Riley sentiu algum desconforto.
Ela partiu do princípio que ele adivinhara que ela não se encontrava ali oficialmente.
“O melhor é mesmo não criar perturbação onde ela não existe,” Continuou Autrey. “Apenas faço esta observação para seu benefício. Detestaria que tivesse problemas com os seus superiores hierárquicos.”
Riley quase riu a bandeiras despregadas.
Ter problemas com os seus superiores hierárquicos era quase uma rotina para ela.
Assim como ser suspensa ou despedida e depois novamente recolocada.
Era algo que não assustava Riley nem um pouco.
“Estou a ver,” Disse ela. “Tudo para não manchar a reputação da sua escola.”
“Fico contente por concordarmos,” Disse Autrey.
Levantou-se, obviamente à espera que Riley se fosse embora.
Mas Riley ainda não estava pronta para se ir embora – ainda não.
“Obrigada pelo tempo despendido,” Disse ela. “Ir-me-ei embora assim que me fornecer o contacto das famílias das raparigas que cometeram suicídio.”
Autrey ficou a fitá-la. E Riley fitou-o sem se mexer na cadeira.
Autrey olhou para o seu relógio. “Tenho outra reunião. Tenho que ir.”
Riley sorriu.
“Também estou com alguma pressa,” Disse ela, olhando para o seu relógio. “Por isso, quanto mais cedo me fornecer essa informação, mais cedo nos poderemos despachar. Eu aguardo.”
Autrey franziu o sobrolho, depois sentou-se novamente em frente ao computador. Digitou qualquer coisa e depois a impressora começou a funcionar. Entregou uma folha com a informação solicitada a Riley.
“Lamento mas terei que efetuar uma reclamação junto dos seus superiores,” Disse ele.
Riley permaneceu imóvel. A sua curiosidade crescia.
“Reitor Autrey, acabou de mencionar que Byars já teve a sua quota-parte de suicídios. Estamos a falar de quantos?”
Autrey não respondeu. O seu rosto corou de raiva mas manteve a coz firme e controlada.
“O seu superior na UAC terá notícias minhas,” Disse ele.
“Claro,” Disse Riley com educação calculada. “Obrigada pelo seu tempo.”
Riley saiu do gabinete e do edifício da administração. Desta vez, o ar frio foi revigorante.
A ambiguidade de Autrey convenceu Riley de que esbarrara com um ninho de problemas.
E Riley prosperava perante os problemas.
Assim que Riley entrou no carro, começou a vasculhar as informações que o Reitor Autrey lhe tinha fornecido. Pormenores sobres a morte de Deanna Webber começavam a regressar à sua memória.
Claro, Lembrava-se das histórias recolhidas no telemóvel. A filha da congressista.
A congressista Hazel Webber era uma política em ascensão, casada com um proeminente advogado do Maryland. A morte da sua filha tinha estado nos jornais no último outono. Riley não prestara muita atenção à história na altura. Mais parecia bisbilhotice indecente do que verdadeiras notícias – o tipo de coisa que Riley considerava dizer apenas respeito ao foro familiar.
Agora pensava de forma diferente.
Encontrou o número de telefone do gabinete de Washington da congressista Hazel Webber. Quando ligou, uma rececionista com um tom eficiente atendeu.
“Sou a Agente Especial Riley Paige da Unidade de Análise Comportamental do FBI,” Disse Riley. “Gostaria de marcar uma reunião com a congressista Webber.”
“Posso perguntar qual o assunto?”
“Preciso de falar com ela sobre a morte da filha.”
Silêncio ocupou a linha.
Riley disse, “Lamento incomodar a congressista e a sua família por causa dessa terrível tragédia, mas é necessário compreender algumas coisas.”
Mais silêncio.
“Lamento,” Disse a rececionista lentamente. “Mas a congressista Webber não se encontra em Washington neste momento. Terá que aguardar que ela regresse do Maryland.”
“E quando é que regressará?” Perguntou Riley.
“Não sei. Terá que ligar novamente.”
A rececionista terminou a chamada sem dizer mais uma palavra.
Ela está no Maryland, Pensou Riley.
Fez uma pesquisa rápida e descobriu que Hazel Webber vivia na zona rural de Maryland. Não parecia um lugar difícil de encontrar.
Mas antes que Riley arrancasse, o telemóvel tocou.
“Fala Hazel Webber,” Disse uma voz do outro lado da linha.
Riley ficou surpreendida. A rececionista deve ter entrado de imediato em contacto com a congressista depois de desligar a chamada. Não esperava ter notícias da própria Webber tão rapidamente.
“Em que posso ajudá-la?” Perguntou Webber.
Riley explicou novamente que queria falar sobre algumas pontas soltas relativamente à morte da filha.
“Será que podia ser um pouco mais específica?” Perguntou Webber.
“Preferia sê-lo pessoalmente,” Disse Riley.
Webber não falou durante alguns momentos.
“Lamento mas é impossível,” Disse Webber. “E agradecia que nem você nem os seus superiores voltassem a incomodar a minha família. Estamos agora a começar a encarar a tragédia de forma mais serena. Tenho a certeza que compreende.”
Riley ficou impressionada com o tom frio da mulher. Não detetou o mínimo traço de dor.
“Congressista Webber, se me puder dispensar apenas um pouco do seu tempo…”
“Eu disse não.”
Webber terminou a chamada.
Riley ficou perplexa. Não fazia ideia de como interpretar a estranha e concisa conversa.
Só sabia que tinha tocado num ponto sensível.
E precisava ir para o Maryland imediatamente.
*
Fora uma agradável viagem de duas horas. Riley seguiu uma rota que incluía a Ponte de Chesapeake Bay, pagando a portagem para apreciar a travessia pela água.
Rapidamente se encontrou na zona rural do Maryland onde belas vedações de madeira circundavam pastos e vias bordejadas de árvores conduziam a casas elegantes e celeiros afastados da estrada.
Parou junto ao portão da propriedade dos Webber. Um guarda de uniforme saiu de uma cabina e abordou-a.
Riley mostrou-lhe o distintivo e apresentou-se.
“Estou aqui para falar com a congressista Webber,” Disse ela.
O guarda afastou-se e falou para um microfone. Depois dirigiu-se novamente a Riley.
“A congressista diz que deve ter havido um equívoco,” Disse ele. “Ela não está à sua espera.”
Riley sorriu tão amplamente quanto possível.
“Oh, está muito ocupada de momento? Não há problema, a minha agenda não é apertada. Espero aqui mesmo até ela ter tempo.”
O guarda olhou-a com desconfiança, tentando parecer intimidante.
“Peço desculpa mas vai ter que se retirar, minha senhora,” Disse ele.
Riley encolheu os ombros e agiu como se não o compreendesse.
“Oh, a sério, não faz mal. Não me incomoda minimamente. Posso esperar aqui mesmo.”
O guarda afastou-se e falou novamente para o microfone. Depois de fitar Riley silenciosamente durante um instante, voltou para a sua cabina e abriu o portão. Riley atravessou-o.
Conduziu por um pasto amplo e coberto de neve onde alguns cavalos trotavam livremente. Era uma cena pacífica.
Quando chegou à casa, era ainda maior do que esperava – uma mansão contemporânea. Observou outros edifícios bem conservados.
Um homem Asiático foi ter com ela à porta sem proferir uma palavra. Era praticamente tão grande como um lutador de sumo o que tornava o seu fato de mordomo formal parecer grotescamente inapropriado. Conduziu Riley por um corredor com um chão de madeira vermelha-acastanhada de aspeto dispendioso.
Por fim, foi cumprimentada por uma mulher pequena e de aspeto sombrio que sem dizer uma palavra a conduziu para um gabinete assustadoramente limpo.
“Espere aqui,” Disse a mulher.
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