Danilo Clementoni - Interseção Com Nibiru

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O Senador permaneceu imóvel por mais alguns instantes, olhando o monitor, que, após o fim da transmissão, agora mostrava uma série de fotos espetaculares do deserto do Arizona, sucessivamente. Então, como se algo o tivesse despertado repentinamente, pulou de pé, apertou o botão no comunicador na mesa e disse ao microfone embutido: — Arranje para que preparem meu avião e chame meu motorista. Quero estar em voo dentro de uma hora, o mais tardar.

Astronave Theos – O presente

— Devemos voltar e descer — disse o Coronel Hudson aos dois alienígenas. — Preciso fazer alguns telefonemas e realmente acho que daqui não será possível.

— Eu não teria tanta certeza — respondeu Azakis sorrindo. — Sabe, se o velho e bom Petri se empenhar seriamente, ele pode fazer coisas que você nem imagina — e deu ao seu colega uma palmada nas costas.

— Acalmem-se, por favor — respondeu Petri com as mãos no ar. — Antes de mais nada, defina o conceito de "telefonema".

Jack, pego de surpresa pela pergunta aparentemente trivial, virou-se para Elisa, que primeiro encolheu os ombros, e então, apontando para o bolso do Coronel, disse abertamente: — Mostre a eles o seu telefone, sim?

Com um movimento rápido, Jack retirou seu smartfone. Era uma tela de toque um pouco antiga. Ele nunca gostou de seguir a tendência absurda de sempre ter o último modelo de celular. Preferia familiar, sem precisar perder tempo aprendendo todas as novas funções.

— Não sou engenheiro — disse Jack, mostrando o celular para o alienígena, — mas com isto, é possível conversar com outra pessoa que tenha um semelhante, apenas digitando seu número neste teclado.

Petri tomou o celular e examinou-o cuidadosamente. — Deve ser um sistema de transmissão individual, parecido com os nossos comunicadores portáteis.

— Com uma única diferença — acrescentou Elisa — toda vez que usamos, engole um monte do nosso dinheiro.

Pensando que o conhecimento limitado da linguagem deles não lhe permitia compreender todos os conceitos, Petri resolveu ignorar esta última afirmação e continuou a analisar o objeto que tinha nas mãos. — Necessitarei de um tempinho para entender como funciona.

— Claro, não tenha pressa — respondeu Elisa, desolada. — Afinal de contas, não é como se um planeta estivesse prestes a colidir com o nosso.

Petri então a olhou, perplexo, e percebendo que também não entendera essa piada, resolveu não dizer mais nada. Simplesmente encolheu os ombros e entrou no módulo de transferência interna mais próximo, desaparecendo em segundos.

— Bem, supondo que seja possível fazer seu celular funcionar daqui, como estava pensando em proceder? — Elisa perguntou, enquanto tentava se recuperar da fraqueza provocada pela falta de oxigênio e pelas inúmeras emoções que passara nas últimas horas.

— Inicialmente pensei em contatar o Senador Preston, o superior direto do General Campbell. Mas como ele nunca me pareceu convincente, resolvi seguir um caminho diferente para chegar ao Presidente.

— Acha que ele também pode estar envolvido?

— Esses dois demônios nunca foram honestos comigo. Existe rumores de que Preston esteja envolvido com alguns fabricantes de armas decididamente inescrupulosos. Não confio nele.

— Então?

— Então, vou falar diretamente com o Almirante Benjamin Wilson. Ele era o braço direito do Presidente por vários anos e também um grande amigo de meu pai.

— Era?

— Infelizmente, meu pai nos deixou faz quase dois anos.

— Lamento... — sussurrou Elisa, afagando suavemente o braço esquerdo dele.

— Wilson me segurou nos joelhos quando eu era pequeno. É uma das poucas pessoas em quem confio cegamente.

— Não sei o que dizer. Não importa o quanto seja próximo dele, acho que será difícil que aceite uma história como essa pelo telefone.

— Eu poderia mandar algumas fotos da vista de sua cidade daqui de cima.

— Com os nossos sensores de curto alcance — observou Azakis, que até então ficara quieto — poderíamos contar as batidas por minuto de seu coração, em tempo real.

— Por favor, não brinque — exclamou Elisa, dando ênfase com um gesto da mão.

— Não acredita em mim? Veja isto então.

Por meio do seu O^COM, Azakis fez com que a visão sobre o acampamento-base da doutora aparecesse na tela gigante. Em poucos segundos, ampliou a imagem para trazer a tenda do laboratório em plena vista.

— O que estão vendo...

— é a minha tenda — exclamou Elisa antes que Azakis pudesse terminar a frase.

— Exatamente. Agora observem.

De repente, era como se a cobertura da tenda tivesse desaparecido e ela podia ver perfeitamente todos os objetos dentro.

— Minha mesa, meus livros... inacreditável!

— Se houvesse alguém dentro, eu poderia lhe mostrar o calor gerado pela circulação sanguínea e portanto, poderia também calcular seu ritmo cardíaco.

Decididamente satisfeito com a demonstração, o alienígena começou a vagar orgulhoso pela sala.

Entretanto o Coronel, que ainda não havia se recuperado do espanto, de repente parecia ter sido atingido por um trovão, e exclamou de modo grosseiro: — Que quer dizer, "houvesse alguém"? Deveria haver alguém. Onde diabos estão os dois prisioneiros?

Elisa foi mais para perto da tela para ter uma visão melhor. — Talvez foram levados. Poderíamos ter uma visão completa do restante da instalação?

— Sim, claro.

Em alguns segundos, Azakis começou a mostrar uma visão geral do acampamento. Os sensores examinaram todos os lugares, mas não havia sinal dos dois prisioneiros.

— Devem ter escapado — disse o Coronel laconicamente. — Isso quer dizer que logo os encontraremos sob os nossos pés de novo. Felizmente o General foi levado a um lugar seguro por meus homens. Esses três são capazes de causar mais danos que o próprio diabo.

— Não importa — disse Elisa. — Temos problemas muito maiores agora.

Ela mal terminou a frase quando a porta do módulo de comunicação interna número três se abriu. Uma moça atraente saiu de dentro, com passos suaves e sinuosos. Estava segurando um tipo de bandeja totalmente transparente, em que haviam recipientes diferentes e coloridos.

— Senhoras e Senhores — anunciou Azakis pomposamente, mostrando um dos seus melhores sorrisos. — Permitam-me apresentar a vocês a navegadora mais encantadora de toda a galáxia.

Jack, cujo queixo caíra de deslumbramento, somente conseguiu gaguejar "Olá", antes de receber uma cotovelada no lado direito, bem entre as costelas.

— Bem-vindos a bordo — disse ela, num inglês um pouco vacilante. — Espero que estejam com fome. Trouxe algo para comerem.

— Obrigada, é muito amável — disse Elisa furiosamente, os olhos faiscando para o seu homem.

A moça não disse mais nada. Colocou a bandeja num suporte à esquerda deles e seu rosto se iluminou com um lindo sorriso, e então alguns segundos depois, desapareceu de novo para dentro do mesmo módulo em que chegara.

— Bonita, não? — comentou Azakis, observando o Coronel.

— Bonita? Quem? O quê? — Jack se apressou a responder, atento à cotovelada que acabara de receber.

Azakis explodiu em gargalhadas, e com um aceno de mão, convidou-os a se servirem.

— Que raios é isso? — murmurou Elisa, enquanto cheirava de maneira deselegante os diversos pratos.

— Fígado de Nebir — o alienígena se apressou a enumerar, — Hanuk e raízes cozidas de Hermes, tudo acompanhado por, digamos, uma bebida "energética".

— Completamente diferente do restaurante Masgouf — comentou laconicamente Elisa. — Como estou faminta, vou experimentar.

Ela apanhou um pedaço de costela com as mãos, e sem muito esforço, começou a mastigá-lo até o osso. — Essa comida não vai dar uma enorme dor de barriga, não é Zak? Experimente também, meu amor. O gosto é um pouco estranho, mas não é de todo ruim.

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