Você me pertence
Você Me Pertence
Victory Storm
Direitos autorais de texto © Victory Storm 2020
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Tradutora Elaine Lima
Editora: Tektime
Capa: Design gráfico por Victory Storm – Stock: https://stock.adobe.com
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e incidentes são o produto da imaginação da autora ou são usados de forma fictícia.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte do livro pode ser reproduzida ou distribuída por qualquer meio, fotocópias, microfilme ou não, sem a permissão da autora.
Duas famílias, iguais em dignidade
Na famosa Verona, que a nossa cena ostenta,
Brigam de novo, por um velho rancor,
Uma guerra civil torna mão civil sangrenta.
Do fatal seio desses dois inimigos,
Nasce, desditosos, um par de amantes.
Cujas derrotas em trágicos perigos
Com suas mortes enterram a luta de antes.
A terrível história desse amor marcado pela morte,
E de seus pais a raiva incessante,
Que, só com o fim de seus filhos, terminada,
Por duas horas no palco será representada;
Se tiverem ouvidos pacientes para ouvir-nos,
O que aqui faltar, esforçaremos para corrigir-nos.
Romeu e Julieta
( William Shakespeare )
— Não sei, Maya. Talvez seja melhor esquecermos disso — sussurrei, tentando acalmar a ansiedade que estava começando a sentir.
— Ginevra, vamos lá, deixe-se levar, pelo menos uma vez! Você não está cansada de sempre ter que obedecer às regras de sua família? Não me diga que uma parte de você não está louca para se rebelar e se divertir como todas as garotas da nossa idade!— bufou minha amiga.
Claro que queria! Mas não era tão fácil para quem tem o sangue italiano Rinaldi nas veias.
Ser filha de um chefão da máfia significava ter uma vida predeterminada, cercada por um conjunto de regras e limites ditados por um pai, que era o meu comandante para todos os efeitos.
Embora eu fosse a filha mais nova, não era de forma alguma mais livre e todo erro ou transgressão sempre era punido com severidade. É por isso que aprendi desde muito cedo a respeitar os desejos da minha família.
Sempre me comportei exemplarmente, mas nos últimos anos, desde que comecei a faculdade, comecei a me ressentir das regras rígidas de meu pai e da mania de perfeição da minha mãe.
Tudo mudou quando conheci uma realidade tão vasta como a universidade, com alunos que não eram selecionados e avaliados da mesma forma que as alunas da escola católica que eu havia cursado até então.
Aprendi que havia estilos de vida diferentes e que, sem a presença do meu pai no conselho escolar, ninguém se importava que eu fosse uma Rinaldi.
Pela primeira vez na vida, me permiti ser eu mesma e abraçar novos ideais, mesmo que meu pai os detestasse.
Nos últimos dois anos, eu havia me tornado a ovelha negra da família, aquela a ser evitada ou tratada como uma coitada desajustada, mas a verdade é que nunca me senti tão viva antes.
Eu havia quebrado aos poucos as pequenas correntes que me prendiam à família, mas ainda estava extremamente longe da liberdade total e de fazer o que queria, como tomar uma decisão clara sobre meu futuro sentimental ou profissional.
Até então, eu tinha me limitado a assistir Maya, filha do contador da propriedade Rinaldi e minha única amiga, enquanto ela violava as regras de sua família, que seguiam servilmente as regras de meu pai.
Eu sentia inveja de Maya toda vez que ela me ligava, pedindo para a encobrir, quando ela queria se encontrar com amigos que seus pais não gostavam ou quando estava namorando um garoto.
Sempre admirei a bravura com a qual desafiava os desejos de sua família.
Muitas vezes, quis ser como ela, mas o peso do meu sobrenome sempre me impediu.
No entanto, Maya estava certa: eu não poderia continuar assim. Tinha acabado o último ano de faculdade e ainda não tinha sentido a emoção de uma pequena escapadela, de um encontro secreto com um menino ou de fazer qualquer besteira que fosse, como uma saída à noite com gente que não conhecia.
— Certo, eu topo — exclamei com entusiasmo, com a voz ainda cheia de apreensão.
— Você verá que vai ficar tudo bem. Já fiz isso centenas de vezes e posso garantir que nunca tive problemas — tranquilizou Maya.
— Só tenho medo de que alguém me reconheça ou que meu pai descubra.
— Tomei todas as precauções necessárias. Olhe aqui, — disse ela, me entregando uma peruca loira ondulada.
— Você está brincando, não é?
— Querida, você é filha do dono de metade de Rockart City. Nem pense que pode sair por aí sem chamar atenção.
— Ninguém mais sabe quem eu sou. Há dois anos meu pai não me inclui mais em suas reuniões e nem mesmo me convida para suas cerimônias de posse. Agora, as pessoas pensam que ele só tem dois filhos e não três. Não apareço mais ao seu lado desde que me tornei vegetariana e comecei a falar sobre direitos civis.
— Ele ainda não te perdoou por ser vegetariana? — riu Maya.
— Não, quando comemos juntos, ele sempre garante que eu tenha um bife no prato, que descarto todas as vezes, deixando-o furioso. Agora, na maioria das vezes, como sozinha no anexo para onde me rebaixaram — disse desanimada. Era difícil nunca se sentir aceita pela família.
— Ótimo! Lá você pode ficar sozinha e fazer o que quiser!
— Mais ou menos. Lembre-se de que há câmeras por toda a casa e os seguranças estão sempre presentes. Não há privacidade e muitas vezes me pergunto se algum dia serei capaz de me desvincular de vez da minha família e viver minha própria vida. Eu gostaria de encontrar um emprego, me casar com um homem que eu amasse…
— Enquanto você estiver em Rockart City, isso nunca vai acontecer. Nada acontece na parte leste do rio Safe sem a permissão de seu pai… sua única esperança é ir para bem longe daqui, para um lugar bem longe do alcance do seu pai, porque você também sabe muito bem que ele nunca vai deixar você fazer o que quiser. Ele fará de tudo para impedi-la de trabalhar, para que nunca consiga ser responsável por suas próprias finanças e terminar cortando o cordão umbilical que ainda a acorrenta a ele com plenos vinte e três anos!
— E ele certamente não me deixaria casar com quem eu quisesse.
— Nem sonhando! Ginevra, pense em todos os relacionamentos amorosos que você teve até agora.
— Eu só tive um. Durou três dias, e foi no meu último ano do ensino médio.
— Daniel Spencer, certo?
— Sim. Eu mal consegui dar meu primeiro beijo nele, antes de saber que ele e toda a sua família haviam sido exilados para sempre de Rockart City.
— Tudo isso por causa de um beijo… pense no que teria acontecido se tivessem dormido juntos.
— Eu teria acabado nas masmorras do castelo como prisioneira de guerra — ri baixinho, embora na realidade sempre achei que esse seria realmente o meu destino. Eu ainda não tinha esquecido a explosão e a bofetada que o meu pai me deu quando descobriu que eu tinha uma queda pelo filho de David Spencer, o homem que o fez perder um acordo dois anos antes.
Edoardo Rinaldi era um homem que guardava rancor para o resto da vida.
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