Kamui ouviu as palavras de Kyoko e perguntou-se. Agora ele sabia por que não podia sentir Shinbe … ele nem estava neste mundo. Ele saiu da cabana para encontrar Kaen para que eles pudessem cancelar a caçada. Ele desejou que os seus outros irmãos, Kotaro e Kyou, aparecessem e de alguma forma o ajudassem a consertar o que estava a acontecer. Os seus pensamentos voltaram para Kyoko.
– Bem, eles estão apenas magoados um e o outro e não ela. – sussurrou Kamui, mas o o aperto no peito ainda não diminuiu. Se ele tivesse… ele a protegeria sozinha.
Suki levantou-se.
– Ele esteve contigo a noite toda, Kyoko? Nós vimos Toya com sangue nas mãos dele. – gaguejou e fez uma pausa, com a raiva a crescer dentro dela e dirigida a Kyoko por mantê-lo um segredo.
Kyoko levantou-se:
– Onde está Toya, afinal? Quando eu colocar as minhas mãos nele, eu vou …
Suki interrompeu-a no meio da frase.
– Ele esteve contigo esse tempo todo? Shinbe esteve contigo no teu tempo?
A voz de Suki segurava uma nota de acusação e Kyoko ficou pasma.
– Esperaste tanto tempo para nos contar. Não achaste que estaríamos preocupados com ele?
Kyoko balançou a cabeça.
– Desculpa-me, Suki. Não queria deixá-lo até saber que ele estava …
Ela viu o rosto de Suki ficar vermelho e recuar.
– A noite toda? Durante a maior parte da manhã, procuramos por ele, temendo que ele estivesse morto ou ferido em algum lugar! Agora voltas toda feliz, e dizes-me que ele está contigo!
Ela apontou um dedo acusador para a sua amiga.
– Deverias ter vindo antes. Deverias ter …
Ela parou, um soluço deixou o seu corpo, aliviado por Shinbe estar bem.
Kyoko colocou o braço em volta da menina para confortá-la.
– Desculpa-me, Suki. Eu não pensei. As lesões dele foram muito más. Eu tinha medo de deixá-lo até que ele acordasse. Eu estava tão preocupado que eu pensei em perdê-lo.
Suki afastou-se de Kyoko com a sua raiva atingindo novamente as palavras de Kyoko.
– Tu… pensaste que irias perdê-lo? – olhou para Kyoko piscando para conter as lágrimas.
– Porque estavam eles a brigar, Kyoko? Eles estavam abrigar por causa de ti?
Kyoko ficou surpresa com a pergunta. Ela não sabia responder. Ela não podia contar a Suki que ela havia beijado Shinbe e que Toya os viu. Esta era Suki, a sua amiga que estava secretamente apaixonado por Shinbe. A culpa tomou conta dela. Ela estava a trair a amiga. Ela olhou para o piso de madeira, subitamente achando-o muito interessante.
Ela não estava apaixonada por Shinbe, mas ela…. ‘Meu Deus, o que eu estou a pensar?’ Ela cerrou as mãos em punhos, ficando irritado por pensar em Shinbe dessa maneira, quando aquele que realmente o amava estava bem na frente dela. Ela tinha que saber como Suki realmente se sentia.
– Suki, estás apaixonada por Shinbe? – perguntou rapidamente, sem querer fugir do assunto de por que os dois guardiões haviam lutado.
Suki virou as costas, as bochechas ficando vermelhas com a pergunta. 'Ela estava apaixonada por ele? ' – perguntou ela. Sim, ela tinha sentimentos por ele. Mas apaixonada, como Kyoko havia proposto? Ela sacudiu a cabeça dela. Ela nunca amaria homem algum. Especialmente Shinbe. Aquilo era uma pergunta fora de questão. Talvez ela pudesse amá-lo se conseguissem matar Hyakuhei e apagar a feitiço de Shinbe. Mas … não, ela simplesmente não podia apaixonar-se por ele. Ela não conseguia lidar com mais nenhuma mágoa.
Confusa com os seus próprios sentimentos, ela voltou-se para Kyoko:
– Estás a evitar a pergunta,
– Kyoko! Eu perguntei se eles estavam a brigar por causa de ti?
Agora era ela quem evitava uma pergunta, mas era algo que ela sinceramente não queria responder ou pensar.
Kyoko suspirou, encolhendo os ombros.
– Eu não sei.
– Toya não te disse o que aconteceu?
Ela olhou para a porta e perguntou-se por que ele não estava lá.
– Onde está Toya de qualquer forma? Ele está bem? – disse Kyoko e sentiu um calafrio repentino, percebendo que a ausência de Toya era o que mantinha os outros na ignorância.
Suki explodiu:
– O quê? !!
Toya saiu depois que o encontramos. As suas garras estavam cobertas de sangue, Kyoko! Ele estava …
Suki foi interrompida quando Sennin entrou na cabana.
– Vais parar de gritar, Suki? – sentou -se no tapete e pegou um pau, remexendo o fogo na frente dele.
– Kyoko, senta-te. E conta-nos o que sabes.
Kyoko olhou para Suki. Ela não gostava que a sua amiga estivesse com raiva dela. Por que todos eles estavam a brigar entre si de repente? Eles sempre se mantiveram juntos e se defenderam um ao outro … algo simplesmente não estava certo. Ela sentou-se e começou a contar o que aconteceu, desde o tempo na queda de água, a aparência de Shinbe no seu tempo. Claro, ela não contou a eles sobre o beijo, apenas que Toya estava com raiva porque estava de roup interior.
– Bem, é isso mesmo. Ele finalmente acordou antes de eu vir para aqui. Ele está em péssimo estado. – e ela balançou a cabeça, olhando para as mãos. – O avô diz que vai demorar pelo menos alguns dias antes que ele se possa levantar e começar a mover-se novamente.
A cabeça de Suki levantou-se:
– O quê? Ele não pode ficar no seu tempo! – Imediatamente abaixou os olhos, sentindo-se estranho novamente. De onde veio esse ciúme de repente?
Sennin colocou a mão no braço de Suki.
– Calma, não gostarias que ele viajasse de volta se ele ainda está ferido.
Suki suspirou:
– Mas isso é muito tempo. Podemos cuidar dele tão bem aqui.
Ela não gostou do fato de o grupo estar dividido.
Sennin riu:
– Bom, mas para trazê-lo aqui, ele teria que viajar pelo coração do tempo. O cansaço de fazer algo não permitido pode ser demais para os ferimentos dele.
Kyoko levantou-se:
Eu realmente odeio ir embora, mas só voltei para avisar que ele está bem. É melhor eu voltar para lá antes que o avô e Tama o deixem louco.
Ela pegou na sua mochila e sorriu nervosamente quando Kamui voltou para a cabana, com os olhos presos.
Kamui não pôde evitar quando puxou Kyoko nos seus braços e a abraçou com força. Ele estava com o espírito muito melhor agora que ele sabia que Toya não magoara seriamente Shinbe. Quando Kyoko não tinha voltado, ele pensara o pior.
– Vou manter os meus olhos neles deste lado. Traz o nosso Shinbe de volta. – sorriu, com o amor por ela dançando nos seus olhos multicoloridos. Ele queria que ela soubesse que não estava zangado com ela como Suki estava.
Kyoko sorriu para ele e entregou-lhe uma caixa de chocolates.
– Agora não comas tudo depressa também. Não quero que tenhas dor de barriga.
Ela passou a mão pelos cabelos que reflectiam as cores roxas e eram sedosos e o abraçou de volta. Ela estava agradecida por pelo menos um deles não estar zangado com ela. Kamui sempre teve o coração mais suave.
Ela sussurrou perto do ouvido dele para Suki não ouvir:
– Se Toya voltar, diga a ele que eu preciso de vê-lo.
Kamui acenou com a cabeça.
Suki sentou-se de costas para Kyoko.
– Diga a Shinbe que é melhor ele ficar bem rápido.
Ela fungou e Kyoko de repente sentiu-se realmente culpada. Soltando Kamui, ela colocou as coisas que trouxera para os outros na porta, não querendo incomodar Suki novamente agora. Ela sabia que iria encontrar os mantimentos e guloseimas mais tarde. Ela disse adeus, depois voltou sozinha para o santuário, imaginando como Toya estava.
*****
Do outro lado do portal do tempo, Shinbe estava deitado na cama com os olhos fechados, tentando afogar a tagarelice sem sentido do avô com os seus próprios pensamentos. 'Quando Kyoko voltaria para resgatá-lo? – riu como um louco em sua mente. Sim, ela era a única pessoa que poderia salvá-lo agora.
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