Agora Riley lutava para não chorar. O futuro parecia tão obscuro e misterioso.
Perguntou, “O que é que vou fazer se não estiver no programa? Não me posso limitar a ficar sentada no apartamento o dia todo.”
Ryan encolheu ligeiramente os ombros.
“Bem, sempre podes procurar um emprego, ajudar com as despesas. Talvez uma espécie de trabalho temporário – qualquer coisa que te permita desistir quando estiveres farta. Tens a vida toda à tua frente. Há muito tempo para chegares a uma conclusão quanto ao que queres realmente fazer. Mas daqui a pouco tempo eu posso suficientemente bem-sucedido para que não tenhas que trabalhar se não quiseres.”
Ambos ficaram em silêncio durante alguns momentos.
Então Riley disse, “Então pensas que devo desistir?”
“O que eu penso não importa,” Disse Ryan. “A decisão é tua. E decidas o que decidires, vou dar o meu melhor para te apoiar.”
Não falaram muito mais durante o resto do jantar. Quando terminaram, viram televisão. Riley não se conseguia concentrar no que estava a ver. Não parava de pensar no que o Agente Crivaro dissera…
“Tem que decidir se tem o que é necessário para continuar neste programa.”
Quanto mais Riley pensava naquilo, mais dúvidas e incertezas a assolava.
Afinal, ela tinha que pensar não só nela própria. Havia o Ryan, o bebé e até o Agente Crivaro.
Lembrou-se de outra coisa que o seu mentor dissera…
“Puxei muitos cordelinhos para a ter neste programa.”
E mantê-la no programa não ia tornar a vida de Crivaro mais fácil. O mais certo era ouvir críticas de colegas que consideravam que Riley não pertencia àquele lugar, sobretudo se ela não se apresentasse à altura das expetativas.
E era óbvio que ela não estivera à altura das expetativas naquele dia.
Entretanto, Ryan tomou banho e foi-se deitar. Riley ficou sentada no sofá a pensar nas suas escolhas.
Por fim, pegou em papel e caneta, e começou a redigir uma carta de demissão dirigida a Hoke Gilmer, o supervisor de treino. Ficou surpreendida por se sentir muito melhor à medida que ia escrevendo a carta. Quando a terminou, sentiu que tinha sido libertada de um fardo.
Esta é a opção certa, Pensou.
Calculou que se levantaria cedo na manhã seguinte, comunicaria a sua decisão a Ryan, digitaria a carta no computador, imprimi-la-ia e enviá-la-ia no correio da manhã. Também ligaria ao Agente Crivaro que certamente ficaria aliviado.
Por fim foi para a cama, sentindo-se muito melhor. Não teve qualquer dificuldade em adormecer.
Riley deu por si a caminhar na direção do edifício J. Edgar Hoover.
O que é que estou a fazer aqui? Interrogou-se.
Então reparou no papel na sua mão escrito com a sua letra.
Ah, sim, Compreendeu.
Vim entregar isto ao Agente Gilmer pessoalmente.
Desceu três andares pelo elevador e depois dirigiu-se ao auditório onde os estagiários se tinham reunido no dia anterior.
Para seu espanto, todos os estagiários estavam sentados no auditório a observá-la atentamente, O Agente Gilmer estava de pé a olhar para ela com os braços cruzados.
“O que é que quer, Sweeney?” Perguntou Gilmer, parecendo mais rígido do que no dia anterior quando se dirigira ao grupo.
Riley olhou para os estagiários que a fixavam em silêncio com expressões acusatórias.
Então ela disse a Gilmer, “Não vou roubar o seu tempo. Só preciso de lhe entregar isto.”
Entregou-lhe o papel por si escrito.
Gilmer colocou os óculos de leitura.
“O que é isto?” Perguntou ele.
Riley abriu a boca para dizer…
“É a minha carta de demissão do programa.”
Mas em vez disso, saíram outras palavras da sua boca…
“Eu, Riley Sweeney, juro solenemente que apoiarei e defenderei a Constituição dos Estados Unidos…”
Para sua surpresa, apercebeu-se…
Estou a recitar o juramento do FBI.
E não conseguia parar.
“… que serei leal…”
Gilmer apontou para o papel e perguntou novamente…
“O que é isto?”
Riley queria explicar de que se tratava, mas as palavras do juramento continuavam a jorrar…
“… assumo esta responsabilidade de livre vontade, sem qualquer reserva mental ou propósito de evasão…”
O rosto de Gilmer estava a transformar-se noutro rosto.
Era Jake Crivaro e parecia zangado. Agitou o papel à frente do seu rosto.
“O que é isto?” Perguntou.
Riley ficou surpreendida por ver que nada lá estava escrito afinal.
Ouviu todos os outros estagiários a murmurarem audivelmente, a reproduzirem o mesmo juramento mas numa mistura confusa de vozes.
Entretanto, chegava ao fim do juramento…
“… Cumprirei com zelo e fidelidade os deveres do cargo que assumirei. Que Deus me ajude.”
Crivaro agora parecia ainda mais aborrecido.
“Que raio é isto?” Perguntou ele, apontando para o papel vazio.
Riley tentou explicar-lhe, mas as palavras não saíam.
Riley abriu os olhos quando ouviu um som incomodativo.
Estava deitada na cama ao lado de Ryan.
Foi um sonho, Compreendeu.
Mas aquele sonho tinha um significado. Na verdade, significava tudo. Ela fizera um juramento e não o podia trair. Ela não se podia demitir do programa. Não era um problema legal. Era pessoal. Era uma questão de princípio.
Mas e se for expulsa?
O que faço então?
Entretanto, perguntou-se que som seria aquele que não parava de retinir nos seus ouvidos?
Ainda meio a dormir, Ryan disse…
“Atende o raio do teu telefone, Riley.”
Então Riley lembrou-se do telemóvel que lhe fora dado no dia anterior no edifício do FBI. Tateou na mesa de cabeceira até o encontrar, depois levantou-se da cama, saiu do quarto e fechou a porta atrás de si.
Demorou um momento para perceber qual o botão que deveria pressionar para atender a chamada. Quando finalmente conseguiu, ouviu uma voz familiar.
“Sweeney? Acordei-a?”
Era o Agente Crivaro, soando nada aigável.
“Não, é claro que não,” Disse Riley.
“Mentirosa. São cinco da manhã.”
Riley suspirou profundamente. Apercebeu-se que estava mal-disposta.
Crivaro disse, “Quanto tempo leva a acordar e vestir-se?”
Riley pensou por um momento, depois disse, “Hmm, acho que quinze minutos.”
“Estou aí daqui a dez minutos. Encontramo-nos fora do seu prédio.”
Crivaro terminou a chamada sem dizer mais nada.
O que é que ele quer? Interrogou-se Riley.
Vem cá para me despedir pessoalmente?
De repente, sentiu uma náusea apoderar-se de si. Sabia que era um enjoo matinal – o pior que experimentara até ali.
Soltou um grunhido e pensou…
Era mesmo disto que precisava agora.
E correu para a casa de banho.
Quando Jake Crivaro parou em frente ao prédio de Riley, ela já estava à sua espera. Jake notou que ela estava bastante pálida ao entrar no carro.
“Não se sente bem?” Perguntou.
“Estou bem,” Disse Riley.
Não parece nada bem, Pensou Jake.
Jake pensou que fosse a consequência de alguma festa da noite anterior. Aqueles jovens estagiários manifestavam alguma tendência para aquele tipo de atividade. Ou talvez tivesse bebido demais em casa. Não havia dúvidas de que parecia desencorajada quando a deixara em casa no dia anterior – e não admirava, depois da descasca que ele lhe dera. Talvez tivesse tentado afogar as mágoas.
Jake esperava que a sua protegida não estivesse demasiado ressacada para reagir.
Assim que se afastaram do prédio, Riley perguntou…
“Para onde vamos?”
Jake hesitou por um instante.
Depois disse, “Ouça, hoje vamos começar do zero.”
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