Aluísio Azevedo - O Cortiço (Clássicos eternos de Aluísio Azevedo)

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O Cortiço (Clássicos eternos de Aluísio Azevedo): краткое содержание, описание и аннотация

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A obra descreve a ascensão social do comerciante português João Romão, dono de uma venda, uma pedreira e um cortiço, próximo ao sobrado de um patrício endinheirado, o comendador Miranda. A rivalidade entre os dois aumenta à medida que cresce o número de casinhas do cortiço, alugadas, na sua maioria, pelos empregados da pedreira, que também fazem compras na venda de João Romão, que, desse modo passa a enriquecer rapidamente. Com a intenção obsessiva de tornar-se rico, João Romão economiza cada moeda e explora quem quer que seja sempre que tem oportunidade, como o faz com a escrava fugida chamada Bertoleza que o auxilia no trabalho duro e para quem ele forjou um documento de alforria.
O Cortiço é um romance naturalista do brasileiro Aluísio Azevedo publicado em 1890 que denuncia a exploração e as péssimas condições de vida dos moradores das estalagens ou dos cortiços cariocas do final do século XIX.

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Devorava-o, noite e dia, uma implacável amargura, uma surda tristeza de vencido, um desespero impotente, contra tudo e contra todos, por não lhe ter sido possível empolgar o mundo com as suas mãos hoje inúteis e trêmulas. E, como o seu atual estado de miséria não lhe permitia abrir contra ninguém o bico, desabafava vituperando as ideias da época.

Assim, eram às vezes muito quentes as sobremesas do Miranda, quando, entre outros assuntos palpitantes, vinha à discussão o movimento abolicionista que principiava a formar-se em torno da lei Rio Branco. Então o Botelho ficava possesso e vomitava frases terríveis, para a direita e para a esquerda, como quem dispara tiros sem fazer alvo, e vociferava imprecações, aproveitando aquela válvula para desafogar o velho ódio acumulado dentro dele.

– Bandidos! – berrava apoplético. – Cáfila de salteadores!

E o seu rancor irradiava-lhe dos olhos em setas envenenadas, procurando cravar-se em todas as brancuras e em todas as claridades. A virtude, a beleza, o talento, a mocidade, a força, a saúde, e principalmente a fortuna, eis o que ele não perdoava a ninguém, amaldiçoando todo aquele que conseguia o que ele não obtivera; que gozava o que ele não desfrutara; que sabia o que ele não aprendera. E, para individualizar o objeto do seu ódio, voltava-se contra o Brasil, essa terra que, na sua opinião, só tinha uma serventia: enriquecer os portugueses, e que, no entanto, o deixara, a ele, na penúria.

Seus dias eram consumidos do seguinte modo: acordava às oito da manhã, lavava-se mesmo no quarto com uma toalha molhada em espírito de vinho; depois ia ler os jornais para a sala de jantar, à espera do almoço; almoçava e saía, tomava o bonde e ia direitinho para uma charutaria da Rua do Ouvidor, onde costumava ficar assentado até às horas do jantar, entretido a dizer mal das pessoas que passavam lá fora, defronte dele. Tinha a pretensão de conhecer todo o Rio de Janeiro e os podres de cada um em particular. Às vezes, poucas, dona Estela encarregava-o de fazer pequenas compras de armarinho, o que o Botelho desempenhava melhor que ninguém. Mas a sua grande paixão, o seu fraco, era a farda, adorava tudo que dissesse respeito a militarismo, posto que tivera sempre invencível medo às armas de qualquer espécie, mormente às de fogo. Não podia ouvir disparar perto de si uma espingarda, entusiasmava-se, porém com tudo que cheirasse a guerra; a presença de

um oficial em grande uniforme tirava-lhe lágrimas de comoção; conhecia na ponta da língua o que se referia à vida de quartel; distinguia ao primeiro lance de olhos o posto e o corpo a que pertencia qualquer soldado e, apesar dos seus achaques, era ouvir tocar na rua a corneta ou o tambor conduzindo o batalhão, ficava logo no ar, e, muita vez, quando dava por si, fazia parte dos que acompanhavam a tropa. Então, não tornava para casa enquanto os militares não se recolhessem. Quase sempre voltava dessa loucura às seis da tarde,

moído a fazer dó, sem poder ter-se nas pernas, estrompado de marchar horas e horas ao som da música de pancadaria. E o mais interessante é que ele, ao vir-lhe a reação, revoltava-

-se furioso contra o maldito comandante que o obrigava àquela estopada, levando o batalhão por uma infinidade de ruas e fazendo de propósito o caminho mais longo.

– Só parece – lamentava-se ele – que a intenção daquele malvado era dar-me cabo da pele! Ora vejam! Três horas de marche-marche por uma soalheira de todos os diabos!

Uma das birras mais cômicas do Botelho era o seu ódio pelo Valentim. O moleque causava-lhe febre com as suas petulâncias de mimalho, e, velhaco, percebendo quanto elas o irritavam, ainda mais abusava, seguro na proteção de dona Estela. O parasita de muito que o teria estrangulado, se não fora a necessidade de agradar à dona da casa.

Botelho conhecia as faltas de Estela como as palmas da própria mão. O Miranda mesmo, que o via em conta de amigo fiel, muitas e muitas vezes lhas confiara em ocasiões desesperadas de desabafo, declarando francamente o quanto no íntimo a desprezava e a razão por que não a punha na rua aos pontapés. E o Botelho dava-lhe toda a razão; entendia também que os sérios interesses comerciais estavam acima de tudo.

– Uma mulher naquelas condições – dizia ele convicto – representa nada menos que o capital, e um capital em caso nenhum a gente despreza! Agora, você o que devia era nunca chegar-se para ela...

– Ora! – explicava o marido. – Eu me sirvo dela como quem se serve de uma escarradeira!

O parasita, feliz por ver quanto o amigo aviltava a mulher, concordava em tudo plenamente, dando-lhe um carinhoso abraço de admiração. Mas por outro lado, quando ouvia Estela falar do marido, com infinito desdém e até com asco, ainda mais resplandecia de contente.

– Você quer saber? – afirmava ela. – Eu bem percebo quanto aquele traste do senhor meu marido me detesta, mas isso tanto se me dá como a primeira camisa que vesti! Desgraçadamente para nós, mulheres de sociedade, não podemos viver sem esposo, quando somos casadas; de forma que tenho de aturar o que me caiu em sorte, quer goste dele quer não goste! Juro-lhe, porém, que, se consinto que o Miranda se chegue às vezes para mim, é porque entendo que paga mais à pena ceder do que puxar discussão com uma besta daquela ordem!

O Botelho, com a sua encanecida experiência do mundo, nunca transmitia a nenhum dos dois o que cada qual lhe dizia contra o outro; tanto assim que, certa ocasião, recolhendo-se à casa incomodado, em hora que não era do seu costume, ouviu, ao passar pelo quintal, sussurros de vozes abafadas que pareciam vir de um canto afogado de verdura, onde em geral não ia ninguém.

Encaminhou-se para lá em bicos de pés e, sem ser percebido, descobriu Estela entalada entre o muro e o Henrique. Deixou-se ficar espiando, sem tugir nem mugir, e, só quando os dois se separaram, foi que ele se mostrou.

A senhora soltou um pequeno grito, e o rapaz, de vermelho que estava, fez-se cor de cera; mas o Botelho procurou tranquilizá-los, dizendo em voz amiga e misteriosa:

– Isso é uma imprudência o que vocês estão fazendo!... Estas coisas não é deste modo que se arranjam! Assim como fui eu, podia ser outra pessoa... Pois numa casa em que há tantos quartos, é lá preciso vir meterem-se neste canto do quintal?...

– Nós não estávamos fazendo nada! – disse Estela, recuperando o sangue-frio.

– Ah! – tornou o velho, aparentando sumo respeito. – Então desculpe, pensei que estivessem... E olhe que, se assim fosse, para mim seria o mesmo, porque acho isso a coisa mais natural do mundo e entendo que desta vida a gente só leva o que come!... Se vi, creia, foi como se nada visse, porque nada tenho a cheirar com a vida de cada um!... A senhora está moça, está na força dos anos; seu marido não a satisfaz, é justo que o substitua por outro! Ah! Isto é o mundo, e, se é torto, não fomos nós que o fizemos torto!... Até certa idade todos temos dentro um bichinho-carpinteiro, que é preciso matar, antes que ele nos mate! Não lhes doam as mãos!... apenas acho que, para outra vez, devem ter um pouquinho mais de cuidado e...

– Está bom! Basta! – ordenou Estela.

– Perdão! Eu, se digo isto, é para deixá-los bem tranquilos a meu respeito. Não quero, nem por sombra, que se persuadam de que...

O Henrique atalhou, com a voz ainda comovida:

– Mas, acredite, seu Botelho, que...

O velho interrompeu-o também por sua vez, passando-lhe a mão no ombro e afastando-o consigo:

– Não tenha receio, que não o comprometerei, menino!

E, como já estivessem distantes de Estela, segredou-lhe em tom protetor:

– Não torne a fazer isto assim, que você se estraga... Olhe como lhe tremem as pernas!

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