1 ...7 8 9 11 12 13 ...17 "Pensei que sabias" Admitiu o Storm com uma expressão ligeiramente chocada. "Os necromantes são criaturas muito sexuais por uma razão... querem viver."
O Zachary fez uma careta: "E como a Myra nunca escolheu um companheiro, optou por ser a noite de sexo de todos, para se manter viva."
"Ela tentou combater essa fome no início, mas quanto mais tempo se absteve... mais fraco o seu corpo se tornava. Os necromantes sempre se alimentaram da força vital do sexo... embora a maioria deles tenha escolhido um companheiro", confirmou o Storm.
"Porque e que a Myra não escolheu apenas um amante?" O Zachary perguntou, mas a sua atenção estava no Guy, que desaparecia pelo mesmo caminho que a Tiara tinha tomado poucos minutos antes. O homem bem podia usar uma t-shirt com a palavra "Tarado” impressa na parte da frente.
"Não interessa, vejo-te mais tarde", disse o Zachary por cima do ombro enquanto se dirigia para o oceano.
O Storm sorriu secretamente... O Zachary não se sentia verdadeiramente feliz a não ser que estivesse a lutar para salvar alguém de si mesmo. Se a Tiara fosse parecida com a mãe, o Zachary teria uma dor de cabeça durante muito, muito tempo. Virou-se para voltar para dentro, mas fez uma pausa ao ver o Ren sair pelas portas duplas.
O Ren tirou o telemóvel e leu a mensagem. Ele sorriu antes de ir para o lado do castelo onde estava a enorme garagem, mas fez uma pausa quando sentiu algo a estalar debaixo dos seus pés. Olhando para baixo, Ren reparou que o, outrora belo vitral que tinha agraciado as janelas superiores do castelo, estava agora despedaçado na relva.
Franziu a testa... não podiam ter um castelo com janelas partidas. Levantou ligeiramente a mão e o vidro que tinha caído durante o voo de Kamui e Toya lentamente levantou-se da relva, juntando-se como um puzzle de mil peças. Empurrando a mão para cima, Ren observou, enquanto o vidro brilhante subia pelo ar, deslizando de volta para o seu lugar no terceiro andar.
Seguindo o Ren, o Storm levantou uma sobrancelha quando viu um reboque a sair da garagem e perguntou-se se o condutor tinha visto o espetáculo do céu há alguns minutos. Sorriu quando viu que era o Hunter no lugar do motorista e levantou a mão quando Hunter acenou.
Entrando na garagem, o sorriso do Storm alargou-se. O Ren andava à volta do carro do Trevor a olhar para ele com um olho crítico. Também tomou nota da placa de circuito de alta tecnologia que o Ren tinha na mão.
Ren olhou para o Storm a aproximar-se e notou o sorriso, antes de voltar a atenção para o carro.
"Porque é que estás a sorrir?" perguntou o Ren.
"Às vezes é bom não ser capaz de ver o futuro", disse o Storm com sinceridade.
"E o que é que isso quer dizer?" o Ren interrogou.
"Significa que, pelo menos por enquanto... Estou a andar na minha própria linha do tempo", declarou o Storm.
O Ren acenou, decidindo que nem ia tentar processar o teaser cerebral e continuou a passar a mão pela borda do carro como se o sentisse.
"O que planeias fazer com isso?" O Storm acenou com a cabeça em direção ao computador.
"Vou atualizar o carro do Trevor", respondeu o Ren.
O Storm encostou-se contra um dos outros carros, “Estou confuso, porque é que estás a atualizar o carro do Trevor?"
"Porque estou entediado", encolheu os ombros, mas o olhar dele dizia que estava a gostar daquilo. "E porque preciso dum escape para este poder antes de me afogar nele."
"Não quero perder isto!", riu-se o Storm.
O Ren sorriu, enquanto colocava a placa de circuito no para-brisas e deu um passo atrás, ficando de frente para o carro. Levantou as palmas das mãos em direção ao carro e respirou fundo. De repente, os faróis piscaram e fios despidos serpentearam por debaixo do capô arruinado, prendendo-se à placa de circuito e puxando-a para dentro.
O chassis começou a ranger e a gemer, remodelando-se a si próprio e uma cor nova começou a aparecer em pequenas manchas. Amolgadelas endireitaram-se, enquanto o chassis se alinhava. Os pneus repararam-se e encheram-se de ar enquanto as jantes começaram a mover-se. O capô abriu-se e o Storm viu o motor a reconstruir-se... o óleo velho desaparecendo lentamente e a cor cromada original retornando ao seu lugar.
As manchas de cor iam crescendo e logo um lindo preto lustroso cobria o chassis todo. As janelas escureceram, tornando quase impossível ver o interior e o Storm assobiava suavemente enquanto andava à volta do carro. Tinha a mesma aparência de um Mustang clássico. O Storm não pode deixar de sorrir quando viu o nome do Ren numa pequena insígnia cromada na traseira, em vez de um conhecido fabricante de automóveis.
"Pelo menos não és egoísta", riu-se o Storm.
O Ren finalmente baixou as mãos e sorriu orgulhosamente para o carro novo e melhorado. “Apresento-te… a Evey.”
O Storm olhou para o Ren e arqueou uma sobrancelha. "Evey?"
O Ren encolheu os ombros: "O Stephen King tem a Christine, acho que posso ter a Evey. Além disso, é a coisa mais próxima de “Envy” que consegui, sem que seja o nome dela."
O Storm não conseguia parar de se rir: "És tão mau."
"Gosto de pensar que sim", disse uma voz feminina sexy.
O Storm olhou para o carro. "Ela fala?"
"Claro que falo" a Evey disse e a porta do carro abriu-se lentamente. "Quer conduzir-me?"
O Storm sacudiu a cabeça, confiando apenas no seu próprio modo de transporte, "Desculpa, por mais bonita que sejas... Receio não poder fazer isso."
A Evey suspirou: "Muito bem, mas um dia há-de viajar no meu banco de trás."
O Storm olhou para o Ren: "Ela é muito... coquete.”
O Ren enfiou as mãos nos bolsos, "Carros falantes são sempre sexy."
“Obrigada, Ren", ronronou a Evey.
"O que a torna perfeita", continuou o Ren, "é que a voz da Evey é uma réplica exata da Envy."
O Storm apertou os lábios, tentando parar o riso e acenou vigorosamente. O Ren não mostrava muitas vezes este lado da sua personalidade, mas quando o fazia, fazia com que valesse a pena a espera.
"Evey", chamou o Ren.
"Sim Ren", respondeu a Evey.
"Tu pertences ao Trevor, ele é o teu dono."
A Evey cantarolou: "O Trevor cuidou sempre bem de mim... agora vou eu cuidar dele.”
O Storm abriu a boca para dizer algo... qualquer coisa, mas as lagrimas escorriam-lhe dos olhos e as bochechas doíam-lhe como o diabo. Ele andou rapidamente para a porta mais próxima, que por acaso era a entrada do armário de casacos, antes de se começar a rir novamente.
"Está tudo bem, Storm?", ouviu a Evey a perguntar através da porta fechada.
"Estou bem", conseguiu dizer o Storm. "Saio daqui a pouco."
Os lábios do Ren contraíram-se, enquanto ele e a Evey esperavam que o chefe recuperasse a sanidade.
O Guy seguiu a Tiara pelos degraus esculpidos no penhasco numa combinação de mãos humanas e forças naturais. Seguiu silenciosamente o seu alvo até à praia privada.
A silhueta da Tiara ficou visível na areia e ele fez uma pausa no último degrau, por tempo suficiente para olhar para baixo, para a sua silhueta ágil. Quando os pés dele finalmente tocaram na areia, o Guy parou a admirar a imagem que ela criava. Com o seu longo cabelo branco e um bronzeado dourado... parecia uma bela ninfa aquática que tinha chegado à terra para tentar os homens.
A Tiara estava à beira da água, deixando as ondas molharem-lhe as sandálias. Mesmo que a escuridão fria a chamasse, ela adorava a sensação do sol quente na sua pele. Olhando para o oceano, ela podia sentir as vidas que a água tinha levado ao longo dos milénios e nunca tinha restituído.
A maioria dos humanos que morriam passava para a outra dimensão..., mas havia sempre aqueles que recusaram a chamada. Ela inclinou a cabeça para o lado a pensar se aqueles fantasmas nadavam com os peixes e estavam felizes.
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