“Foge!” Kevin gritou à medida que as pessoas que os alienígenas haviam convertido se aproximavam do bunker. Luna já parecia estar a seguir o seu conselho, correndo de volta para as confusas profundezas do lugar, tão depressa que Kevin teve que se esforçar para se conseguir aproximar dela.
Eles tinham sempre sido bons a fugir. Sempre que se metiam em sarilhos por estarem em algum lugar onde não deviam estar, conseguiam sempre manter-se à frente de quem os seguia. Bem, na maior parte do tempo. Bem, pelo menos mais do que na metade. Desta vez, porém, Kevin suspeitava que eles iriam conseguir algo muito pior do que um aviso severo se as criaturas por trás deles se aproximassem.
Ele conseguia ouvir o bater dos pés deles no chão do bunker enquanto eles os perseguiam, sendo silencioso o som da sua perseguição, exceto pelo barulho das botas contra o cimento. Eles não os chamavam enquanto os perseguiam, não guinchavam, gritavam ou exigiam que Kevin e Luna parassem. De alguma forma, isso tornava tudo mais assustador.
“Por aqui!” Luna gritou, levando-o ainda mais para as profundezas da base. Eles passaram pelo arsenal, e Kevin desejou efetivamente ter algum tipo de arma, simplesmente porque parecia ser a única maneira que eles tinham de conseguirem sair dali inteiros. Uma vez que ele não tinha uma, ele resolveu derrubar tudo por onde passava enquanto corria, empurrando um carrinho para o caminho das pessoas que avançavam, fechando as portas atrás de si. Os estrondos diziam-lhe quando elas chocavam com os obstáculos que Kevin estava a colocar no seu caminho, mas até agora nada disso parecia estar a atrasá-los nem um pouco.
“Silêncio” sussurrou Luna, puxando Kevin para outro corredor e diminuindo a velocidade até andarem pé ante pé. Uma multidão de caminhantes e soldados passou apressadamente um segundo depois, movendo-se com toda a velocidade e força que pareciam ser uma consequência de estarem a ser controlados pelos alienígenas.
“Por que é que eles são tão rápidos?” Kevin sussurrou, tentando recuperar o fôlego. Não parecia justo, eles serem tão rápidos. O mínimo que uma pessoa deveria ser capaz de esperar de uma invasão alienígena era conseguir fugir dela apropriadamente.
“Os alienígenas provavelmente estão apenas a fazer com que eles usem todos os seus músculos” disse Luna “não se importando se os magoam. Sabes, como quando as avós libertam as pessoas debaixo dos carros.”
“As avós conseguem libertar as pessoas debaixo dos carros?” Kevin perguntou.
Luna encolheu os ombros. Com a máscara de gás colocada, era impossível saber se ela estava a brincar com ele ou não. “Eu vi na televisão. Já recuperaste o fôlego?
Kevin assentiu, embora não fosse exatamente verdade. “Para onde é que estamos a ir? Se eles forem espertos, terão deixado pessoas na entrada.”
“Então, nós vamos para a outra entrada” disse Luna.
A saída de emergência. Kevin estava tão ocupado a pensar no bunker a ser invadido que ele praticamente se tinha esquecido da porta de emergência. Se eles conseguissem lá chegar, então talvez eles tivessem uma hipótese. Eles conseguiriam chegar ao carro e ir até à NASA.
“Pronto?” Luna perguntou. “Ok, vamos.”
Eles correram pelos corredores e, de alguma forma, não ver as pessoas controladas era pior do que as ver. Eles estavam tão quietos que poderiam estar em qualquer esquina, esperando para os apanhar, e se eles o fizessem, o que aconteceria a seguir não valeria...
“Foge!” Luna gritou quando um braço a agarrou na esquina seguinte, conseguindo segurar o tecido da sua blusa. Kevin lançou-se para frente, atirando todo o seu peso contra o braço como se estivesse a tentar atacá-lo.
Ele soltou-a. Kevin e Luna começaram a correr novamente, dando voltas e mais voltas ao acaso, para tentar despistar os seus perseguidores. Eles não conseguiam correr mais rápido do que eles numa linha reta, pelo que tiveram que procurar por espaços onde as pessoas controladas não os conseguissem seguir, e tentar usar a configuração labiríntica do bunker contra eles.
“Está aqui” disse Luna, apontando para uma porta.
Kevin teve que acreditar na palavra dela. Naquele momento, ele sentia-se tão perdido que nem conseguia dizer a ninguém o caminho de volta para a sala de controlo. Ele entrou apressadamente na secção do corredor a seguir a Luna, e, depois, fechou a porta atrás deles, pegando num extintor de incêndio, tentando usá-lo para bloquear a porta. Parecia tão frágil quanto papelão em comparação com a força das pessoas controladas.
Agora eles só tinham que abrir a porta da escotilha.
Kevin colocou as mãos na roda, tentando girá-la. Não aconteceu nada; era tão tesa que parecia ter sido feita de rocha. Ele tentou novamente. Os nós dos seus dedos começaram a ficar brancos com o esforço.
“Talvez uma pequena ajuda?” ele sugeriu.
“Mas tu pareces estar a divertir-te” Luna ripostou por trás da sua máscara, antes de se agarrar à roda de bloqueio com ele e puxar. Ainda assim continuava presa.
“Precisamos de nos esforçar mais” disse Luna.
“Estou a tentar o máximo que consigo” assegurou Kevin.
“Bem, a menos que queiras pedir ajuda a uma das pessoas controladas, precisamos de fazer mais. Quando eu disser três. Um…”
Um barulho veio da porta que Kevin havia trancado.
“Três!” ele disse, puxando a roda com toda a sua força. Luna pareceu ter tido a mesma ideia, pendurando praticamente todo o seu peso na coisa.
Finalmente, quando um segundo barulho estridente veio da porta que eles haviam trancado, a coisa deslocou-se. Eles abriram-na enquanto os músculos de Kevin reclamavam, e, então, Luna atirou-se lá para dentro de cabeça, sem esperar para ver se Kevin queria ir primeiro. Ele apressou-se a ir atrás dela, fechando a escotilha a seguir, na esperança de que o corredor parecesse vazio para qualquer coisa que os seguisse.
O espaço era estreito, pouco mais que uma espécie de túnel para rastejar. Se os dois fossem adultos, provavelmente não caberiam ali. Mas assim, havia espaço suficiente para eles conseguirem rastejar de mãos e joelhos, indo apressadamente na direção da outra escotilha no final. Felizmente, esta não estava presa, e abriu suavemente, revelando a encosta da montanha.
“Precisamos de ter cuidado” disse Luna suavemente enquanto os dois saíram na encosta da montanha. “Eles podem ainda estar por aqui.”
E estavam, porque Kevin pôde ver figuras mais à frente, subindo a encosta como se para chegarem à entrada da frente. Havia algumas árvores por perto. Ele e Luna deslizaram até lá, mantendo-se agachados e tentando ficar fora de vista.
Eles rastejaram pela montanha acima, tentando descobrir exatamente onde é que eles haviam escondido o carro da Dra. Levin. Se eles conseguissem chegar ao carro, poderiam sair dali e ir para a base, abandonando as pessoas controladas pelos alienígenas.
Kevin avistou-o um pouco mais ao longe, exatamente onde eles o haviam deixado, fora de vista. Ele rastejou em direção ao carro... e foi quando ele viu Chloe a aparecer de uma curva na estrada da montanha, vinda do estacionamento no cume. Um par de turistas, movendo-se com o silêncio estranhamente coordenado dos alienígenas controlados, estava a correr atrás dela e a aproximar-se dela.
“Temos que a ajudar” disse Kevin.
“Depois de tudo o que ela acabou de fazer?” Luna contrapôs. “Devíamos deixar que ela se tornasse numa alienígena também. Ela provavelmente seria menos problemática.”
“Luna” disse Kevin.
“Eu só estou a dizer que ela não merece de todo a nossa ajuda” disse Luna.
As pessoas controladas estavam quase a apanhar Chloe agora.
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