— Ah, hum, você quer atravessar para… — Minhas palavras vacilaram enquanto minhas bochechas aqueciam. Eu não tinha ideia de como aquilo funcionava. Não queria que esse cara pensasse que eu era uma idiota.
Ele inclinou a cabeça. — Para Eidothea? O que você sabe sobre portal para o reino Feérico?
Meus ombros levantaram e caíram. — Não sei de nada. — Doeu ter que admitir aquilo. Por alguma razão eu queria que ele visse a mulher brilhante que eu era. Aquela que aprendia as coisas mais rápido do que qualquer um ao meu redor e tinha se formado em primeiro lugar da classe na escola de enfermagem. Era por isso que eu era a única enfermeira capaz de conectar pacientes ao aparelho de ECMO no meu hospital anterior. — Nem sei se acredito em nada do que Aislinn disse sobre magia, os Feéricos, e meu suposto trabalho.
— Eu estava preocupado com isso. É por isso que eu vim para cá.
— Por quê? Você está aqui para me ajudar? — Por favor, esteja aqui para me ajudar. Minha cabeça estava uma bagunça e precisava de alguém para me ensinar sobre tudo aquilo. Certamente havia regras que eu deveria seguir. A última coisa que eu queria fazer era cometer um erro porque eu não sabia das coisas.
Oh, Deus! E se eu deixar algum Feérico serial killer passar pelo portal?
Sebastian não respondeu, apenas ficou me encarando. Vaga-lumes começaram a rodear minha cabeça. Espantei eles com uma mão enquanto mantinha meus olhos em Sebastian. O zumbido tornou-se persistente até que finalmente me virei para ver que estava enganada sobre o que estava voando ao meu redor. Na verdade, eram pessoas pequeninas voando. Assim como a Sininho!
Estas criaturas tinham asas iridescentes e cabelos e roupas coloridos vibrantes. — O que são eles? Aislinn nunca me contou o que eles eram.
Sebastian diminuiu um pouco da distância entre nós. — Eles são pixies. E esses são brownies, ou duendes amigos.
Segui o dedo dele e notei pequenas criaturas marrons rastejando sob a cerca e indo para o jardim. — O que é que eles fazem? Eles estão tentando atravessar?
— Você realmente tem que dar um jeito de aprender antes que o Rei Voron envie algo terrível para estabelecer uma base neste reino. — Depois de rosnar essas palavras, Sebastian começou a se afastar.
Minha boca comprimiu em uma linha fina para evitar xingá-lo enquanto ele ia embora. Engolir a raiva e a frustração não foi fácil, especialmente quando considerei como isso tinha acabado de cair no meu colo e ele estava esperando que eu fizesse milagres.
Com um grunhido, dei um pisão na grama. Eletricidade escaparam das minhas mãos. Gritei e agitei minhas mãos no ar. Um raio branco brilhante voou para a esquerda e atingiu uma árvore.
Chamas irromperam ao longo da casca e uma figura alta e esbelta saiu de dentro dela gritando. Corri ao redor da lagoa e a alcancei num piscar de olhos. Meu coração bateu descontroladamente no meu peito enquanto queimaduras brotavam ao longo dos braços dela.
Agindo por instinto, corri para a lagoa e peguei o máximo de água com as mãos. Quando voltei para ela com um punhado de água, o fogo já apagado, e ela estava me encarando. Derramei o líquido sobre o braço dela. — Sinto muito. Eu não queria te machucar. Eu perdi a cabeça.
Os cantos dos seus finos lábios castanhos se ergueram e seus olhos verdes brilharam. — Está tudo bem, Bas tem esse efeito nas pessoas. Eu sou Theamise. Sua avó me convidou para viver no Bordo quando ele estava morrendo por causa de um fungo.
Acenei com a cabeça como se já soubesse disso. Quando eu menos percebia, algo novo era jogado para cima de mim. Exceto que eu sabia sobre aquilo. Vovó me contou a história sobre a árvore estar à beira da morte e que ela fez um acordo com uma ninfa para salvá-la.
Parecia impossível que essas criaturas sequer existissem. Se não fossem as histórias que minha avó me contou, eu ficaria muito mais chocada. Esperava que fosse mais fácil aceitar que tudo isso fosse real porque não podia continuar tendo as mesmas discussões na minha cabeça. Sério, eu fazia esquizofrênicos parecerem sãos.
Eu não tinha mais vinte anos. Ser atingida com tudo isso estava afetando a minha mente. Mas como todos os Shakleton, eu me recusava a permitir que isso me sobrecarregasse. Com um susto, percebi que minha mãe fugiu de tudo isso. Não achei que ela negasse a existência desse mundo. Afinal, ela me mandava para ficar com a mãe dela todo verão. Mas por que ela ou meu pai nunca me contaram sobre nada disso? Não pude deixar de me perguntar o que a fez se afastar.
Nada disso importa agora! Certo. Eu precisava dar um jeito na situação antes que ela saísse do controle. Algo estava obviamente acontecendo no meu novo mundo e eu tinha que descobrir o quê, antes que acabasse com a bunda no chão, literalmente.
— Eu realmente sinto muito sobre sua árvore. Espero não ter causado nenhum dano permanente, mas preciso correr e falar com uma amiga bem rápido.
— Eu entendo. Vou curar, assim como a árvore. Não se preocupe conosco. —Theamise acenou para mim e voltou para o Bordo.
Corri para a casa, peguei minha bolsa e chaves e pulei no meu carro. Violet não morava longe, e eu precisava perguntar se ela sabia alguma coisa sobre o que estava acontecendo. Talvez ela tivesse um livro que me ajudasse. Independentemente disso, precisava da minha melhor amiga para ajudar com um bom choque de realidade. Estacionei em frente à livraria Livre-se.
O sino tocou quando abri a porta e Violet olhou por cima do caixa. — Ei, Fiona. O que houve?
Eu deveria saber que ela perceberia a minha angústia. Eu verifiquei o corredor ao meu lado e o seguinte antes de me aproximar dela. — Preciso de sua ajuda. — Expliquei o que aconteceu naquele dia e o que Aislinn me disse antes.
Violet suspirou e me lançou um olhar de simpatia que eu já tinha visto umas mil vezes antes. — Aislinn disse a verdade. Sua avó foi a última Guardiã e você é a única herdeira viva, então quando você reivindicou a casa você reivindicou a posição.
— Como eu nunca soube de tudo isso? Por que você nunca me contou que a magia existia?
Violet mordeu o lábio. — Eu presumi que você nasceu uma Mundana e é por isso que seus pais se mudaram com você. É difícil para um Mundano crescer entre os sobrenaturais. — Eu não seria a pessoa a falar sobre o mundo que existia ao seu redor, especialmente se não houvesse nada que você pudesse fazer para se proteger dele.
Peguei uma das canetas com pontas felpudas do mostruário e comecei a esfregá-la entre as minhas palmas, precisando de uma distração. — Eu não consigo acreditar que tudo isso é real. Que todas as histórias da vovó eram verdadeiras.
— É muito para assimilar. Imagino que você sinta como se um tapete fosse puxado debaixo dos seus pés — disse Violet, enquanto observava a minha agitação.
— Exatamente! Sebastian não ajudou em nada, e Aislinn me contou um pouco, mas não o que eu realmente preciso saber. Eu quero enfiar minha cabeça na areia e fingir que nunca ouvi nada disso.
— Mas você não vai — interveio Violet com um sorriso de quem sabe tudo. — Você enfrenta os problemas de frente, mesmo quando eles parecem impossíveis ou são dolorosos de lidar.
— Você me conhece bem. Não posso ignorar nada disso, por isso estou aqui. Preciso saber como devo proteger esse portal. Nem sei onde ele fica. Você tem alguma coisa que possa me ajudar?
— Eu posso ser uma bruxa, mas eu não posso dar-lhe essas respostas. Essa é uma informação que só sua família sabe — informou Violet, se encolhendo um pouco.
Meus ombros afundaram e eu senti vontade de bater em alguma coisa. — Como diabos eu vou fazer este trabalho quando eu não tenho nenhuma informação? Sebastian acabou de me dizer que o Rei Voron enviaria algo terrível através do portal e que eu seria responsável pelo fim do mundo. Você não tem um livro que pode pelo menos me dar informações sobre o que estou lidando?
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