“Se Mercedes o tivesse abraçado, você jamais esqueceria. Ela tinha o talento de abraçar as pessoas como ninguém mais no mundo; a sensação era sempre a de ter sido abraçado pela própria Mãe Natureza. Ela abraçou a todos nós com sua voz, com essa inigualável voz de bel canto que sempre foi uma expressão pura de sua alma. Nunca houve nada de artificial nessa mulher maravilhosa, essa mulher corajosa, esse ícone de destemida resistência à ditadura militar. Para mim, ela irradiava o que de mais importante há em um grande ser humano: bondade.”
- Konstantin Wecker, cantor e poeta, Alemanha
“Nesta obra, você encontrará uma nova e tocante perspectiva sobre a nossa amada Mercedes. É uma homenagem sincera e afetuosa que honra a vida da minha mãe. Obrigado, Anette, por todo o seu esforço, em nome da Fundação Mercedes Sosa.”
- F abiá n Matus, filho de Mercedes Sosa e presidente da Fundação Mercedes Sosa até o seu falecimento, em março de 2019.
Um tributo à vida de uma das
maiores artistas da América Latina
(1935 – 2009)
Traduzido por Mariana D'Angelo
Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida em nenhum
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Editora: Tektime
Editores: Daniel Loedel - NY Book Editors e David Larkin
Tradução: Mariana D’Angelo
Capa: © Mariana D'Angelo
Projeto Gráfico: © Tribute2Life Design
Ilustrações de Abertura de Capítulos: © Monica Gaifem
Desenhos Internos: © Anette Christensen
Fotografia da Autora: © Pernille Schmidt
Fontes Utilizadas: Lora e Antonio
(Capa Comum)
(eBook)
Primeiras Edições
Original title: Mercedes Sosa More than a song
Mercedes Sosa-Uma Lenda
© 2020 de Anette Christensen. Todos os direitos reservados.
Em homenagem a Fabián Matus, filho de Mercedes Sosa, falecido em 15 de março de 2019, menos de dez anos após a morte de sua mãe. Você trabalhou de corpo e alma para sua mãe enquanto estava viva, e talvez ainda mais para estabelecer o legado dela após a sua morte.
Às Avós da Praça de Maio, que mesmo em uma idade avançada, ainda estão ativas na busca pelos filhos roubados de seus pais e entregues aos generais durante a Guerra Suja. Vocês são um exemplo para todos nós, de que idade não é impedimento para mudar o mundo.
Às pessoas que Mercedes Sosa amou e ajudou durante toda a vida. Aqueles que sofrem com o fardo da pobreza, da perseguição, da censura, da tortura e de qualquer forma de injustiça social, como os indígenas, os marginalizados, os oprimidos, os desabrigados, os órfãos, os deprimidos, os solitários e todos aqueles que nunca foram vistos e amados por quem são.
Índice
Prefácio por Maria Rita Prefácio por Maria Rita Eu não me lembro quando conheci Mercedes Sosa — de nome, pelo menos, não. Fico provocando minha memória, tentando resgatar um momento que seja — mas o que volta para mim de concreto é a minha própria voz cantarolando “Gracias a la vida”. Eu devia ter uns 14, 15 anos. Foi na época que eu busquei conhecer minha mãe, entender aquela mulher pr’além da cantora: a força, a entrega, a beleza, a inteligência, a sensibilidade, a coragem. Durante esse período alguém me deu algum disco e essa canção (ou seria um hino?) apareceu com toda a profundidade que tem. Me arrebatou. E me despertou para uma outra voz, que também cantou essa mesma canção. A voz de uma mulher também forte, entregue, bela, inteligente, sensível, corajosa. Era Mercedes Sosa. Quando estudava na NYU (1996 — 2000), fiz “estudos latino-americanos”, além de “comunicação social”, e pude mergulhar um pouco mais na realidade dessas mulheres todas, na realidade de um tempo que há muito tinha ido mas que, por algum motivo, vibrava forte em mim. Construí uma ponte entre essas mulheres à frente do tempo. Destemidas, apesar de tanta sombra. Entendi o papel social da mulher naquele período triste, entendi a fibra da mulher, em especial da mulher latino-americana. Ouvir Mercedes me trazia um colo, um entendimento do que é ser força, do que é ser arte. (especialmente por que ouvir minha mãe me causava uma dor, uma saudade que nem sempre foi fácil de lidar). Era uma voz que me causava uma emoção inexplicável. Sua versão de “Gracias a la vida”, tão absolutamente diferente da versão de minha mãe, me instigou: como é que Mercedes conseguia trazer tanta doçura e leveza à uma narrativa que, em outra voz, soava como uma demanda, um rasgo na alma? Tenho para mim que encontrei a resposta no dia que a conheci pessoalmente, na sala de estar do seu apartamento em Buenos Aires. Ela era tudo isso: uma força descomunal saindo de um corpo pequeno, olhos brilhando e me olhando firme, um abraço silencioso que disse tanto. Eu, ali, entendi que Mercedes sabia que nem tudo precisava ser rasgo na alma, e que também podemos fazer revolução com doçura e leveza. Mercedes me trouxe uma calma que eu, honestamente, não imaginei que sentiria diante de tamanha lenda. Mercedes me olhou e me abraçou e me acolheu como quem entende o peso da história, o tamanho de sua contribuição para essa história. Me acolheu com respeito e com saudade. Me observou com generosidade. Mercedes, para mim, é toda essa complexidade que só uma mulher poderia ser. E ela me inspira justamente por isso. Me inspira a ser vida, a ser arte, a ser o olhar adiante. Me inspira a carregar a doçura e o rasgo na mesma alma feminina. Seja em meio à sombra, seja em meio à luz. Cheia, repleta, completa. Gigante!
Introdução Prefácio por Maria Rita Eu não me lembro quando conheci Mercedes Sosa — de nome, pelo menos, não. Fico provocando minha memória, tentando resgatar um momento que seja — mas o que volta para mim de concreto é a minha própria voz cantarolando “Gracias a la vida”. Eu devia ter uns 14, 15 anos. Foi na época que eu busquei conhecer minha mãe, entender aquela mulher pr’além da cantora: a força, a entrega, a beleza, a inteligência, a sensibilidade, a coragem. Durante esse período alguém me deu algum disco e essa canção (ou seria um hino?) apareceu com toda a profundidade que tem. Me arrebatou. E me despertou para uma outra voz, que também cantou essa mesma canção. A voz de uma mulher também forte, entregue, bela, inteligente, sensível, corajosa. Era Mercedes Sosa. Quando estudava na NYU (1996 — 2000), fiz “estudos latino-americanos”, além de “comunicação social”, e pude mergulhar um pouco mais na realidade dessas mulheres todas, na realidade de um tempo que há muito tinha ido mas que, por algum motivo, vibrava forte em mim. Construí uma ponte entre essas mulheres à frente do tempo.
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