Moniz Barreto - Oliveira Martins - Estudo de Psychologia
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- Название:Oliveira Martins: Estudo de Psychologia
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«D. Pedro tinha a paixão da justiça: era n'elle uma mania como em seu avô o fora a guerra. Não prescindia de julgar todos os delictos. Os criminosos vinham á côrte, desde os remotos confins do reino. Quando algum chegava, manietado, e o rei comia, levantava-se pressuroso da mesa, e trocava a vianda pela tortura. Prazia-se em ajudar e dirigir os algozes; indicava os expedientes e processos para obter a confissão dos reos. Nunca abandonnava o açoute enrolado á cinta em viagem, tomava d'elle, e por suas mãos castigava o facinora que no caminho lhe traziam. Os adulteros mereciam-lhe um odio especial; jámais lhes perdoava. D. Pedro tinha um escudeiro, Affonso Madeira, luitador e travador de grandes ligeirices , a quem, embora o amasse mais que se deve aqui de dizer , o rei mandou castrar, porque peccou com Catarina Tosse: – o rapaz engrossou, e morreu depois da sua natural door . Certa mulher era infiel ao marido, que nem por isso se offendia: offendeu-se o rei, e mandou-a queimar; ao esposo desolado respondeu que lhe devia alviçaras pelo ter vingado. Havia um homem casado, com filhos, mas que antes da boda forçara a mulher. Roussou? Morra. Enforcou-o entre os choros e supplicas da esposa e dos filhos. O seu odio aos peccados da carne perseguia com furor as alcouvetas, e as feiticeiras não lhe mereciam menos cuidados.
«Quando o tomavam os ataques da furia justiceira, a gaguez fazia ainda mais terrivel a expressão da sua physionomia. A fala não lhe deixava traduzir bem as coleras, e rubro, grosso, agitando o latego, n'um delirio, mettia espanto. Os gagos, porém, tem isto de particular: tanto o defeito accrescenta ao horror da furia, como põe nas horas mansas o que quer que é de bonhomia quasi ironica. Era assim D. Pedro. Caçador tenaz, descançava do officio de juiz nas corridas do monte, seguido pelos moços com os nebris e falcões, e pelas matilhas de cães. Então, o seu rosto aplacava-se, e era benigno, bemfajezo, liberal, folgazão. Foi grande criador de fidalgos. Glotão, passava horas esquecidas á meza, onde a vianda era em grande abastança.
«Assim como a sua justiça era destituida de majestade, assim eram as suas folganças. Dir-se-ia um rustico feito rei; e acaso por isso o povo o amava tanto. Não tinha distincções, nem delicadezas no sentimento, nem no trato, sendo em tudo brutal. Se confundia em si o juiz e o algoz, as suas festas eram kermesses extravagantes e plebéias. Os instinctos aristocraticos e as fórmas da cortezia nobre, torneios, lanças e outros, não tinham n'elle um amigo. Era um democrata, um tyranno á antiga, em cujo espirito toda a brutalidade popular encarnara: por isso mesmo era adorado! Os seus castigos terriveis, passando de bocca em bocca, faziam-lhe um pedestal de força; e as suas continuas folganças populares cimentavam essa força com o amor intimo que nos merece o que tem comnosco a irmandade de gostos. O povo via-se rei na pessoa de D. Pedro.
«Quando voltava em batéis de Almada para Lisboa, a plebe lisboeta sahia a recebel-o com danças e trebelhos. Desembarcava, e ia á frente da turba, dançando ao som das longas (trombetas), como um rei David. Estas folias apaixonavam-no quasi tanto como o seu cargo de juiz. Por ellas chegava a fazer loucuras. Certas noutes, no paço, a insomnia perseguia-o: levantava-se, chamava os trombeteiros, mandava accender tochas; e eil-o pelas ruas, dançando e atroando com os berros das longas . As gentes, que dormiam, sahiam com espanto ás janellas, a ver o que era. Era o rei. Ainda bem! ainda bem! que prazer vel-o assim tão ledo! Vestiam-se todos á pressa, desciam ainda tontos de somno; e as ruas, uns momentos antes silenciosas e negras, brilhavam com as luzes e tinham o clamor da multidão em vivas, o movimento das danças universaes.»
Não só as ruas, mas tambem estas paginas. Como para o seu mestre Michelet, a historia é para elle uma resurreição, e como no seu mestre Michelet o poder de evocação é acompanhado n'elle pelo dom da comprehensão. N'este mesmo retrato que analysei, se os pormenores e anecdotas que fazem ver os objectos abundam, não escasseiam os juizos geraes que os fazem perceber . Assim depois de ter pintado o velho rei em corpo e alma, localisa-o na sua epocha e no seu meio, e indica as causas da sua força, que são os motivos da sua influencia. Poder-se-iam definir as suas narrações e descripções, como uma serie de allucinações com integridade da razão.
«D. Pedro é a viva imagem da Edade-média, politica e domestica. Todos os vicios e todas as virtudes, a fereza e a ingenuidade, os odios terriveis e as amizades espontaneas, sommadas n'um caracter primitivo, onde acaso alguma lepra dos vicios civilisados antigos punha nodoas novas, formavam a pessoa d'esse rei que é verdadeiramente um symbolo: por isso o povo, vendo-se n'elle re-tratado, o adorou.»
N'este retrato, como em todos os trabalhos do Sr. Oliveira Martins, a cor e a vida abundam; o que não abunda é a proporção e a ordem. E ainda assim não transcrevi senão o que convinha. Se o fizesse na integra, ver-se-ia que o nosso auctor, na furia da inspiração improvisadora, repisa e baralha. Se ordenasse e concentrasse, o effeito seria fulminante e a critica batida recuaria até á admiração.
Mesmo assim é nos retratos que elle triumpha; vastos como quadros, ou concisos como medalhas vêem-se pendurados a todos os cantos da sua obra. Pinta-os ás dezenas, cunha-os aos centos. Na Historia da Civilização Iberica é Camões, é Colombo, é Loyola; na Historia de Portugal são Affonso Henriques, Pedro o Cru, o Condestavel, o Infante D. Henrique, Albuquerque, D. Francisco de Almeida, D. João de Castro, o Principe perfeito, D. Sebastião, o Restaurador, o Rei magnanimo, o pobre D. João VI; no Portugal Contemporaneo , Saldanha, Palmella, D. Miguel e o Telles Jordão, Mousinho, Rodrigo, Cabral, os Passos e tantos. Com dois traços ou com duzentos, o personnagem apparece sempre vivo, n'um escorço fugitivo ou n'uma longa analyse, com uma verosimilhança que garante a veracidade. E não só esta imaginação é psychologica, mas realista: ella se compraz não só na pintura das opiniões e paixões, mas tambem na representação dos pormenores corporaes e das circunstancias triviaes. Como psychologo, elle sabe que as grandes forças presentes em cada individuo, e que lhe determinam a biographia, se revelam não só no mechanismo das idéias e no jogo das tendencias, mas ainda nas pregas do vestuario e nas rugas do sorriso; como escriptor conhece que só o traço sensivel provoca a visão, e que a arte de pintar com a palavra, é a arte de evocar com a palavra. Assim elle verá a gaguez de D. Pedro, a surdez de Mousinho, a cabeça felina de D. João II; o peito constellado de Saldanha, a face quadrada de Rodrigo, o eterno charuto de Palmella; os habitos, as doenças, as idiosyncrasias mais furtivas apparecem daguerreotypadas por uma imaginação e estampadas n'uma prosa que tem a complexidade e a velocidade das operações vitaes.
Psychologica e realista, esta imaginação é completa? Um romancista como o Sr. Eça de Queiroz prima na pintura das sensações corporaes e das paixões animaes: o cio, a gula, o egoismo brutal e a intriga trivial, a cobiça e a vaidade, a bondade ingenua e a maldade machinal, quasi que exgottam o seu reportorio; a população dos seus romances é composta de personnagens medios; se uma vez n'um livro que é uma confidencia elle pintou uma alma fóra do commum, foi procedendo á maneira dos lyricos, transcrevendo as suas proprias emoções; Carmen Puebla é o proprio romancista com o vibrar pungente dos seus nervos, e os fremitos da sua furiosa e dolorosa sensibilidade; mas o auctor do Primo Bazilio nunca escreveu um romance como Louis Lambert ; para um vôo tal são precisas as azas musculosas do genio cosmopolita e androgyno de Balzac.
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