Esta aula foi montada de forma completamente diferente de todas as outras. Havia mesas e cadeiras como num refeitório, em vez de secretárias.
"Não havia lugares marcados." Tasuki sacudiu as sobrancelhas e rapidamente as conduziu para uma mesa no fundo da sala. Todo o lado direito da sala era composto por tudo o que eles precisavam para cozinhar, incluindo cinco fogões. Kyoko rapidamente olhou em volta contando cinco mesas e assumiu que cada mesa estaria cozinhando junta.
Dois outros rapazes juntaram-se à mesa e Tasuki a apresentou a Yohji, que parecia um atleta americano de todas as idades. Quando ele perguntou o nome do outro tipo, Kyoko percebeu que ele deve ser um dos novos alunos. Novamente ela sentiu-se atraída a ele por algum ímã invisível que só funcionava em novos alunos.
"Olá", ela sussurrou enquanto ele sorria e acenava com a cabeça. Ele era tão marcante quanto os outros dois novos rapazes que ela tinha conhecido esta manhã. O cabelo dele era fantástico... era escuro e claro ao mesmo tempo, com madeixas ametistas por todo o lado. Tinha o comprimento dos ombros mas indomável, como se estivesse numa tempestade de vento e os seus olhos... não eram de uma cor... eram de todas as cores, e ela podia jurar que brilhavam com uma luz não natural.
Ele parecia estar a olhar para ela com tanta força como ela estava a olhar para ele. Quando o olhar deles se encontrou, Kamui deu um sorriso que teria conquistado o próprio diabo.
"Vocês os dois podiam arranjar um quarto, por favor?" Yohji reclamou, fazendo a Tasuki rosnar e Kamui rir.
"Só se pudermos trancar-te nele", Kamui sorriu para o Yohji quando ele ficou rijo. Ele tentou não se rir em voz alta quando lhe ocorreu que o atleta era claustrofóbico. "Eu só estava a escolher a pessoa para quem estava a cozinhar. O que é que se passa? Ciúmes? Queres que eu cozinhe para ti em vez disso?"
Yohji deu de ombros ao decidir ir com ele, "Só se isso te fizer feliz, querida."
Tasuki sentou-se de novo na cadeira dele a ver o novo rapaz a olhar para a Kyoko. Eles estavam errados. Não era o Yohji que estava a sentir as agulhas dos ciúmes. Talvez estivesse na hora de conhecer a competição. Ele olhou para o sorriso feliz na cara da Kyoko e decidiu que era melhor arranjar um plano.
"Hoje vamos fazer doces de Halloween do início", anunciou a professora enquanto distribuía as receitas.
"E agora vamos comer as cabeças dos monstros!" Kamui acrescentou como se tivesse acabado de ganhar a lotaria. Quando Kyoko começou a rir-se com ele, Kamui sentiu o calor do seu sangue e viu-se a lutar pela necessidade de a alcançar. Ele silenciosamente questionou-se se os seus irmãos estavam a lutar contra essa mesma ânsia.
Cada um deles escolheu um cortador de biscoitos diferente em forma de Halloween e fez dez biscoitos cada um, colocando-os numa bandeja de tamanho exagerado. Quando terminaram, era Kamui que estava lá para tirar a bandeja do forno. Vendo que os biscoitos em forma de abóbora da Kyoko estavam muito deformados, ele sussurrou uma palavra rápida numa língua esquecida enquanto tirava a bandeja do forno.
"Como é que isso aconteceu?" Kyoko perguntou com admiração enquanto trazia a bandeja para a mesa. Os biscoitos dela eram perfeitos e os rapazes pareciam crianças de cinco anos.
"E é por isso que a maioria dos rapazes têm aulas", Kamui sorriu enquanto dava uma dentada no biscoito da Kyoko e depois piscou quando ouviu um rosnado fraco vindo da Tasuki. Olhando melhor para o tipo que se tinha nomeado guarda-costas da Kyoko para o dia, Kamui inclinou a cabeça para a sensação de presságio.
Capítulo 4 "Bad Boys and Romeo"
O almoço foi o próximo e quando Tasuki entrou na fila da cantina, Kyoko olhou para fora das grandes janelas de vidro e começou a comer na área externa. Vendo mesas espalhadas por toda parte no cimento, ela olhou para além delas e reparou num par de mesas de piquenique debaixo de lindas árvores de sombra.
Precisando de alguns minutos de consolo para se acalmar de toda a excitação da manhã, ela escolheu a maior árvore e sentou-se na base dela, virada para longe da escola.
Hyakuhei encostou-se à árvore ao lado de Kyoko, embora soubesse que era um ponto discutível para o fazer. Os seus olhos estavam escuros, sem qualquer emoção e os seus lábios não lhe mostravam o estado de espírito. Ele já estava cansado de ser invisível para ela, mas ele sabia que tinha que esperar o seu tempo. Como ele poderia consolar alguém que nem sabia que ele estava lá?
Ao chegar à mochila, Kyoko puxou o pequeno e macio refrigerador que ela recheou de uvas e relaxou contra a casca lisa da árvore. Ao ouvir uma mota por perto, ela olhou para cima. Um rapaz de tons escuros, vestido de preto, com longos cabelos em camadas, lentamente, junto ao passeio.
Ela não conseguia ver os olhos dele, mas conseguia perceber que ele estava a olhar directamente para ela.
Ela não conseguia decidir se era por não ter estado perto do sexo oposto, ou se era simplesmente o facto de esta escola estar cheia de gajos que se iriam formar apenas para se tornarem super modelos. Ela podia apenas imaginar o rapaz da mota na capa de um filme sobre rapazes sexy e maus. Ela comeu algumas das suas uvas e fechou os olhos para tentar bloquear o site delicioso. As hormonas dela já tinham tido uma lambidela hoje e ela estava a começar a sentir-se dobrada.
Não foi como se nada disso realmente a chocasse porque no colégio interno ela tinha conseguido escapar com uma coisa... ler. Quando as outras raparigas iam à biblioteca pública, ela dava sempre à apaixonada por estrelas de rock uma lista de livros para ela. Ela pegava então na capa de um livro de Shakespeare e embrulhava-o à volta do livro que estava a ler para que ninguém conhecesse o seu prazer culpado... Livros românticos de todos os tipos.
Ela tinha começado com romances históricos onde o índio raptaria a rapariga branca e a levaria para a tenda dele, mantendo-a lá até ela se apaixonar por ele. Depois ela tinha-se ramificado para o romance paranormal... os vampiros também eram conhecidos por raptar a rapariga e mantê-la lá até ela se apaixonar por ele. Aqueles livros se inclinavam mais para o erotismo e ela os culpava por causa dos seus hormônios estarem fora do controlo agora.
Durante o último ano, ela tinha lido todo tipo de romance paranormal em que conseguia deitar as mãos e quanto mais escuro melhor. A Kyoko tirou a franja dos olhos dela sabendo que a sua inocência tinha desaparecido... nem que fosse mentalmente.
A ouvir a campainha da escola, ela agarrou-se, percebendo que nem sequer tinha comido mais de três uvas. Enfiando o recipiente de volta no saco do livro, ela assustou-se ao encontrar uma mão que a ajudava a levantar.
Tasuki ajoelhou-se à frente dela enquanto lhe pegava na mão. "Estás pronta?" ele sorriu lentamente quando reparou que ela tinha o mesmo olhar na cara dela que tinha com os tipos novos.
Talvez ele não tivesse perdido afinal de contas.
Kyoko devolveu o seu sorriso, "Leva-me até Shakespeare."
"Como é que sabias?" O Tasuki parecia confuso.
"Porque não consegui ter a sorte de pensar que a aula de literatura mundial nos permitiria ler uma série de vampiros." Ela riu-se quando ele picava uma sobrancelha escura. Quando entraram na aula, Tasuki apontou para a mesa vazia na parte de trás, depois foi ver se o professor tinha uma cópia extra de Romeu e Julieta.
Kyoko já estava sentada e a tirar o caderno quando a cadeira ao lado dela se arrastou pelo chão. Ela olhou para cima e o seu hálito ficou preso na garganta dela. O tipo que ela tinha visto a observá-la das costas da moto durante o almoço estava a atirar o casaco de couro para o outro lado da cadeira.
Tasuki virou-se para o professor com a cópia de Romeu e Julieta na mão quando percebeu que Kyoko não estava mais sozinha. "Eu simplesmente não posso ganhar, posso?" ele perguntou ao ar à sua frente enquanto apertava o seu punho no livro indefeso.
Читать дальше