"Eu fiz isto?", perguntou Ceres. Mesmo com tudo o resto que ela conseguia fazer, aquilo ainda parecia praticamente impossível.
"Fizeste", disse a sua mãe. Ceres sentia que a sua mãe estava orgulhosa de si. "Agora só temos de conseguir que o faças de olhos abertos."
Tal levou mais tempo e muito mais flores. No entanto, Ceres deu por si a desfrutar do treino. Mais do que isso, sempre que a sua mãe sorria perante o seu esforço, Ceres sentia uma explosão de amor expandindo-se em si. Mesmo quando os minutos passavam a horas, ela continuava.
"Sim", disse a sua mãe, finalmente, "está perfeito."
Era mais do que isso; era fácil. Fácil de conseguir e de sacar energia de dentro de si. Fácil de canalizá-la. Fácil de deixar para trás uma flor de pedra perfeitamente preservada. Foi só quando o ímpeto de o fazer enfraqueceu que Ceres percebeu o quão cansada estava.
"Está tudo bem", disse a sua mãe, pegando-lhe na mão. "O teu poder precisa de energia e esforço. Mesmo o mais forte de nós não conseguiria fazer mais de uma só vez". Ela sorriu. "Mas o teu poder sabe quando já chega por agora. Ele irá erguer-se quando alguém te ameaçar ou quando tu o invocares. Ele irá fazer mais, também."
Ceres sentiu um lampejo de energia a partir da sua mãe, e ela conseguia ver todo o potencial do seu poder. Ela via as construções de pedra e os jardins com uma nova luz, uma vez que as coisas tinham sido construídas com esse poder, trabalhadas de uma maneira que nenhum ser humano conseguia entender. Ela sentia-se realizada, de alguma forma. Completa.
Alguma da felicidade pareceu desaparecer da expressão da sua mãe. Ceres ouvia-a suspirar.
"O que foi?", perguntou Ceres.
"Eu só queria que tivéssemos mais tempo juntas", disse Lycine. "Eu gostaria de levar-te pelas torres aqui e contar-te a história do meu povo. Gostaria muito de ouvir tudo sobre esse Thanos que tu tanto amavas, e mostrar-te os jardins onde o sol nunca tocou as árvores."
"Então fá-lo", disse Ceres. Ela sentia-se como se pudesse ficar ali para sempre. "Mostra-me tudo. Fala-me sobre o passado. Fala-me sobre o meu pai e o que aconteceu quando eu nasci."
Porém, a sua mãe abanou a cabeça.
"Isso é uma coisa para a qual ainda não estás pronta. Quanto ao tempo, eu disse-te antes que o destino pode ser uma prisão, querida, e tu tens um destino maior do que a maioria."
"Eu vi instantes dele", admitiu Ceres, pensando nos sonhos que tinha tido consecutivamente no barco".
"Então tu sabes porque é que nós não podemos ficar aqui e ser uma família, independentemente do quanto qualquer uma de nós o deseje", disse a mãe. "Embora talvez o futuro reserve tempo para isso. Para isso e para muito mais."
"Primeiro, porém, eu tenho de voltar, não é?", perguntou Ceres.
A sua mãe concordou.
"Sim, tens", disse ela. "Tu tens de regressar, Ceres. Regressa e liberta Delos do Império, como tu sempre quiseste fazer."
Era difícil para Stephania acreditar que já tinha casado com Thanos há seis semanas. No entanto, com a festa da Lua de Sangue ali, era esse o tempo que já tinha passado. Seis semanas de felicidade, todas tão maravilhosas quanto ela poderia ter desejado.
"Estás fantástico", disse ela, olhando para Thanos, enquanto estavam nas salas que eles agora compartilhavam no castelo. Ele estava de seda vermelha escura, com ouro vermelho e rubis. Às vezes ela mal podia acreditar que ele era dela. "O vermelho combina contigo."
"Faz-me parecer como se eu estivesse coberto de sangue", respondeu Thanos.
"É exatamente essa a ideia já que se trata da Lua de Sangue", salientou Stephania. Ela inclinou-se para beijá-lo. Ela gostava de o poder fazer quando queria. Se houvesse mais tempo, ela poderia ter aproveitado o momento para fazer muito mais.
"Porém, pouco importa o que eu visto", disse Thanos. "Não vai estar ninguém na sala a olhar para mim quando tu estás ali ao meu lado."
Talvez outro homem conseguisse ter feito aquele elogio de uma forma mais elegante, mas havia algo na maneira sincera com que Thanos o tinha dito que significava mais para Stephania do que todos os poemas perfeitamente apreciados no mundo.
Além disso, ela tinha tido bastante trabalho a escolher o vestido mais bonito em Delos. Ele brilhava em tons de vermelho como uma chama à volta dela. Ela tinha até subornado a costureira para garantir que o original, destinado a uma nobre menor mais abaixo na cidade, se atrasasse irremediavelmente.
Stephania deu o braço a Thanos que a acompanhou em direção ao grande salão de festas, onde eles tinham tido o seu casamento. Já se tinham passado seis semanas desde que eles se tinham casado? Seis semanas de uma felicidade maior do que Stephania poderia ter imaginado, a viverem juntos em aposentos reservados para eles pela rainha, dentro do castelo. Havia até rumores de que o rei estava a planear conceder uma nova propriedade a Thanos, um pouco afastada da cidade. Durante seis semanas, tinham sido o casal mais visto na cidade, louvados onde quer que fossem. Stephania tinha gostado disso.
"Lembra-te de não esmurrar Lucious quando o vires esta noite", disse Stephania.
"Eu consegui evitar fazê-lo até agora", respondeu Thanos. "Não te preocupes."
Mas Stephania preocupava-se. Ela não queria arriscar perder Thanos agora que ela o tinha como seu marido. Ela não queria que ele fosse executado por atacar o herdeiro do trono, e não apenas pela posição em isso a iria colocar. Ela podia ter tido a intenção de adquiri-lo para marido pelo prestígio que isso traria, mas agora... agora ela estava surpreendida por descobrir que o amava.
"Príncipe Thanos e a sua esposa, Lady Stephania!", anunciou o arauto na porta. Stephania sorriu, encostando a cabeça no ombro de Thanos. Ela sempre adorava ouvir aquilo.
Ela olhou ao redor da sala. Para o seu casamento a sala tinha sido preparada em tons de branco, mas agora aquela brilhava em tons de vermelho e preto. O vinho nos copos era de um espesso vermelho sangue, as mesas do banquete tinham carne quase em sangue e todos os nobres ali vestiam as cores da lua em mutação.
Stephania caminhava de braço dado com Thanos, analisando as relações ali, mantendo-se a par das últimas intrigas mesmo quando ela simplesmente gostava de ser vista. Seria aquela Lady Christina, a escapar-se para as sombras para conversar com um príncipe mercante das Ilhas Longínquas? Estava a filha de Isolde a usar menos jóias do que o habitual?
Claro, ela viu Lucious a beber demasiado, a comer demasiado e a olhar para as mulheres. Por breves momentos, pareceu-lhe a ela que os olhos dele se viraram para os seus, sendo o olhar dele um que teria garantido uma luta se Thanos tivesse visto. Era uma pena, na verdade, que a sua tentativa de envenená-lo na festa de casamento tivesse corrido tão mal. Se Thanos não o tivesse feito ficar com tanta raiva ao ponto de ele partir o seu copo de vinho, então Lucious teria adormecido naquela noite e não teria acordado. E acabaria por ali.
Desde então, não tinha havido oportunidade de lidar com ele. As pessoas habituais a quem ela poderia ter dado emprego estavam a ser mais cautelosas agora uma vez que o que ela tinha usado para lidar com Thanos havia desaparecido, e o truque com a morte nunca era o ato em si; era sempre fazê-lo de tal forma que as pessoas não suspeitassem. Simplesmente nunca tinha havido oportunidade de chegar perto de Lucious sem que tal fosse óbvio.
"Ah, Príncipe Thanos", disse um homem com um bigode branco, aproximando-se dos dois, "Lady Stephania. Fazem um casal maravilhoso!"
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