Afinal, o que poderiam ter em comum?
Naquele momento, o telefone de Riley tocou. Ficou grata pela interrupção.
“É melhor atender,” Disse Riley.
“Eu compreendo,” Disse Wendy. “Obrigada por este bocadinho.”
“Eu é que te agradeço,” Disse Riley.
Terminaram a chamada e Riley atendeu o telefone. Riley disse ola e depois ouviu uma voz confusa de mulher.
“Olá… quem fala?”
“Quem fala?” Repetiu Riley.
Seguiu-se um silêncio.
“O… o Ryan está em casa?” Perguntou a mulher.
As suas palavras pareciam agora distorcidas. Riley tinha a certeza de que a mulher estava bêbeda.
“Não,” Disse Riley. Hesitou durante alguns instantes. Afinal de contas, lembrou a si própria, podia ser uma cliente de Ryan. Mas ela sabia que não era. A situação era demasiado familiar.
Riley disse, “Não volte a ligar para este número.”
E desligou.
Uma fúria imensa apoderou-se dela.
Está a começar outra vez, Pensou.
Ligou para o telefone da casa de Ryan.
Quando Ryan atendeu o telefone, Riley não perdeu tempo a ir direita ao assunto.
“Estás a andar com outra pessoa, Ryan?” Perguntou.
“Porquê?”
“Acabou de ligar uma mulher a perguntar por ti.”
Ryan hesitou antes de perguntar, “Ficaste com o nome dela?”
“Não. Desliguei.”
“Quem me dera que não o tivesses feito. Podia ser uma cliente.”
“Estava bêbeda Ryan. E era pessoal. Percebi pelo tyom de voz.”
Ryan ficou sem saber o que dizer.
Riley repetiu a pergunta, “Estás a andar com alguém?”
“Eu… desculpa,” Gaguejou Ryan. “Não sei como é que ela conseguiu o teu número. Deve ter sido algum engano.”
Ah, podes crer que houve um engano, Pensou Riley.
“Não estás a responder à minha pergunta,” Insistiu ela.
Agora Ryan começava a ficar zangado.
“E se estiver a andar com alguém? Riley, nunca fizemos nenhum acordo de exclusividade.”
Riley ficou surpreendida. Não, ela não se recordava de terem feito um acordo desse género. Mas ainda assim...
“Eu simplesmente assumi…” Principiou ela.
“Talvez tenhas assumido demasiado,” Interrompeu Ryan.
Riley tentou contrariar o seu temperamento.
“Como é que ela se chama?” Perguntou.
“Lina.”
“É sério?”
“Não sei.”
O telefone tremia na mão de Riley.
Disse, “Não te parece que já é altura de te decidires?”
Seguiu-se um silêncio.
Por fim, Ryan disse, “Riley, tenho querido falar contigo sobre isto. Preciso de algum espaço. Toda esta cena de família – eu pensava que estava preparado para isto, mas não estou. Quero desfrutar da minha vida. E tu deves também desfrutar da tua.”
Riley conseguia discernir um tom demasiado familiar na sua voz.
Voltou ao modo playboy, Pensou.
Ele estava a saborear a sua nova ligação, afastando-se de Riley e da sua família. Ultimamente, parecia um homem mudado – mais empenhado e responsável. Ela devia ter percebido que não era coisa para durar. Ele não mudara nada.
“O que é que vais fazer agora?” Perguntou ela.
Ryan parecia aliviado por finalmente poder revelar o que pensava.
“Olha, esta coisa de andar entre a tua casa e a minha – não está a resultar para mim. Parece demasiado temporário. O melhor é ficar-me pela minha casa.”
“A April vai ficar aborrecida,” Disse Riley.
“Eu sei. Mas havemos de nos arranjar. Vou continuar a passar tempo com ela e vai tudo correr bem. Já passou por coisas bem piores.”
A loquacidade de Ryan estava a enfurecer Riley a cada minuto que passava. Estava prestes a explodir.
“E a Jilly?” Perguntou Riley. “Ela gosta muito de ti. Aprendeu a contar contigo. Ajudaste-a em imensas coisas. Como os trabalhos de casa. Ela precisa de ti. Está a passar por tantas mudanças, é tudo muito duro para ela.”
Seguiu-se outra pausa. Riley sabia que Ryan estava a preparar-se para dizer qualquer coisa de que ela não ia gostar.
“Riley, a Jilly foi uma decisão tua. Admiro-te por isso, mas não fui eu que tomei essa decisão. A adolescente problemática de outra pessoa é muita areia para a minha camioneta. Não é justo.”
Durante um momento, Riley estava tão furiosa que não conseguia falar.
Ryan regressara aos velhos tempos em que apenas os seus sentimentos importavam.
Era um caso perdido.
“Vem cá e leva as tuas coisas,” Disse ela de forma brusca. “E vem quando as miúdas estiverem na escola. Quero que tudo o que é teu desapareça daqui o mais rapidamente possível.”
E desligou o telefone.
Levantou-se da secretária e caminhou furiosamente pelo quarto.
Desejava ter um escape para a sua fúria, mas naquele momento não havia nada a fazer. Ia ter que aguentar uma noite de insónia.
Mas no dia seguinte, tomaria as providências necessárias para libertar aquela tensão.
Riley sabia que um ataque se aproximava e que ia ser próximo e súbito. E podia vir de qualquer lado daqueles espaços labirínticos. Esgueirou-se cuidadosamente ao longo de um corredor estreito do edifício abandonado.
Mas as memórias da noite anterior não paravam de se intrometer…
“Preciso de algum espaço,” Dissera Ryan.
“Toda esta cena de família – eu pensava que estava preparado para isto, mas não estou.”
“Quero desfrutar da minha vida.”
Riley estava zangada – não apenas com Ryan, mas também com ela por se ter deixado distrair.
Mantém-te concentrada, Disse a si própria. Tens um bandido para apanhar.
E a situação era sombria. A colega mais nova de Riley, Lucy Vargas, já tinha sido ferida. O parceiro de longa data de Riley, Bill Jeffreys, tinha ficado com Lucy. Estavam ambos a uma esquina de distância atrás de Riley, a tentar detetar atiradores. Riley ouviu a espingarda de Bill.
Com perigo à espreita à sua frente, não podia olhar para trás para ver o que se estava a passar.
“Como está a situação, Bill?” Gritou.
Agora ouvia uma série de tiros de semiautomática.
“Um abatido, faltam dois,” Gritou-lhe Bill. “Eu abato estes tipos, sem problema. E cubro a Lucy, ela vai ficar bem. Mantém os teus olhos focados no que tens à tua frente. Aquele tipo à frente é bom. Muito bom.”
Bill tinha razão. Riley não conseguia ver o atirador à frente, mas ele já tinha atingido Lucy. Se Riley não o abatesse, o mais certo era matá-los aos três.
Manteve a sua carabina M4 erguida e pronta. Há muito que não manuseava uma arma de assalto, por isso ainda se estava a habituar à sua forma e peso.
À sua frente estava o corredor com todas as portas abertas. O atirador podia estar em qualquer um daqueles compartimentos. Ela estava determinada a encontrá-lo e a abatê-lo antes que fizesse mais estragos.
Riley manteve-se junto à parede, movimentando-se na direção da primeira porta. Esperando que ele lá estivesse, manteve-se afastada da entrada, pegou na arma e disparou três vezes para o interior. Depois colocou-se à entrada e disparou mais três vezes. Desta vez pressionou a coronha contra o ombro para amparar o recuo.
Baixou a arma e viu que o compartimento estava vazio. Virou-se para se certificar que o corredor ainda estava vazio, depois pensou durante um instante sobre qual seria a sua próxima ação. Para além de ser perigoso, verificar cada compartimento daquela forma ia custar-lhe munições preciosas. Mas naquele momento, parecia não ter escolha possível. Se o atirador estivesse num daqueles compartimentos, estava preparado para matar quem tentasse ultrapassar a entrada.
Parou por um momento para avaliar as suas próprias reações físicas.
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