— Você é um pobre idiota! Aquela garota nunca o amou de verdade ou teria ficado aqui! Sabe, Lucas, eu li as cartas que ela continuava escrevendo para você. Que garota lamurienta! Mas posso dizer isso: Kira não vai mais voltar para você! E ela não vai mais escrever para você porque ela desistiu de correr atrás de um pobre idiota como você — disse seu pai, com desdém.
Lucas preferia ser golpeado pelo cinto do pai naquele momento do que ouvir suas palavras horríveis, que o estavam corroendo por dentro.
Ele estava se sentindo sujo e pronto para autodestruição.
Ele chamou o nome de Kira uma última vez, mas já sabia que sua querida amiga não correria para ajudá-lo e curá-lo da dor que o atormentava. Ela nunca mais voltaria.
Ele saiu correndo da sala, sentindo-se despedaçado e nauseado pelo que era e pelo que poderia se tornar e deixou seu pai lá, tossindo e recuperando o fôlego com a ajuda de uma garrafa de Bourbon.
Tóquio, Japão, 9 de janeiro de 2017
— Você é tão bonita — sussurrou sua mãe para ela, enquanto terminava de pentear seu cabelo.
— Obrigada — exclamou Kira com um sorriso amplo nos lábios, o que fez o coração de Elizabeth pular de alegria. Ver essa expressão feliz no rosto da filha era o melhor remédio que ela tinha para curar a ansiedade e angústia que vinha sentindo nos últimos dois anos.
E tudo isso estava acontecendo graças a Adam Gramell. Com sua doçura e sensibilidade, esse menino foi capaz de encontrar o caminho para o coração de Kira, ajudando-a a esquecer Lucas Scott, aquele garoto de Princeton.
Elizabeth certamente não havia apreciado muito o fato de que ele era dois anos mais velho do que Kira, mas o sorriso da sua filha foi o suficiente para dissipar seus temores.
Além disso, Adam era o menino mais gentil e mais inofensivo do mundo e Kira não parecia se preocupar com todas as cartas de amor que ele recebia de suas colegas de classe.
— Eu confio nele, mãe! Conheço Adam muito bem, e tenho certeza de que ele nunca me enganaria! — Kira havia dito a ela duas semanas antes.
— Enganá-la? Oh, Kira, você já foi tão longe? Você me disse que vocês eram apenas amigos! Você ainda é tão jovem e… — Sua mãe ficou assustada.
— Fique calma, mãe! Então, eu tenho quinze quase dezesseis anos! Não sou mais uma criança e nós não fomos tão longe ainda, embora Adam tenha dezessete anos!
— Sério? Não foi? Você me diria, se fosse…
— Mãe, apenas confie em mim. Adam e eu somos apenas amigos, embora não possa negar que temos pensado em ser um casal.
— Por favor, Kira…
— Eu sei: devo ir com calma. Não devo me apressar. Como você sempre diz, faça amor e não sexo com um estranho. Blah, blah, blah… — Kira continuou dizendo como um robô pois havia memorizado o conselho da mãe. Elizabeth havia entrado em pânico cinco meses antes, quando Kira contou que sua colega de turma, Misaki, não era mais virgem.
— Isso é perfeito.
— Contudo, Adam sabe que ainda não estou pronta e está tudo bem para ele. Ele me disse que nossa amizade é a coisa mais importante.
— Espero que sim — suspirou sua mãe, rendendo-se.
Felizmente, a campainha tocou naquele momento, encerrando a conversa que sempre deixava Kira desconfortável, também por causa do seu sentimento de culpa por todas as mentiras que continuava contando sobre Adam e si mesma.
— Deve ser Adam! Você pode ir e abrir a porta? Ainda estou escolhendo que sapatos usar — pediu Kira, tentando arrumar as roupas que havia jogado na cama.
Ela viu sua mãe hesitar por um instante antes de ir embora.
— Estou muito feliz, sabe? — disse ela a Kira, depois saiu do quarto.
— Eu também, mãe. Mas, por favor, se apresse agora ou Adam vai acreditar que vou mantê-lo lá fora no frio. Você sabe que ele é friorento!
— Não acreditei que você pudesse começar a sorrir de novo, depois que deixamos Princeton e… Lucas — murmurou Elizabeth com cautela. Fazia meses que ela não falava sobre isso porque não queria fazer a filha chorar, mas sentia que algo estava mudando naquele momento.
Kira parou de repente quando ouviu o nome do seu amigo, então, sem tirar os olhos das roupas, conseguiu responder após um longo momento, sem se render à tristeza.
— Vou voltar para ele, mãe. Eu prometo.
Elizabeth começou a tremer por causa das palavras da filha e entendeu que estava errada: nada mudou.
***
Princeton, Kentucky, 15 de janeiro de 2017
Assim que a boca da garota roçou em seu lábio inferior, ele não conseguiu evitar gemer de dor.
— Você não poderia esperar mais um dia antes de permitir que Kurt cortasse seu lábio? — A garota loira disse com uma voz melodiosa, fazendo a língua deslizar pelo seu pescoço até o peito nu.
— Vamos, vista-se. Minha aula vai começar em vinte minutos. — Lucas ficou de repente nervoso, tentando se livrar dessa sanguessuga.
— Desde quando você se preocupa com a escola? — A garota riu divertida, colocando o sutiã com um gesto teatral, tentando atrair a atenção de Lucas para si, mas ele não respondeu e sem sequer lançar um olhar para ela, vestiu a calça e foi embora.
— Você vai me ligar amanhã? Vai ter uma festa… — Ela tentou mais uma vez.
— Não, estou ocupado — disse Lucas rapidamente com uma voz irritada, fazendo a garota ficar irritada.
— Você está me abandonando, seu canalha imundo?
— Pense como quiser. Estou indo.
— Isso é tudo? Acabamos de fazer amor e você está me deixando assim agora? — soluçou a jovem, à beira das lágrimas.
Lucas deu uma olhada rápida nela e sentiu vontade de quebrar alguma coisa ao ver suas lágrimas. Suas mãos ainda estavam doendo após a briga com Kurt, então ele esperava que pudesse acalmar seu temperamento feroz com a ajuda do corpo fabuloso de Jennifer, mas, como acontecera com ele quatro vezes antes, ele não sentia nada por ela, exceto um orgasmo avassalador.
Ele evitou lembrá-la de que o que haviam acabado de fazer era apenas sexo, já que ele não sabia nada sobre ela, apenas o tamanho do seu sutiã.
— Isso mesmo — respondeu ele e em seguida fechou a porta atrás de si e correu para a sala de aula, pronto para começar uma bagunça e irritar o professor Kleyton.
***
Tóquio, Japão, 23 de janeiro de 2017
— Você está pronta? — sussurrou Adam para ela, aproximando os lábios dos dela.
Kira engoliu em seco e assentiu levemente. Ela se sentia como se tivesse uma corda enrolada no pescoço e seu coração estava batendo rápido, enquanto continuava se perguntando se estava fazendo a coisa certa.
— Ouça, se você mudou de ideia sobre isso… — Adam ficou preocupado e se afastou dela.
— Claro que não! — disse Kira nervosa. Ela teve essa ideia porque queria ajudar seu amigo, então não poderia recuar agora. — Estou pronta.
Ela podia ver o rosto de Adam se aproximando do dela mais uma vez, até que sentiu seus lábios nos dela. Ela começou, perdida, abrindo os lábios um pouco e se aproximando dele, como Misaki havia lhe dito.
— O que você está fazendo? Isso é nojento! — exclamou Adam chocado, limpando a boca com a palma da mão.
— Obrigada — respondeu Kira com sarcasmo. — Estou tentando ajudá-lo e você me retribui desta maneira! Desculpe, mas nunca beijei um menino antes! Estava apenas seguindo o conselho de Misaki.
— Kira, por favor! O namorado de Misaki é Tsutomu. Ele é apenas um monte de testosterona e grosseria.
— Isso mesmo!
— Kira, você sabe o que estamos fazendo, não é?
— Claro que sei.
— Não seremos nunca namorados como eles.
Читать дальше