"Eu não sabia que você viria hoje", disse Emily para a amiga.
"Acabei de falar com Dan sobre o checklist", Amy respondeu.
Emily se sentou em frente a ela, franzindo a testa, curiosa. "Que checklist?"
"Das coisas do bebê", Amy falou, em um tom que sugeriu que aquilo deveria ser óbvio. "Você precisa da sua bolsa de maternidade pronta para o hospital, um plano de como chegar lá, onde estacionar, para quem ligar. Nós escrevemos uma hierarquia de comunicação, onde Dan me liga e eu sou responsável por ligar para Harry, Jayne, sua mãe e Lois. Harry fica encarregado de avisar aos moradores de Sunset Harbor, Lois conta para o resto da equipe da pousada, etc. Sinceramente, Emily, estou chocada por você ainda não ter resolvido essas coisas".
Emily riu. "Em minha defesa, o parto só será daqui a três meses!"
"Você tem que estar preparada", disse Amy, com conhecimento de causa. "Se Charlotte sentir vontade de vir amanhã, essa é uma possibilidade muito real".
Chantelle arregalou os olhos. "Ela poderia nascer amanhã?" a menina perguntou, parecendo emocionada com a perspectiva. "Eu poderia ter uma irmã amanhã?"
Emily pôs a mão na barriga protetoramente, uma preocupação incômoda crescendo no fundo de sua mente. "Espero que não".
Daniel veio e sentou-se ao lado delas. "Não dê a Emily cenários de pesadelo com que se preocupar", disse ele a Amy. "E também não dê esperanças a Chantelle. Ela está desesperada para conhecer sua irmãzinha". Ele se virou para Chantelle. "Charlotte vai ficar na barriga da mamãe até dezembro. Há apenas uma chance muito pequena dela vir mais cedo do que isso".
"Então, você quer dizer que ela poderia vir no meu aniversário?" Chantelle perguntou, sorrindo de orelha a orelha com a perspectiva.
Daniel riu e sacudiu a cabeça. "Halloween e dois aniversários?" brincou ele. "Melhor não!"
"Isso tornaria a data fácil de lembrar", disse Amy, com uma risada.
Então, a campainha tocou.
"Eu atendo", disse Emily, querendo uma distração do pensamento de Charlotte nascer prematura.
No foyer, a pousada estava muito agitada. A movimentada temporada de verão acabou, mas sempre havia muito para organizar, especialmente agora que, na sala de jantar, eram servidas três refeições por dia, e o bar funcionava todas as noites. Quando o restaurante e o spa abrissem, nunca teriam um momento de paz, pensou Emily.
Ela passou apressada por Lois e Marnie, que estavam ocupadas na recepção, e abriu a porta. Um cavalheiro elegantemente vestido havia tocado a campainha. Ele parecia ter cerca de cinquenta anos de idade, com cabelos grisalhos e algumas rugas no canto dos olhos.
"Paul Knowlson", ele falou, confiante, estendendo a mão para Emily, como se tivesse vindo para uma reunião de negócios.
Ela apertou a mão dele. "Sinto muito, Paul, acho que não conheço você", disse ela.
"Eu reservei um apartamento", disse ele, tirando um pedaço de papel do bolso interno da jaqueta. "Na Casa de Trevor", disse ele, lendo-o.
"Ah!" Emily exclamou. Ele era seu primeiro hóspede dos novos apartamentos! "Fica na casa do outro lado do gramado", disse ela. "Venha, vou mostrar o caminho".
"Fantástico", respondeu Paul.
Emily levou-o pelos gramados. Ela sentiu uma onda de emoção, sabendo que esta seria a primeira vez que muitas pessoas fariam aquele trajeto. Era maravilhoso ver todo o seu trabalho duro na Casa de Trevor se concretizar, e saber que o presente que ele deixara estava sendo utilizado em vez de ser deixado ao abandono.
"Acho que ouvi um traço do sotaque de Nova York", disse Paul enquanto caminhavam. "Você é de lá?"
"Isso mesmo", Emily respondeu, sorrindo. "Nascida e criada. Você conhece bem a cidade?"
Paul assentiu. "Sim, eu cresci lá. Mas agora moro na Flórida".
"E você trabalha como executivo?" ela acrescentou.
Paul riu, fazendo um gesto para o seu terno de aparência cara. "Como você descobriu?"
Eles chegaram à Casa de Trevor e Emily o levou para dentro. A área principal do andar de baixo estava agora completamente aberta, com apenas uma divisória de vidro entre o novíssimo restaurante e o caminho até a escada que levava aos apartamentos. O restaurante ainda não tinha aberto as portas, mas não demoraria muito até que isso acontecesse, Emily pensou, animada.
"Seu apartamento é o de número quatro", disse Emily, apontando para as escadas. "Tem uma linda varanda com vista para o mar".
"Parece perfeito", respondeu Paul.
Emily conduziu-o escada acima até o mezanino, depois apontou para um portão de ferro forjado de estilo parisiense com uma placa com letras douradas em que se lia Apenas para Hóspedes. Mostrou-lhe a chave grande que abria o portão, depois seguiram pelo corredor e pararam do lado de fora do apartamento Quatro.
Emily lembrou-se da empolgação que sentiu na primeira vez em que viu os novos apartamentos. Eles foram magistralmente projetados pelos trigêmeos da Erik & Filhos. Ela esperava que Paul ficasse tão impressionado ao ver o apartamento quanto ela.
Ela destrancou a porta e abriu-a, fazendo um gesto para Paul entrar.
"É fantástico", disse Paul, com um aceno de cabeça.
Ele parecia ser um homem bom, mas Emily teve uma impressão de que ele tinha uma perspicácia afiada para os negócios. Era a mesma qualidade de Amy, uma habilidade quase falciforme de farejar dinheiro e qualidade, avaliar o ambiente e fazer um julgamento instantâneo. Era um grande elogio que alguém assim quisesse se hospedar em sua humilde pousada!
Emily entregou-lhe a chave. "No momento, as refeições são servidas na casa principal", explicou ela. "Então, por favor, junte-se a nós sempre que desejar. O restaurante no andar de baixo ainda não está aberto, então, tudo ficará muito tranquilo".
Eles se despediram e Emily voltou para a casa principal. Ela encontrou Lois no foyer.
"Eu esqueci que já temos um hóspede na Casa de Trevor", disse ela. "Tudo está preparado para ele? Roupa de cama limpa, roupão de banho, cápsulas de café para a máquina?"
Lois assentiu, séria. "Sim", ela disse, soando um pouco ofendida pela insinuação de que poderia ter esquecido alguma coisa.
Emily corou. "Desculpe, claro que você preparou tudo".
Nem sempre era fácil para Emily lembrar que Lois não era mais a garota distraída e excessivamente emocional que ela já foi. Ela realmente floresceu recentemente, provavelmente em parte devido a sua promoção e aumento de salário, e Emily sabia que podia confiar nela para administar perfeitamente a pousada. Ela se saía bem ao lidar com os fornecedores e fazer pedidos de produtos e mercadorias. De fato, percebeu Emily, ela provavelmente poderia viajar para o exterior por um mês e confiar a pousada às mãos capazes de Lois; algo que ela nunca pensou ser possível!
Emily voltou para a cozinha. Daniel, Amy e Chantelle ainda estavam sentados ao redor da mesa, conversando animadamente. Sem dúvida, Amy estava usando seu cérebro de negócios para forçar Daniel a planejar o nascimento de Charlotte nos mínimos detalhes, empregando o tipo de precisão organizada raramente vista quando se trata de bebês.
"Aí está ela". Daniel sorriu quando a viu entrar. "Eu tenho novidades".
"Sério?" Emily disse, sentando-se. "Mas eu só saí por um minuto".
"Jack ligou", disse Daniel, referindo-se ao seu chefe na oficina de carpintaria, onde ele trabalhava desde o ano passado.
"Foi? E o que ele disse?" Emily perguntou, curiosa.
"É a dor nas costas novamente", disse Daniel. Jack havia sofrido uma distensão há pouco tempo e teve que tirar uma folga. "Você sabe como ele tem problemas com isso. Bem, sua esposa finalmente conseguiu convencê-lo a reduzir suas horas no trabalho. Ela herdou algum dinheiro e quer que eles tenham uma aposentadoria antecipada, viajem pelo Caribe, esse tipo de coisa".
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