Oliver abriu a porta da saída. Chris passou direto por ela, aos gritos. Ele deslizou para o pátio, em seguida, ainda escorregando no óleo invisível de Oliver, até desaparecer de vista.
"Tchau!" Oliver gritou, acenando.
Com sorte, aquela seria a última vez que veria Christopher Blue.
Ele fechou as portas e virou-se.
Com a cabeça erguida, abriu caminho pelo refeitório caótico e caminhou confiantemente pelos corredores do Colégio Campbell. Nunca se sentira melhor. Nada podia superar aquilo.
Quando chegou à saída, abriu as duas portas principais com as duas mãos. Uma rajada de ar puro e frio o atingiu. Ele respirou fundo, sentindo-se rejuvenescido.
E foi quando ele a viu.
De pé, na base da escada, olhando para cima, havia uma figura solitária. Cabelo preto. Olhos verde-esmeralda.
Oliver não podia acreditar. Seu coração deu um salto, subitamente batendo a mil por minuto em seu peito. Seu cérebro começou a girar enquanto tentava desesperadamente descobrir como... por que...
Suas palmas ficaram úmidas. Sua garganta ficou seca. Um arrepio de animação percorreu sua espinha.
Porque na sua frente havia uma bela visão.
Ninguém menos do que Esther Valentini.
"Esther?!" Oliver exclamou.
Ele a segurou pelos ombros, absorvendo a visão de cada pedacinho dela. Não podia acreditar em seus olhos.
"Oliver". O rosto de Esther se abriu em um sorriso. Ela o abraçou. "Eu te encontrei".
Sua voz era doce como o mel. Parecia música em seus ouvidos. Oliver a abraçou. Era maravilhoso envolver seus braços ao redor dela. Achou que nunca mais a veria.
Mas então ele saiu de seu abraço, sentindo-se alarmado de repente. "Por que você está aqui?"
Esther sorriu, travessa. "Há uma máquina do tempo na escola. Escondida dentro da árvore sumaúma. Eu notei um pequeno X esculpido nele e, como há um X em cada entrada que somente os professores podem usar, imaginei que isso deveria significar que havia uma entrada ali. Então, bisbilhotei por um tempo; vi alguns professores desaparecerem e percebi que devia haver uma máquina do tempo dentro dela. Estritamente proibida para os estudantes usarem, é claro".
Oliver sacudiu a cabeça. Claro que a brilhantemente talentosa Esther Valentini encontraria uma máquina do tempo escondida. Mas ninguém viajaria no tempo sem uma razão muito boa, especialmente não para uma linha do tempo à qual não pertencia! Pelo que Oliver havia aprendido na Escola de Videntes, passar uma quantidade significativa de tempo na linha do tempo errada colocava uma pressão real no corpo. De fato, ele se sentiu um pouco estranho apenas ao voltar para a sua.
E isso sem mencionar o sacrifício. Não havia garantia de retorno. Deixar a Escola de Videntes quebrou o coração de Oliver e ele só fez isso para salvar a vida de Armando. Então, algo deve ter levado Esther a vir até aqui. Uma busca, talvez. Uma missão. Talvez a Escola estivesse em perigo de novo?
"Não quero saber como chegou aqui". Oliver contestou. "E sim por quê".
Para sua grande surpresa, Esther sorriu. "Você me prometeu um segundo encontro".
Oliver fez uma pausa, franzindo a testa. "Você quer dizer que veio até aqui por mim?"
Ele não conseguia entender. Esther podia nunca mais voltar. Ela poderia ficar presa na linha do tempo errada para sempre. E fez isso por ele?
Suas bochechas ficaram rosadas. Ela tentou dar de ombros, tornando-se repentinamente tímida. "Eu achei que você precisaria de ajuda".
Embora não pudesse entender, Oliver estava grato pelo sacrifício que Esther fizera. Ela poderia ficar presa na linha do tempo errada para sempre e havia feito isso por ele. Ele se perguntou se isso significava que ela o amava. Não conseguia pensar em outra razão pela qual alguém pudesse se colocar numa tal situação.
O pensamento o aqueceu. Ele rapidamente mudou de assunto, sentindo-se subitamente muito tímido.
"Como foi a viagem através do tempo?" ele perguntou. "Você chegou aqui ilesa?"
Esther pôs a mão sobre o estômago. "Eu fiquei um pouco enjoada. E tive uma dor de cabeça terrível. Mas foi só".
Então, Oliver se lembrou do amuleto. Ele o tirou do macacão. "O professor Ametista me deu isto antes de eu sair".
Esther tocou o amuleto com os dedos. "Um detector de portais! Eles ficam mais quentes quando estamos perto de um buraco de minhoca, não é?" Ela sorriu despreocupadamente. "Isso pode nos guiar de volta para a Escola de Videntes um dia".
"Mas está frio desde que cheguei aqui", Oliver disse, melancólico.
"Não se preocupe", ela falou. "Não precisamos ter pressa. Temos todo o tempo que quisermos". Ela sorriu com a piada.
Oliver riu também.
"Eu tenho uma nova missão", Oliver disse.
Os olhos de Esther se arregalaram. "Sério?"
Ele assentiu e mostrou-lhe a bússola. Esther olhou para ela, admirada.
"É linda. O que isto significa?"
Oliver apontou para os mostradores e os estranhos hieróglifos. "Ela está me levando aos meus pais. Estes símbolos representam determinados lugares ou pessoas. Veja, estes são meus pais". Ele apontou para o mostrador que nunca se moveu, que permanecia fixo na imagem de um homem e uma mulher de mãos dadas. "Estes outros mostradores parecem se mover dependendo de aonde eu preciso ir em seguida".
"Ah, Oliver, que emocionante! Você tem uma missão! Aonde precisa ir agora?"
Ele apontou para a folha de carvalho. "Boston."
"Por que Boston?"
"Eu não tenho certeza", Oliver respondeu, colocando a bússola de volta no bolso do macacão. "Mas tem a ver com encontrar meus pais".
Esther pegou a mão dele e sorriu. "Então vamos".
"Você vem comigo?"
"Sim". Ela sorriu timidamente. "Se você quiser".
"Claro".
Oliver sorriu. Embora não conseguisse entender como Esther estava tão calma sobre o fato de que ela poderia ficar presa na linha do tempo errada para sempre, sua presença o alegrou. De repente, tudo parecia muito mais promissor, muito mais parecido com o Universo que o guiava. Sua busca para encontrar seus pais seria muito mais agradável com Esther ao seu lado.
Eles desceram os degraus na saída do Colégio Campbell e foram na direção da estação de trem, andando lado a lado. A pele macia de Esther era muito reconfortante.
Embora fosse um dia frio de outubro, Oliver não sentia frio. Apenas estar com Esther o mantinha aquecido. Era tão bom vê-la novamente. Ele achou que nunca mais voltaria. Mas não podia deixar de pensar que ela era uma miragem que poderia desaparecer a qualquer momento. Então, enquanto caminhavam, continuou olhando para ela apenas para ter certeza que ela era real. Toda vez, ela lhe dava seu doce sorriso tímido e ele sentia outra onda de calor em seu peito.
Eles chegaram à estação de trem e se dirigiram para a plataforma. Oliver nunca havia comprado uma passagem de trem antes e a máquina de bilhetes parecia muito intimidante. Mas então se lembrou de que tinha desativado uma bomba atômica. Certamente poderia descobrir como usar uma máquina de passagens de trem.
Ele comprou dois bilhetes para Cambridge, em Boston, selecionando a opção só ida, já que não tinha ideia se voltaria a Nova Jersey ou não. O pensamento o preocupou.
O trem levaria pouco mais de quatro horas para chegar em Cambridge. Observaram os vagões pararem na plataforma e depois embarcaram, encontrando um vagão silencioso onde pudessem se acomodar para a longa viagem.
"Como estão todos na escola?" Oliver perguntou. "Ralph? Hazel? Walter? Simon?"
Esther sorriu. "Eles estão bem. Todos sentimos sua falta, é claro. Walter sente muito, na verdade. Ele diz que jogar zástrás não é a mesma coisa sem você".
Oliver sorriu com tristeza. Ele sentia muita falta de seus amigos também.
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