A região de Mimoso era mesmo linda .Porém,eles tinham consciência de que o mundo não se restringia só ali e as aventuras lhe davam as condições de conhecer os mais variados lugares do imenso país que habitavam.E isto era muito bom.A cada nova experiência,aumentava a sua sede de conhecimento e ampliava sua cultura que também era influenciada por cada pessoa que encontravam no caminho.Em frente sempre,pela literatura e pelo prazer!Era um dos lemas da equipe.
Com este pensamento em mente,concluem o trajeto de aproximadamente um quilômetro sem maiores problemas ou surpresas.Chegam na beira da pista e iriam pegar a primeira autolotação rumo á rodoviária da cidade vizinha,Arcoverde.De lá,pegariam um ônibus para o destino final,Cabrobó.Enquanto esperam, aproveitam o tempo para escutar a boa e animada música brasileira no radinho de pilha que Renato não esquecera de levar.A música ajuda no relaxamento de todos.
Uma hora depois,finalmente uma autolotação passa:Uma besta cor de prata,larga e espaçosa.Os três adentram na mesma e por sorte tem vagas para todos ficarem sentados,ficam um ao lado do outro.No trajeto curto,aproveitam para serem simpáticos,conhecem novas pessoas e mantêm um bom bate papo envolvendo motorista e demais passageiros.Com isto,o tempo parece passar bem rápido.
Quando menos esperam,já chegam na cidade.Como a rodoviária ficava bem distante do centro (Bairro São Cristovão) tem que esperar a entrega dos passageiros em cada um dos pontos até chegar a vez deles.No momento em que isto se concretiza,se despedem,pagam a passagem e agradecem ao condutor.Agora se iniciava a segunda parte da viagem,bem mais longa e estressante.
Philliphe e o vidente vão se informar sobre os horários dos ônibus para Cabrobó enquanto Renato espera sentando nos bancos.O atendente informa aos dois que o próximo sai em duas horas.No reencontro com Renato,decidem conjuntamente sair um pouco,procurar um restaurante e fazer um lanche reforçado.
E assim fazem.Saem da rodoviária,atravessam a avenida principal e pedindo orientação a algumas pessoas chegam a um restaurante chamado pôr-do-sol localizado a uma quadra a esquerda dali.Ao adentrar no estabelecimento,são direcionados a uma mesa com cadeiras que ainda estava vazia e é fornecido um cardápio para que pudessem avaliar o que pedir.
Ficam cerca de quinze minutos neste exercício e acabam,por maioria dos votos,escolhendo macaxeira cozida com charque.Chamam o garçom,repassam o pedido e enquanto esperam a conversa se inicia.
—Muito ansioso com a sua primeira viagem de aventuras,seu Philliphe?(indaga o vidente)
—Muito mesmo.Sabe,em minha vida inteira nunca aconteceu coisa igual e depois que li o seu livro sonhava com este momento.(Philliphe)
—Eu entendo perfeitamente.Na minha primeira vez,também me senti assim.(constatou Renato)
—A primeira vez sempre é especial,a melhor de todas.Depois,fica-se viciado como eu.Não consigo viver parado,tanto nas esferas espiritual e corporal.(O vidente)
—Maravilha.Se pelo menos achar uma solução para o meu problema já me dou por satisfeito.Tenho que entender que já tenho certa idade.(observou Philliphe)
—E você se considera velho?Qual a sua idade?(O vidente)
—Em torno de quarenta mas sofri tanto na vida que pareço ter cinquenta.(Philliphe)
—Muito jovem.Com os avanços da medicina,está praticamente na metade da vida.(vidente)
—Além do que a idade é algo que está em nossas cabeças.Por exemplo,tenho quinze anos de idade real e uns trinta anos de idade mental.(explicou Renato)
—Brilhante,companheiro!Está vendo,Philliphe?Não se preocupe com isso.(vidente)
—Obrigado pela força dos dois.Aliviou um pouco a minha dor.(Philliphe)
“Philliphe se emociona por ter encontrado dois personagens tão legais e distintos” . "Tinha tido muita sorte mesmo”.Quantos milhões não sonhavam em estar frente a frente com o vidente super poderoso dos livros e que polemicamente se declarava “O filho de Deus”?E quantos outros não queriam estar junto de Renato,símbolo de superação,que fora fundamental em todas as aventuras da série?Além de ter tido conhecido a miraculosa guardiã?Ainda bem que arriscara,procurara seu destino no momento certo e que os dois compraram sua causa.
Lágrimas continuam a rolar do seu rosto,o vidente e Renato se preocupam,o confortando com um abraço.Juntos os três se tranqüilizam.Alguns instantes depois,finalmente o rango fica pronto e delicadamente é servido nos pratos de cada um.
Começa uma pausa para o lanche reforçado e todos educadamente começam a alimentar-se em silêncio.Neste ínterim,pessoas saem e entram no restaurante,uma música ao fundo começa a ser tocada o que toca ainda mais os corações sensíveis dos três incitando a comunicação novamente.
—Gosta de Música popular Brasileira (MPB),filho de Deus?(pergunta Philliphe)
—Gosto.Tenho um gosto eclético para música:gosto de música que tenha letra,qualidade e toque ao fundo do coração.Especificamente,amo música internacional com seus principais expoentes (apesar de não entender),sertanejo,pop,rock,funk,romântico,country,axé,etc.(O vidente)
—E você Renato?(Philliphe)
—Gosto de música sem vergonha.kkkkk.(em risos,Renato)
—Como assim,kkkk?(em ataque de risos,Philliphe)
—Letras com duplo sentido,palavrões e ousadas.Mexem muito com a minha imaginação!(Renato)
—Tem vergonha,Renato!Vai rezar que é melhor.(vidente)
—Não me provoque.Você pode ser o filho de Deus mas ainda não é santo.Não me force a falar.(diz Renato,irado)
—Chantagista,kkkk.Paz,Renato!(vidente)
—Vocês dois são umas figuras,hein?Realmente na música há gosto para tudo e todos os estilos tem que ser respeitados.Eu,particularmente,sou dos antigos e gosto mais do meu forrozinho pé de serra como todo bom sertanejo.Quando estava com minha falecida amada Angélica,curtimos vários momentos felizes junto ouvindo este tipo de música.Sabem,é muito mágico,inexplicável.(Philliphe)
—Eu entendo.Amo também a música e ela me desperta também muitos sentimentos distintos.Na verdade,escuto música a todo o momento pois me faz muito bem.(o vidente)
—Como esta que está tocando agora?(Philliphe)
—Sim,um grande amor impossível.(O vidente)
—Não é bom,companheiro.Já falamos sobre isso.Siga sua vida.(Renato)
—è inevitável,Renato.Há alguém que controle o ímpeto do coração?(o vidente)
—Não o recrimine,Renato.Você não tem idade para isso mas um dia vai compreender.Precisamos é apoiá—lo.Conte comigo sempre,amigo.(Philliphe)
O vidente é mais um que se emociona.Para de comer,chora até a música se extinguir.Os colegas o abraçam e ele finalmente se restabelece rapidamente.Terminam de comer,chamam o garçom novamente e desta feita pedem algo para beber:Cerveja para Philliphe,refrigerante para Renato e um suco de goiaba para o vidente.
Ficam a observar o movimento do estabelecimento.Cinco minutos depois,já são servidas as bebidas e então o silêncio se quebra mais uma vez.
—Bem,Philliphe,fale-nos um pouco mais de você.Como é geralmente sua rotina,o seu dia a dia?(O vidente)
—Atualmente minha vida se resume a trabalho que envolve o setor público,o meu sítio e minha casa.Estou assim desde que perdi o que era mais importante na minha vida,meus filhos e minha mulher.E a de vocês?(Philliphe)
—A minha vida é agitada.Trabalho também no setor público,seis horas por dia,e ao chegar em casa estudo para concursos e realizo o meu mister de escritor.Considero-me caseiro e quando saio a passeio,geralmente nos fins de semana,prefiro fazê-lo acompanhado.(o vidente)
—Minhas atividades giram em torno dos estudos e ajudar a minha mãe em casa.Gosto de sair com amigos nos fins de semana e paquerar.(Renato)
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