-se, Susan concluiu que o que fazer em tais circunstâncias é um distanciamento emocional que nos permite apreciar todo o contexto em que o que está acontecendo nos deixa com raiva.
Por exemplo, para acalmar sua raiva, Susan tentou se colocar no lugar do representante do atendimento ao cliente e percebeu que devia ser terrível ouvir aqueles gritos, que ela dava, do outro lado da linha, quando na realidade nenhum deles tinha culpa pela falha no serviço.
Então, para ser mais racionais, devemos primeiro aceitar nossa irracionalidade. Só assim seremos capazes de equilibrar as emoções e a razão, pois podemos ter mais consciência de como nossas oscilações de humor nos dominam, mesmo em um nível inconsciente.
CAPÍTULO 02: QUAIS VIESES PODEM COLOCAR NOSSA RACIONALIDADE EM RISCO?
Se queremos começar a ver todo o contexto e nos distanciar emocionalmente nas situações que nos fazem explodir, também temos que levar em consideração alguns dos preconceitos mais comuns em todas as pessoas.
O viés de confirmação é bastante frequente, principalmente graças à internet, por ser aquela que nos faz buscar apenas informações que apoiem nossas ideias; nunca nos sentamos para ler os argumentos de opiniões opostas. O preconceito de convicção, por outro lado, nos leva a acreditar que algo deve ser verdade se nossas emoções são muito fortes a respeito.
O preconceito da aparência nos leva a julgar os outros superficialmente, pois associamos em nossa mente que, se alguém parece bom, é certamente uma boa pessoa. George Newman e Joshua Knobe, psicólogo e filósofo de Yale, descobriram em um estudo que, no fundo, todos nós acreditamos que todo ser humano é uma pessoa boa.
De acordo com suas descobertas, se uma pessoa se comporta bem, todos acreditam que é porque são inerentemente bondosos. No entanto, se alguém é prejudicial, abusivo ou racista, as pessoas concluem que não é da sua natureza, mas sim devido a fatores externos. Isso cria um falso mito sobre a bondade humana que nos impede de avaliar os outros corretamente.
O preconceito grupal, um dos mais perigosos, impõe-nos as crenças dos grupos a que pertencemos, sem os questionar. Isso é especialmente verdadeiro na política, quando as pessoas fecham suas mentes e se recusam a considerar cuidadosamente o que um partido oposto está propondo.
Se quisermos deixar de ser vítimas desses preconceitos, precisamos começar a levar em conta a grande diversidade de pontos de vista que existem. Em vez de sermos fechados, sejamos curiosos e críticos e pratiquemos as doses necessárias de ceticismo.
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