Amy Blankenship - Laços Que Unem

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O Santuário é um vasto e isolado sítio de férias escondido no topo da sua própria montanha privada. Angel Hart cresceu protegida do mundo real no resort pertencente à sua família. Rodeada pelos três homens que mais adorava até o divórcio dos seus pais a ter afastado deles, Angel viveu uma vida acolhida e privilegiada. Dois anos mais tarde ela volta a casa para uma visita e trouxe o seu novo namorado. Subitamente, Angel torna-se o objeto do afeto de várias pessoas e estas não fazem intenção de a deixar sair do Santuário de novo. Obsessões secretas tornam-se num jogo de posse mortífero, enquanto os homens que a amam se tornam as pessoas mais perigosas na montanha.

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Corando com a imagem mental, soltou-se dos seus primos e andou na direção dele. - Estás mais alto – ela respirou fundo ao olhar para ele. Hunter era a única pessoa que a sabia mais sobre ela do que o seu irmão.

- Não, tu ficaste mais pequena – gozou Hunter mesmo antes de lançar os braços à volta dela e de a levantar do chão. - A não ser que eu faça isto – ela sempre fora leve como uma pena para ele. Ele rosnou interiormente quando ela se inclinou, acabando com o jogo infantil com um abraço apertado. Ele inalou o seu aroma, lembrando-se de todas as razões pela qual ele tinha esperado que ela voltasse.

Sabendo que estavam a ser observados, Hunter colocou-a, rapidamente, no chão e olhou por cima do seu ombro para os gémeos. - A festa na piscina está a começar e há lá alguém a perguntar por vocês.

- Stacey! - os gémeos bateram as mãos num cumprimento. - Vemo-nos mais tarde – eles partiram como se fosse uma corrida para ver quem chegava à rapariga primeiro.

- Então aprenderam, finalmente, a partilhar – disse Angel com um ar sério, vendo os gémeos a partir, depois riu-se suavemente da sua própria piada.

- Penso que eles gostam mesmo é da competição – refletiu Hunter. - Esta Stacey aparece a toda a hora só para que eles lutem por ela… até agora, nenhum deles ganhou.

Ela sorriu, suavemente, enquanto se virou de volta para Hunter, reparando na longa mecha de cabelo ébano que tinha caído sobre a sua cara quando ele a levantou. Esticando a mão, ajeitou-a para o lado, carinhosamente, e prendeu-a atrás da orelha dele. - Sinto que posso respirar, finalmente.

- O que te impedia? - a voz de Hunter estava tão suave como a dela. Ele sabia o que ela estava a querer dizer porque sentia o mesmo. Sentia-o com tanta intensidade que os seus olhos estavam a arder.

O seu olhar desceu para o beicinho que havia nos lábios dela e sentiu-se a aproximar… querendo beijá-la como costumava fazer antes de ela se ter ido embora. Ele tinha sido quem lhe ensinara beijar, apesar de saber que ela nunca o tinha levado tão a sério como ele. Para ela, tinha sido apenas uma brincadeira infantil… para ele tinham sido os laços que unem.

- Uma pessoa nunca devia ser separada do seu melhor amigo… magoa – Angel suspirou e abraçou-o de novo.

Hunter congelou ao ouvir as palavras “melhor amigo”. Algo que ela usava como forma de carinho que o fazia sentir como se levasse um soco no estômago. Entrelaçando os braços à volta dela, Hunter inclinou-se para beijar o topo da sua cabeça enquanto tentava controlar a sua voz. - Eu sei.

Ela usava esse termo desde que lhe tinha contado todos os seus segredos… mesmo o segredo entre ela e Tristian. Até lhe tinha contado uma vez que pensava que estava apaixonada pelo irmão mais velho dela. Então Hunter começou a levá-la para as montanhas… só os dois… mostrando-lhe todas as coisas que ele a conseguia fazer sentir que o seu irmão não. Aquele foi o ponto de viragem entre ele e Tristian… porque ele sabia que os sentimentos secretos eram retribuídos. Para seu desespero, acabou por, apenas, convencer Angel que estava apaixonada por ambos.

Afastando-se, colocou o seu braço à volta do ombro dela e começou a andar com ela para fora do jardim. - Aposto que ainda nem tiveste hipótese de relaxar depois do teu voo de risco – Ele sorriu, sabendo que ela odiava tanto o helicóptero como Tristian.

- Sabes… podias ter convencido a avó a não o fazer – disse, indo contra ele. - Costumavas ser capaz de a convencer a fazer ou não fazer qualquer coisa.

- Oh nem te atrevas – Hunter sorriu. - Não me culpes pela viagem. Além disso, tenho deixado a tua avó fazer mais o que quer, ultimamente – atravessou a relva até ao campo. Ele sabia que estavam no campo de visão do quarto de Ashton, então andou um pouco mais devagar, só por maldade. Nunca ninguém o acusara de ser um santo.

És o meu herói… sabias? Angel fez com que ele parasse para poder olhar para ela. - Se não tivesses encontrado a avó quando ela teve o ataque cardíaco… - a sua voz reduziu-se a um mero sussurro. - Salvaste-lhe a vida.

Ashton enrolou a toalha à volta da sua cintura, enquanto saia da casa de banho. Era mesmo o que precisava, um longo e quente duche para começar a semana. Talvez conseguisse causar uma excelente impressão na família de Angel e reclamá-la para si. Nunca tinha trabalhado tanto para impressionar uma rapariga como a Angel.

A sua última namorada acabou por se revelar uma galdéria dissimulada a quem ele tivera de ensinar uma lição, mas Angel não. Ele conseguia perceber que ela era uma doce e jovem virgem criada em casa a quem ele tivera de dar a volta por um simples beijo. Mas isso não o tinha incomodado. Se ele quisesse sexo… havia muitas rameiras dispostas a dar-lho e irem-se embora para que ele pudesse passar tempo com Angel.

Olhando para o espelho do armário, começou a secar o cabelo com a toalha, parou, reparando em algo no reflexo. Virando-se para a janela, fez uma careta vendo Angel e Hunter tão perto um do outro que pareciam estar a contar segredos.

Ele cerrou os dentes, fazendo os músculos do seu maxilar saltar, enquanto via a sua namorada com o rapaz índio que ela chamava de melhor amigo, com tanto carinho. De algum modo, não pensou que Hunter gostasse muito dessa alcunha… nenhum homem no seu juízo perfeito, gostaria.

- Angel, a tua avó sempre foi querida para mim e para o Ray… mesmo quando não tinha razão para ser. Detesto o que lhe aconteceu – Hunter suspirou, sabendo que era mentira. Se Isabel Hart não tivesse tido o ataque cardíaco, Angel não estaria ali naquele momento. Ele encolheu-se sabendo o que tinha feito.

O xamã da sua tribo tinha-lhe ensinado tudo sobre plantas e a forma como elas podiam curar ou danificar o corpo. Ele tinha usado esse conhecimento e criado a mistura certa para causar a ligeira paragem de Isabel. Tinha sido a única coisa de que se tinha lembrado que faria Angel voltar.

- Eu não mereço nenhum louvor por a encontrar – admitiu Hunter, de consciência pesada.

Angel sorriu suavemente, sabendo que Hunter não tinha um único vestígio de prepotência no seu corpo. Querendo que ele soubesse o quanto ela estava agradecida pelo que ele fizera, colocou-se nos bicos dos pés e deu-lhe um, suave e fugaz, beijo nos lábios.

Quando ela se afastou, os seus olhares cruzaram-se por um tempo. Angel inspirou, bruscamente, sentindo os pequenos relâmpagos atingirem-na estômago abaixo e pelas pernas acima. Esta não foi a primeira vez que ele tinha causado esta reação dentro dela, mas era a primeira vez que não era suposto sentir isto por ele. Agora ela tinha um namorado… estar apaixonada por Hunter era um tabu.

Angel engoliu em seco, enquanto deu um passo atrás. – Obrigado por salvares a minha avó. Não sei o que iria fazer se a tivesse perdido.

Hunter semicerrou os olhos, sabendo que ela estava a negar o que ambos tinham acabado de sentir. Talvez não a negar, mas a ignorar definitivamente. Ele não fazia intenção de a deixar escapar… aliás, ele pretendia lembra-la de que ele não era esquecido assim tão facilmente.

Esticando-se, agarrou a mão dela e avançou para as portas da frente. – Vamos, temos de te instalar.

Ashton apertou o parapeito da janela com tanta força que ouviu a madeira estalar. Angel nunca lhe tinha dado razões para se sentir com ciúmes antes, mas não gostou nada da forma como olhou para Hunter… a forma como ela o beijara. Não gostou nem um pouco. Ele não a tinha deixado vir para casa só para a ver atirar-se a outros rapazes.

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